13. Family

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Duas semanas mais tarde, Louis estava apreensivo ao olhar para os papéis em sua frente. Seus pais e tios haviam concordado em assinar os papéis de falência e todos haviam assinado, exceto ele. Engoliu em seco ao fitar as páginas já lidas e relidas, com os nomes de todos os acionistas, e apanhou a caneta preta, deixando seu nome completo no último campo em branco. Entregou a Liam, seu advogado que entregaria os documentos no fórum e esperaria o juíz finalmente decretar a falência da Chococandies.

- Lou, você poderia ter tomado outras medidas. - murmurou, entristecido. Não gostava de ver seu amigo cabisbaixo com a perda de uma de suas maiores paixões.

- Liam, a falência foi o melhor para a Chococandies. - suspirou. - Mesmo se fosse comprada por outro empresário, tenho certeza que o legado de meu avô seria deturpado. Minha família e eu concordamos com esta decisão.

- Você contou a Harry que decretou falência?

- Não. Não quero preocupá-lo. - balançou a cabeça.

Ele pensou seriamente em contar ao namorado, mas desistiu devido aos acontecimentos dos últimos dias. Com sete meses de gravidez, Harry estava cada dia mais ansioso para a chegada do bebê, com isso vinham crises de choro e indagações se seriam bons pais ou não. Contudo, Louis quase passou dessa para melhor quando seu cacheadinho o ligou no meio da madrugada informando que estava com contrações fortes.

Impossibilitado de dirigir pelas insistentes dores abdominais, esperou que Tomlinson chegasse para levá-lo ao hospital, ambos ainda de pijamas. Felizmente não eram as contrações do parto, mas sim as de Braxton Hicks, conhecidas como contrações falsas ou de treinamento. Depois daquela noite, o empresário ponderou como seria quando realmente chegasse a hora de correr com o namorado para o hospital. Certamente comeria seus dedos em ansiedade.

- Louis, você tem que dizer a ele que está pobre.

- Eu não estou pobre, Liam, estou apenas sem dinheiro. - fez uma careta. - Antes de decretar falência tive que pagar todos os direitos trabalhistas de meus funcionários, não poderia deixá-los desamparados. - passou as mãos pelos cabelos. - Vou ver o que faço com minha casa, certamente não tenho como manter uma mansão daquele porte agora que não tenho como me sustentar. Talvez eu vá morar com Harry, talvez eu consiga comprar uma casinha para mim...

- Niall avisou, Louis. - Payne murmurou e pegou um bombom sobre a mesa. - Pode não acreditar em suas visões, mas ele avisou.

- Harry me disse para dar mais atenção a isso e veja só! Quebrei a cara. - riu sem humor e se ergueu da poltrona de couro. - Para quem nasceu em berço de ouro e sempre teve tudo do bom e do melhor, vai ser difícil me acostumar à esta nova vida. - balançou a cabeça, segurando as lágrimas. - Eu queria dar um bom futuro para o meu filho, Liam, mas nem isso posso prometer no momento. Eu sou um fracasso.

- Ei, Lou, não diga isso. - deixou sua pasta sobre a mesa de vidro e abraçou o amigo. Louis não aguentou e desabou, chorando copiosamente. - Você é um bom homem, tem um coração de ouro. É inteligente, sei que vai conseguir arrumar um jeito de prosperar. Você nasceu para os negócios, tenho certeza que em alguns anos será um empresário bem sucedido novamente.

- Liam, eu acabei de assinar a falência da minha empresa, como ainda consegue ter esperança em mim? - soluçou. - Daqui dois meses eu me tornarei pai e mal tenho uma casa para oferecer ao meu bebê. Essa criança merece alguém melhor que um fodido como eu.

- Louis, eu te conheço. Sei que é um cara determinado, forte e corajoso. - afagou seus cabelos, não se importando com a umidade em seu ombro à medida que as lágrimas do amigo escorriam. - Sei que está abalado e não o julgo por chorar e ter dúvidas. Você está diante de uma realidade diferente do que está acostumado, mas eu conheço o amigo que tenho. Sabe o que mais admiro em você, Lou? Sua resiliência. Consegue se adaptar com facilidade.

- Harry vai querer terminar comigo. - resmungou e se agarrou mais a Payne.

- Se você acha que ele está ao seu lado por dinheiro, vou ter que te dar uns tapas. - ameaçou. - Ele te ama, Louis. Vocês já enfrentaram um ao outro nos tribunais, quase se mataram, mas construíram uma amizade que se tornou um romance muito bonito. E agora o fruto desse amor vai nascer. Olhe a história linda que você tem!

- Convenhamos que o bebê foi fruto de um momento de desejo irresponsável, não de um amor. - murmurou. - Tínhamos apenas um mês de namoro quando concebemos a criança, não nos amávamos.

- Esses jovens e suas manias de namorar sem saber o que realmente sentem! - Liam balançou a cabeça e riu. Conseguiu arrancar um risinho baixo do amigo.

- Duvido que já amava Zayn quando o pediu em namoro. - rebateu.

- Eu estava começando a amar, por isso pedi meu raio de sol em namoro. - disse e passou as mãos por suas costas. - De qualquer forma, independente do que sentia por Harry quando o engravidou, você vai ser pai. Aquela criança é sua e não tem como negar isso. É sua responsabilidade. Ficar se lamentando e chorando não vai adiantar nada, não vai colocar comida na mesa. E você não pode deixar que Harry arque com tudo.

- Eu não vou. - fungou e se afastou. Enxugou suas lágrimas e ajeitou seus cabelos, recuperando sua pose natural, embora seus olhos estivessem avermelhados e o nariz se assemelhasse ao focinho de uma rena. - O fórum fechará daqui a pouco, você deve ir.

- Certo. Cuide-se, Lou. - beijou sua bochecha e apanhou a pasta. Saiu do escritório do empresário e o deixou sozinho.

Louis respirou fundo e apanhou uma caixa de papelão. Colocou-a sobre a mesa e guardou todos os documentos e objetos pessoais. Pegou o retrato que deixava na mesa e sorriu. A imagem da primeira ultrassonografia de Harry, era o único modo que tinha de ver seu filho. Na época era apenas um pontinho, mas no momento tinha praticamente todos os órgãos formados. Guardou-a na caixa junto com as inúmeras pastas e partiu para os outros objetos de decoração, que deixava o escritório com sua essência.

Com tudo encaixotado, inclusive o whisky que deixava na mesinha, desceu para o estacionamento. Deixou no porta-malas do carro e fechou as grandes portas do prédio, trancando-as para que ninguém entrasse. Saiu dali com um aperto no peito, mesmo sabendo que aquela era a decisão certa. Seu avô teria feito o mesmo e Louis tinha certeza que ele estava sorrindo onde quer que estivesse.

Chegou em sua casa minutos depois. A mansão estava mergulhada em um silêncio sepulcral. Não ouvia o bater de panelas de Pierre e nem os passos contidos de Charles. Havia dispensado seus funcionários, não tinha como continuar pagando por seus serviços. Seu próximo passo seria colocar seus pertences em malas e vender a mansão Tomlinson por uma boa quantia. Valia bons milhões de libras e sua manutenção tinha valor igualmente exorbitante. Em sua atual situação, não poderia manter a casa onde nasceu e viveu até então.

Tomou um banho rápido e vestiu uma calça jeans, camiseta branca e jaqueta jeans. Não era o tipo de roupa que costumava vestir, mas precisava sair para espairecer. Dessa vez sem Harry, não queria contar o que estava havendo até não haver escapatória. Saiu de casa e pegou um táxi.

Sua mente entristecida e confusa o levou para um bar no centro da cidade. Sentou-se no balcão e pediu uma cerveja. Não viu o tempo passar, apenas percebeu que o local estava enchendo e que ele ficava a cada minuto menos sóbrio, sua visão estava turva e não conseguia ver com nitidez as pessoas que jogavam sinuca mais adiante.

Cerrou os olhos quando um homem jovem e bonito ficou ao seu lado. Ele tinha cabelos compridos e olhos claros, mas a mente bêbada de Louis só conseguia se lembrar de Harry.

Chococandies | Larry Stylinsonحيث تعيش القصص. اكتشف الآن