Capitulo 1

33.3K 1.4K 145
                                    




Eu não lembro desse dia direito. Juro que não lembro. Mas minha vó me conta dele faz um tempo.

Aconteceu quando eu tinha uns 3 ou 4 anos e lasquei um beijo no meu irmão. Isso era coisa de criança, mas meus pais levaram isso a sério demais. Minha vó diz que eles reconhecem uma história de amor de longe depois de tudo o que eles tiveram que passar juntos.

Então, eu vivi grande parte da minha infância sendo vigiada pelos meus pais ou melhor, pelos empregados deles para que eu jamais ficasse tão perto do Ricardo como sempre fiquei. Até que quando eu fiz 12 anos, minha vó veio morar na Califórnia, e eu fiquei no quarto que era da minha mãe quando ela passou um tempo aqui também.

Meus pais sempre me deram carinho, sempre me amaram e amaram muito o Ricardinho, sempre falaram que tudo o que faziam era pro nosso bem e desde muito cedo minha mãe contou pra gente o trabalho errado do papai, falou que não nos queria metidos nisso e que não era pra amarmos menos o papai pelo o que ele fazia, porque da mesma forma que ela tinha aprendido lidar com isso, nós também teríamos que lidar.

Eu nunca deixei de amar o papai por isso, nem o Ricardinho. Ele tinha os motivos dele pra estar trabalhando com isso. E sempre que ele podia, ele saia do Brasil e vinha pra Califórnia me ver. Mamãe vinha a cada 15 dias, passava alguns dias comigo e voltava pro Brasil pra cuidar do Ricardinho que ficou preso lá.

Eu tive os melhores estudos que se pode ter na Califórnia e o Ricardinho estudou nas melhores escolas do Rio de Janeiro.

Mas de uma coisa eu lembro: o dia que meus pais decidiram que eu viria pra cá, eu tinha sumido com o Ricardinho, estávamos sentados na orla da praia conversando sobre a nossa vida, e voltamos pra casa só 21h porque perdemos a hora brincando com as conchinhas e meu pai simplesmente surtou com nós dois. Nós não fizemos nada demais, só conversávamos e mesmo com a minha mãe tentando tomar as rédias da situação, mesmo com ela tentando fazer meu pai calar a boca e parar de gritar com a gente, ela não conseguia. Ai eu percebi que eu estava ferrada, porque sempre que minha mãe gritava, meu pai ficava quieto, e dessa vez não foi assim.

Mas agora já fazem 5 anos que eu estou aqui, e eu preciso voltar pro Brasil.

Me apaixonei pelo filho do dono do morroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora