Capítulo 21

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Fomos seguindo o GPS até o lugar, eu não sabia o que ia acontecer com a gente, mas eu nem estava pensando muito nisso.

- Ceci, se alguma coisa acontecer com a gente, eu te amo.

- Eu também te amo Ricardinho, pra sempre. Pra sempre nós dois.

- Pra sempre nós dois.

Aquilo parecia um tiro no meu peito, puta merda.

Eu não tinha nem forças pra sorrir milimetricamente pra ele, porque a dor que me consumia não me deixava mais raciocinar, olhei pra ele e ele entendeu, ele entendeu o quanto eu amava ele.

- Vamos?

Ele fez que sim com a cabeça e me deu a minha arma, eu era capaz de tudo pelo Ricardinho e pelo meu pai.

Coloquei a arma na minha cintura e o Ricardo segurou a dele.


Descemos do carro e puta merda, estava um breu enorme.

As portas do barraco estavam caindo aos pedaços e não foi difícil pra eu chegar ja chutar tudo, eu fui tomando a frente de tudo, estava uma escuridão tão grande, eu tava com tanto medo mas eu precisava ver o que tava acontecendo. 

Pensei "só essa que me faltava, um endereço falso" mas alguns passos a frente, vi um fecho de luz passar entre uma porta sanfonada.

Cheguei na porta e abri com uma mão, com a outra segurei minha arma

- Olha só D2, temos visita.... - Disse o mesmo cara que me bateu antes

- Papai...

- Pirralha, porque você veio?

- Eu não ia te deixar aqui.

Tentei olhar pro meu pai, ele tava todo desconfigurado de tanto apanhar, ele tava cheio de sangue, tipo cheio mesmo. Olhei pra mão dele e ela realmente tava sem um dedo, aquilo partiu meu coração.

- Vamos colocar as armas no chão? Eu nem me apresentei né? Eu sou o Davi, tio do Ricardinho...

- Como assim? - disse o Ricardinho

- Ah, eu esqueci que vocês não sabem da historinha de mentiras dos seus pais... - dizendo isso, ele deu uma coronhada no meu pai - enquanto vocês ficarem com essas armas nas mãos, ele vai apanhar. 

O Ricardinho logo colocou a arma dele no chão mas eu sabia que se eu colocasse aquela arma no chão, os 3 estaríamos mortos. 

Destravei rapidamente a arma e atirei no Davi, mas infelizmente o tiro atingiu a porta.

- Eu mandei COLOCAR A PORRA DA ARMA NO CHÃO, SUA PIRRALHA DOS INFERNO - disse isso dando um tiro no pé do meu pai

Eu coloquei a arma no chão assim que ouvi os gritos do meu pai.

- Boa garota, agora sentem no chão, vou amarrar vocês enquanto conto a historinha da família de vocês.

Eu sentei de frente pro meu pai, o Ricardo sentou do lado dele. 

- Tudo começou quando anos atrás, seu pai, Cecilia, namorava a Monique, ela era bem parecida com a sua mãe sabe? Só que bem mais esperta - disse isso prendendo as pernas do Ricardo - Um belo dia, a Monique sumiu, o Eduardo conheceu a doce Manuela e eles tiveram você. Linda a história né? - disse ainda fazendo um nó nos braços do Ricardo 

Enquanto ele contava toda essa história, meu pai me encarava e olhava a arma que estava perto dele, eu não conseguia entender direito o que ele queria, mas ele me mostrou que as mãos dele não estavam amarradas. Ele contou até 3 e chutou a arma pra mim.

- A unica coisa que seu pai esqueceu de te contar é que o Ricardo é filho da Monique e do meu irmão, que morreu aqui nesse mesmo lugar, porque a sua mãe matou eles.

Assim que peguei a arma e ouvi o que o Davi tava falando, eu não conseguia pensar direito, eu apenas sai atirando, eu nem sabia o que eu tava fazendo, um dos tiros pegou de raspão no Ricardo mas pelo menos o Davi tinha caído. Meu pai desamarrou as pernas dele e tirou a arma da minha mão e descarregou a arma no Davi.

Enquanto ele fazia isso, ajudei o Ricardinho a se desamarrar

- VAMO CECILIA, agora você vai ter que correr e muito, não olha pra trás. Me deixa aqui, vocês tem que sair daqui.

- Pai, a gente nunca vai te deixar aqui - disse o Ricardinho

Eu sorri e ajudei o Ricardinho que estava com uma bala alojada no ombro mas estava melhor que meu pai, saímos o mais rápido que conseguimos dali, coloquei o Ricardinho e meu pai dentro do carro e acelerei o máximo que pude.

- EU NÃO SEI PRA ONDE IR PAI

- Eu sei pra onde você tem que ir- disse logo falando um endereço que o Ricardo mesmo se contorcendo de dor colocou no GPS

Parecia que tudo tava bem, até eu ver um carro seguindo a gente, se o Davi tinha morrido, quem era agora? Inferno, a gente não tem um momento de paz.

Continuei correndo o máximo que eu pude, seguia a instruções do meu pai mas ele tava se babando todo de dor, ele gritava e se revirava no carro, eu tava com medo dele não resistir. 

Segui as coordenadas do meu pai até parar em uma rua sem saída, ali pensei "ferrou!"

- Ceci, agora quando eu te falar, você vai dar ré com toda a velocidade que esse carro aguentar.

- Pai, a gente vai morrer.

- CALA BOCA CECILIA, PORRA, SÓ FAZ O QUE EU TE FALAR, CACETE! - disse ele, muito irritado comigo - 1, 2, 3 AGORA!

Dei ré como se minha vida dependesse daquilo e realmente, deveria depender. Enquanto eu dava ré, o carro que nos perseguia, atirava no nosso carro sem parar, ele era blindado mas eu não achava que ele ia aguentar muito, meu pai pegou a arma que estava no chão do carro e atirou tantas vezes que eu fiquei meio zonza.

Assim que meu pai conseguiu furar um dos pneus do carro, eu continuei seguindo até o endereço que ele tinha me dado.

Era uma casa imensa, uma casa que eu nunca pensei que existia, cheia de seguranças mas parecia que papai conhecia ali e sabia o que ele tava fazendo. 

Me apaixonei pelo filho do dono do morroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora