2. CocoLatte

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Harry havia chegado em sua casa cismado com a caixa. Deixou-a sobre a bancada da cozinha e foi tomar um banho, pensando no que aquele projeto mal feito de Willy Wonka tinha lhe dito. Continuaria com o processo, não poderia deixar que ele prejudicasse a saúde das crianças daquela maneira. Tinha que mobilizar os pais e responsáveis para não comprarem doces da Chococandies.

Saiu do banho e vestiu um pijama. Calça de malha e uma blusa de mangas longas cinza. Foi para a cozinha e esquentou a água para seu chá, aproveitando para cozinhar um pouco de frango e fazer arroz para seu jantar. Olhou novamente a caixa sobre a bancada e respirou fundo, caminhando até ela e a segurando.

Abriu-a devagar, espiando lá dentro. Afastou o papel de seda e aproximou seu nariz dali, sentindo o cheiro adocicado do chocolate misturado com um perfume masculino, que certamente estava no papel. Viu um envelope pequenino e o deixou sobre a ilha da cozinha, sorrindo pequeno ao ver os bombons em forma de dentinhos.

Riu baixinho, balançando a cabeça e pegou um de chocolate branco. A vontade de comer era grande, mas tinha medo de estar envenenado. Respirou fundo, cortando o bombom com uma faca e vendo um líquido rosado e viscoso escorrer dali. Licor.

— Esse homem vai me matar. — resmungou para si mesmo. — Só não sei se é de raiva ou de alegria. — passou o dedo no licor e o provou, sentindo o gostinho da cereja.

Lembrou-se do envelopinho e o pegou, abrindo-o. Tirou um papel de lá e desdobrou, lendo a mensagem em uma letra um tanto ilegível.

Garanto que essas amostras não estão envenenadas. Foram feitas especialmente para você, Sr. Styles. Embora a linha original não tenha, todos estes bombons possuem licor, de sabores sortidos, retirados diretamente da minha coleção.

Espero que aprecie esta iguaria e pense em nossa conversa.

Louis.

Franziu o cenho e guardou o bilhete. Ainda desconfiado, colocou metade do bombom cortado na boca, gemendo em aprovação com o sabor adocicado e levemente alcoólico. Havia ainda outro toque. O café. Céus, isso é divino.

Não resistiu à tentação e devorou os docinhos antes mesmo de jantar, logo entristecendo-se por não ter mais. Internamente, xingou o chocolateiro, amaldiçoando-o por ter lhe dado o gostinho do pecado e deixar em seu subconsciente o lembrete constante de passar em um mercado ou uma das lojas da Chococandies para comprar mais.

Droga, o CoccoLatte é o próximo lançamento, certamente não está nas lojas ou supermercados, lembrou-se e fez um biquinho irritado. Maldito Tomlinson!

Respirou fundo e fez seu prato, jantando sozinho como todos os dias. Com trinta anos, tinha uma vida melancólica e solitária. Sem namorado ou filhos, visitava sua mãe em quinze e quinze dias, às vezes ia na casa de Gemma, sua irmã, e brincava com seu sobrinho, George, mas não sem antes criticar a criação do menino de doze anos que comia mais doces que uma criança deveria comer em sua vida inteira. Em suma, Harry era o famoso tio chato. Devido a isso, George já tinha lhe avisado: colocaria o tio no asilo quando completasse setenta anos. Gemma, obviamente, condenou o comportamento do filho, mas aquilo ficou na mente do Styles mais novo. Algumas vezes, nem mesmo sua família o suportava.

E, para piorar sua noite, lembrou-se de Louis jogando em sua cara que era um adulto amargo. Como um homem que nem o conhecia poderia ter tanta certeza do que estava dizendo? Não conviveu com o dentista um dia sequer para poder julgá-lo. Será que ele era mesmo um protótipo de Willy Wonka e seu pai era um dentista como ele?

Oh, Deus, será que ele não usa fio dental?, preocupou-se com aquilo. Certamente aquele não deveriam ser seus pensamentos na hora do jantar. Nem deveria estra pensando naquele empresário sem escrúpulos. Aquele criminoso! Oferecer dinheiro para ele deixar de processá-lo? Humpf! Era muita petulância! E dar-lhe uma caixa de chocolates? Harry entendia aquela jogada suja, mas não era um homem facilmente comprado, muito menos com doces.

Chococandies | Larry StylinsonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora