15. Candielatte

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No fim de junho, Louis estacionava o carro na frente de uma construção mediana, a fachada em estilo vitoriano precisaria de algumas reformas. Ele esperou alguns minutos e logo o corretor de imóveis chegou, trazendo a planta do local e as chaves. Tomlinson era crítico e a fachada do imóvel não era das melhores, mas conseguiria deixá-la bonita e atrativa com uma mão nova de tinta e vitrines. A localização era boa, era uma esquina bem no centrinho de Londres, perto de grandes avenidas e de pontos turísticos.

Respirou fundo quando o corretor abriu o local e se arrependeu no instante seguinte, pois começou a espirrar sem parar. Era um imóvel comercial que aparentemente não via um visitante há uns cinquenta anos, o piso de madeira estava com alguns buracos e não era prudente seguir adiante, mas ele veria o resto, mesmo que caísse na tubulação. Era uma sala grande e comprida e a mente de Louis começou a trabalhar com o que poderia fazer ali.

- Há quanto tempo este imóvel está assim? - indagou, seu cenho franzido. Ele tapava seu nariz com a gravata para não sentir o cheiro de mofo ou de podridão. Haviam ratos mortos nos cantos e até mesmo filhotes de gatos, vivos, embolados à espera da mãe.

- Desde os anos 70, senhor. - o corretor falou, também tinha sido pego de surpresa com as más condições do local. - Aqui era uma loja de vestidos de gala.

- Cruzes, aqui é horrível. - resmungou. - Vou gastar uma fortuna com a reforma! Vamos ver o resto.

No fundo da grande sala, havia uma escada que levava ao andar superior e ele se atreveu a subir, quase afundando o pé no degrau de madeira. Xingou e continuou, encontrando um ambiente interessante. Tinha um corredor longo que terminava em uma sala grande, a janela dava para uma pequena sacada e tinha vista para a rua. No entanto, antes de chegar lá tinha uma porta que dava para uma sala menor que poderia ser usada como arquivo.

Ele analisou minuciosamente e pegou seu celular, fazendo anotações. Desceu junto com o corretor e abriram uma porta ao lado da escada e mais uma vez viram um corredor, com um elevador de grades ao lado e uma escada do outro. Preferiram ir pelos degraus e chegaram ao galpão no qual Louis tinha interesse, algumas telhas estavam quebradas, assim como o portão de madeira que dava acesso à um beco, por onde chegaria a matéria-prima.

Louis já pensava naquele lugar funcionando.

Viu alguns ratos correrem e coisas estranhas no chão, como camisinhas usadas, fraldas sujas, pinos de drogas, seringas velhas e muito lixo. Ele torceu o nariz diante daquilo e foi até a porta quebrada, saindo no beco. Não parecia perigoso, embora fosse estreito demais para um caminhão entrar, os funcionários certamente teriam que carregar as coisas do veículo até a fábrica ou a matéria-prima entrava pela porta da frente.

- E então, senhor? - o corretor indagou, incerto se deveria, já que o imóvel estava horrível e era quase uma afronta alguém cogitar a ideia de comprá-lo.

- Ah, é meu. - disse ao voltar para dentro do galpão. - Pode preparar a papelada, eu vou comprar essa espelunca.

O corretor o olhou como se fosse louco, não acreditando que uma pessoa em sã consciência teria coragem de adquirir um imóvel daquele, num estado deplorável.

- Tem certeza, senhor?

- Absoluta. - sorriu. - É o pior imóvel que já vi, mas foi o que eu mais gostei.

O outro franziu o cenho, tendo certeza que seu cliente era louco. Apesar de achar aquilo, não contestou, era até bom que a imobiliária se livrasse daquela coisa horrorosa e sem futuro.

- Eu vou preparar a papelada, Sr. Tomlinson. - sorriu e saiu com ele do imóvel caindo aos pedaços. - Em dois dias poderá assinar e acertar os detalhes do pagamento.

Chococandies | Larry StylinsonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora