Capítulo 208

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Lágrimas borram minha visão e escorrem pelas minhas bochechas. Meus ombros começam a tremer. Eu sinto meus poderes se agitando furiosamente dentro de mim.

Eu preciso extravasar, me deixar levar. Deixo a energia fluir por minhas veias, procurando uma saída para minha raiva.

Incapaz de me conter por mais tempo, começo a rir, um riso amargo pontuado por soluços. Algo dentro de mim cede quando eu alcanço meu ponto de ruptura.

Então minha magia sai de dentro de mim, como um poderosa onda de choque. As árvores mais próximas não são páreo para isso, seus troncos quebram no impacto.

Minha força de vontade é suficiente para desafiar as leis da gravidade: Pedaços de madeira e pedras flutuam no ar, girando em torno de mim.

As palavras da Cassandre ecoam incessantemente em minha mente. Estou a segundos da enxaqueca do século!

A mulher não tem tato: Ela é muito pragmática. E quanto mais ela tenta me forçar para a transformação mais eu vou resistir.

Tenho plena consciência do perigo que o Viktor representa, mas isso não justifica que ela me obrigue a me tornar outra pessoa.

Como que ecoando o tumulto dentro de mim, os objetivos flutuantes batem violentamente contra os troncos das árvores. Ainda não satisfeita, repito o processo várias vezes.

Minha raiva transborda, alimentada por um sentimento de ressentimento. Eu jogo tudo pelos ares ao meu redor, sem restrição ou moderação.

Uma sensação estranha toma conta de mim, uma espécie de medo incontrolável semelhante à claustrofobia. Meu pulso lateja nas minhas têmporas, minhas entranhas estão rígidas.

- Minha vida foi roubada. Sou apenas um peão em um jogo cujas regras cruéis eu nem entendo! - Eu digo

Eu continuo gritando. Qualquer um passando por essa floresta amaldiçoada pensaria que eu sou uma louca. Eu não dou a mínima, e não tem ninguém por perto de qualquer maneira.

Esta situação é exasperante: Eu me sinto como uma garotinha estúpida e malcriada. Quando tudo que eu quero é uma vida normal.

Por mais agradável que seja a raiva, é um estado temporário que não é realmente construtivo. Eu preciso me centrar novamente, acalmar minhas emoções.

Sinto meu poder diminuir lentamente, como a mará recuando. A tensão gradualmente se dissipa do meu corpo, meus nervos e minha mente.

Mas apesar dos meus esforços, meu medo e ressentimento permanecem, como brasas brilhando sob as cinzas. Meu coração me diz que isso não pode continuar.

- Star... Se você estivesse aqui para me guiar. - Eu digo

Eu caio de joelhos no chão e enterro meu rosto em minhas mãos. Eu nunca me senti tão perdida na minha vida.

Estou cansada de deixar os outros ditarem como devo agir: primeiro o Nicolae e agora a Cassandre.

- Sem falar no Viktor... Afinal, é a ganância dele que pode virar minha vida de cabeça para baixo. - Eu digo

Eu odeio o Viktor! Ele é o mal encarnado e acha que todo mundo está abaixo dele. Um ser egoísta e desavergonhado que deixa os outros sofrerem.

Eu levanto minha cabeça novamente, enxugando furiosamente minhas lágrimas, e olho para um ponto no céu.

- Aguarde Original! Mesmo que eu escolha ficar como humana, serei forte o suficiente para chutar o seu traseiro! - Eu digo

Eu lentamente me levanto, limpo os joelhos cobertos de sujeita e fico em pé. Soltando um suspiro.

Recuperei um pouco de calma, embora ainda esteja instável.

Se eu voltar para a vila agora, tenho medo de não conseguir me controlar.

A Cassandre Osborne certamente está esperando pela segunda rodada comigo, e neste estado eu provavelmente vou explodir em segundos.

Temo que a velha, apesar de bem intencionada, esteja apenas acrescentando combustível ao fogo.

Primeiro, vou tentar recuperar controle sobre os meus poderes. O jeito que eu acabei de usá-los foi caótico e muito emocional.

Eu não quero parar por aqui. Eu tenho um potencial para fazer melhor! Com alguma força de vontade, tenho certeza de que posso dominar minha telecinese.

Eu estico minhas mãos a minha frente, palmas para cima. Fecha meus olhos e me concentro nas brasas que sinto adormecida dentro de mim.

Meus poderes crepitam como uma velha frigideira. Então imagino uma leve brisa soprando suavemente sobre elas. Um calor baixo gradualmente toma conta de mim.

O próximo passo é externalizar meu poder. Eu não devo deixar fluir muito rapidamente. Eu devo manter o controle a todo custo.

Eu abro meus olhos e me concentro em um pedro na minha frente. Eu visualizo seu peso, sua consistência. A pedra lentamente começa a flutuar.

Eu sinto que meu poder é muito instável para me divertir e me desafiar. Além disso, eu não estou com vontade de brincar de qualquer maneira.

Desde o acidente que causei na cidade usando meus poderes, sei que o menor e inocente ato mágico pode ter consequências catastróficas.

Eu suspiro e mantenho um controle cuidadoso sobre a pedra. Eu fui capaz de superar minha raiva. Eu acho que isso é uma vitória em si.

O estalo agudo de um galho me distrai por um instante, tempo suficiente para que meu poder se espalhe.

As pedras e galhos próximos começam a flutuar. Eu tento bloquear o fluxo, mas é tarde demais. Tudo começa a girar mais e mais rápido.

- Pare! Pare com isso! Eu quero que pare! - Eu digo

O fenômeno acelera e se transforma em uma espécie de tornado.

- Isso é loucura! Eu nunca quis isso! - Eu digo

Eu caio de joelhos e tento me reconectar com o meu poder. Uma onda de medo recai sobre mim. Eu quero fugir, mas me sinto paralisada.

- Eu não posso... - Eu digo

Eu acho que quando uma situação te domina completamente e pode se tronar perigosa, você tem que pedir ajuda.

- Socorro! Socorro! Eles estão fora de controle! Eu não sei como pará-los! - Eu digo

Minha voz está um pouco rouca depois de gritar minha raiva. Receio que a Sarah e a Cassandre não possam me ouvir de tão longe.

Eu suspiro.A bola está no meu campo e eu sou a capitã do meu próprio navio. Eu preciso recobrar o controle e parar de choramingar.

Os galhos e pedras ganham velocidade, girando mais e mais rápido. Elas mal evitam me bater.

Eu coloco minhas mãos no chão e me concentro na origem do meu poder. Eu devo cortar a fonte se eu quiser parar essa bagunça.

- O que você está aprontando? - ???

Assim que ouço essa voz familiar, tudo o que estava flutuando no ar cai abruptamente de volta ao chão. Surpresa parece ter apaziguado o meu poder.


Is It Love - Drogo VLM2Onde histórias criam vida. Descubra agora