Capítulo 29

1K 65 34
                                    

Subi aquele moro tão rápido que eu ignorei todo os faróis e cruzamentos. 

Passei em frente de casa e vi que meu pai não estava lá e acelerei pro morro, larguei meu carro no meio da rua, com as portas abertas, não estava nem ligando e entrei no quartinho que ele costumava ficar e lá estava ele, minha mãe e o Lorenzo

— Oi pirralha, ta suave?

—  SUAVE É UMA PORRA. VOCÊ NÃO CANSA DE CONTROLAR A MINHA VIDA. 

— PARA DE GRITAR SUA MALUCA, QUE PORRA VOCÊ PENSA QUE TA FAZENDO? EU SOU SEU PAI.

— É MEU PAI MAS NÃO É O MEU DONO, QUAL DIREITO VOCÊ TEM DE INTIMIDAR AS PESSOAS PARA ME TIRAR UMA VAGA?  UMA VAGA QUE EU QUERIA MUITO! VOCÊ FOI NAQUELA MERDA DO HOSPITAL INTIMIDAR AS PESSOAS PARA NEGAREM NÉ? VOCÊ ACHA QUE EU SOU BURRA? VOCÊ ACHOU REALMENTE QUE EU NÃO IA DESCOBRIR? ALÉM DE IDIOTA VOCÊ ACHA QUE EU SOU BURRA TAMBÉM, É ISSO?

—  EU FIZ ISSO PRO SEU BEM, PORRA - Disse ele esbravejando

— Calma gente, calma Cecilia, respeito com seu pai.

— AH, AGORA A GENTE VAI FALAR DE RESPEITO? QUE RESPEITO? O RESPEITO QUE ELE NÃO TEVE COM VOCÊ A VIDA TODA? O RESPEITO QUE ELE NÃO TEVE COM O RICARDINHO? OU O RESPEITO QUE ELE NÃO TEM COMIGO? 

Eu só parei de falar quando senti um forte tapa no meu rosto que me fez cair

—  CALA A PORRA DA SUA BOCA OU..

- OU O QUE PAI? OU VOCÊ VAI ME MATAR? - dou um risinho irônico - PENSANDO BEM, É MELHOR VOCÊ FAZER ISSO DE UMA VEZ, PORQUE VOCÊ ME MATA TODO DIA QUANDO ME CALA, ME PROIBE, EU NÃO SOU A MINHA MÃE QUE VAI ABAIXAR A CABEÇA DEPOIS DE APANHAR, EU NÃO SOU ASSIM...SÓ QUE QUER SABER? EU CANSEI DESSA PORRA, EU CANSEI. ESQUECE QUE EU EXISTO, ESQUECE QUE EU SOU SUA FILHA. 

Eu levantei e fui saindo do quartinho antes dele falar qualquer coisa, eu parei na porta e olhei pro Lorenzo.

—  Você também está metido nisso, Lorenzo?

 — Amor, eu só fiz o que é melhor pra você. Tenta entender a gente. - Disse ele com lágrimas nos olhos

— Quer saber? Me esquece também, eu tô cansada de ser controlada por vocês. 

Eu saio do quartinho e vou para minha casa, ou melhor, pra casa dos meus pais e subo pro meu quarto como se fosse um foguete, pego duas mochilas e vou pegando as roupas e as coisas que são mais importantes pra mim, notebook, tudo.

Quando saio do meu quarto, vejo que meu pai está no pé da escada.

— Cecília, se você sair por essa porta, você ta ligada que você morreu pra mim né?

— Ótimo, o bom é que nem precisa gastar dinheiro com caixão. - disse irônica

— Minha filha, espera, toma esse copo de água pra você se acalmar - disse minha mãe

— Eu não sou você, se você apanha e abaixa a cabeça, se você é corna e aceita, eu não tenho nada a ver com isso. 

Minha mãe se irrita e joga a água que tinha no copo bem na minha cara e arremessa o copo de vidro na parede. 

Eu pego meu carro e saio da favela, eu não vou voltar aqui tão cedo, eu simplesmente cansei. 

Paro o meu carro no estacionamento de um shopping e fico pensando o que eu vou fazer dali pra frente. 

Sei que não preciso me preocupar com dinheiro, eu tenho na minha conta o suficiente pra me virar durante um tempo. 

Abro minha carteira e quebro todos meus cartões de credito, eu não quero meu pai me rastreando, acabou essa história. 

Me apaixonei pelo filho do dono do morroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora