7. Sometimes I Need Hugs

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Louis estava na sede da Chococandies, analisando os dados de produção em seu computador. Lembrava-se perfeitamente da festa de Liam, que aconteceu há dois dias, no sábado. Provou os lábios daquele que julgava nunca beijar e a sensação foi maravilhosa. Era a boca mais doce que havia provado em seus trinta e três anos de vida e chegava à essa conclusão devido ao desejo que sentia pelo cacheado. Nunca desejou alguém como ele e aquilo deixava o empresário maluco.

Sábado, não haviam passado dos beijos. Tomlinson levou Harry para um dos quartos, as coisas esquentaram, chegaram a ter amassos bem quentes, mas o dentista barrou suas ações. Obviamente, respeitou sua decisão e continuaram com os beijos ardentes.

Louis gemeu baixinho, franzindo o cenho ao não entender mais nada do que estava lendo. Ótimo, tinha que recomeçar a ler o relatório pela terceira vez por estar absorto em memórias libidinosas. Respirou fundo e passou as mãos pelos cabelos, bagunçando a franja castanha e mordendo o lábio rosado.

Focou em seu computador e cerrou os olhos. A Chococandies tinha fazendas no Brasil há alguns anos, que forneciam o açúcar para a produção dos doces. Recentemente ele esteve lá e comprou mais hectares para a plantação de milho a fim de extrair o xilitol. Contudo, seus químicos conseguiram o adoçante através da cana-de-açúcar, o que deixou o empresário feliz, poderia incorporar a substância aos doces ainda este ano.

Setembro começaria no dia seguinte e tinha quatro meses para alterar as fórmulas. Os fazendeiros brasileiros plantariam suas mudas de milho no mês vindouro e a colheita seria feita apenas em janeiro. A cana-de-açúcar substituiria o milho por enquanto.

Sorriu presunçoso, aquilo o faria decolar no mercado. Com o aumento do consumo saudável, ter componentes mais naturais em suas fórmulas era um importante diferencial. Sabia que seus doces nunca seriam 100% ôrgânicos, afinal aquilo seria praticamente impossível com uma produção em massa. Os custos seriam muito mais altos e as vendas destinadas à um grupo seleto de pessoas, as que tinham maior poder aquisitivo. Seu preço era algumas libras mais caro que o dos concorrentes, mas a qualidade era superior.

- Loulou, você é um gênio. - murmurou para si mesmo, sorrindo grande. - A cada dia você fica mais rico, garotão.

Ele se orgulhava disso. Com vinte e cinco anos, Mark Tomlinson, seu pai, passou a empresa para o seu nome e decidiu tirar férias eternas com a esposa, Jay, no Caribe. Desde então seus pais estavam do outro lado do Atlântico, curtindo a vida e gastando o dinheiro que Mark ganhou ao longo dos anos. Louis trabalhava muito e recebia uma quantia considerável em troca, muito maior que o que seu pai obtia quando estava em seu cargo. Ele investia, aumentando o capital da empresa e o seu próprio. Afinal, quanto maior os lucros, maior sua renda.

Ele precisava comemorar aquilo. Apanhou o celular que estava sobre a mesa de vidro e procurou o contato. Apertou e colocou na orelha, girando em sua cadeira e olhando para o pátio da fábrica.

- Consultório SmileKids, boa tarde. - uma voz feminina falou quando atendeu.

- Olá. Eu gostaria de ter uma palavrinha com o Dr. Styles. - mordeu o lábio. Sabia que deveria dar uma chance ao seu desejo e convidá-lo para algum programa a dois. O dentista não se entregaria a si sem ter confiança e ele precisava dar aquilo a ele.

- Ele está atendendo no momento. Posso deixar recado?

- Hm, faça assim: anote meu número e peça para ele me ligar, sim? - sorriu pequeno, dizendo seu telefone pausadamente.

- Qual é o seu nome, senhor?

- William. - usou seu nome do meio, pensando que talvez Harry não ligaria de volta se soubesse que era ele. O cacheado era orgulhoso demais e provavelmente estava arrependido por sábado.

- Darei o recado. - Verônica afirmou e ele agradeceu, desligando.

Suspirou, encarando o computador. Não sabia porque queria comemorar com Harry. Na verdade, sabia que não era um fato grandioso, talvez só quisesse ver o cacheado e esclarecer algumas coisas. Mordeu o lábio e se ergueu, indo até a mesinha de bebidas e se servindo de um pouco de café. Reparou na tigela de vidro repleta de bombons e sorriu, enchendo a mão e voltando para sua cadeira giratória.

Pousou a xícara do café no vidro e espalhou os docinhos por ali, comendo um por um. Obviamente, eram produzidos pela Chococandies e apreciou o sabor. Abriu uma gaveta e tirou de lá sua agenda, devidamente arrumada e preenchida pelo seu secretário. Nenhum compromisso no dia seguinte, apenas análises de relatórios. Estranhou, frequentemente tinha reuniões.

Ouviu seu celular tocar e enfiou a outra metade do bombom que comia na boca, vendo o nome de Harry na tela do iPhone. Colocou na orelha e mastigou o mais rápido que podia, não queria parecer mal-educado.

- Sr. William? - o dentista parecia confuso. - Já fomos apresentados antes?

- Oi. - Louis engoliu o chocolate, lambendo os lábios. - Sou eu, o Louis.

- Ah. Oi, Louis. Por que se identificou como William?

- Porque achei que não retornaria a ligação se soubesse que era eu. - explicou. - E William é o meu nome do meio.

- Hm. Em que posso ajudá-lo?

- Eu estava pensando... você gostaria de jantar comigo?

- Louis, eu não sei se é uma boa ideia. - suspirou.

- Por favor? Acho que algumas coisas tem que ser esclarecidas entre nós. - era verdade. Não sabia onde estava se metendo, se deveria esperar algo a mais ou se tudo não passou de um beijo sem significado.

- Quando? - indagou. Foi mais fácil que imaginei, o empresário pensou.

- Hoje à noite? Passo para te buscar no consultório.

- Hoje? Louis, não estou com uma roupa apresentável. Sei que vai querer me levar para um lugar chique demais que certamente não poderei pagar e...

- Minha casa. Pode ser na minha casa. - sugeriu. - Garanto que estaremos sozinhos.

- Hm, ok. Vejo você mais tarde.

- Quer que eu te busque?

- Não precisa, meu carro está bom, não vai parar no meio do caminho. - riu.

- Ótimo. Até daqui a pouco.

- Até. - disse e desligou.

Louis sorriu vitorioso e se levantou. Estava no fim do expediente e se permitiria sair alguns minutos mais cedo. Terminou de beber seu café e de comer os bombons, apanhou seu celular e a agenda e saiu da sala, indo para a mesa de seu secretário. Pousou a agenda ali e sorriu.

- Ela é toda sua. Atualize os compromissos. - disse suavemente, sem usar seus comandos autoritários. - Amanhã deixe-a na minha mesa antes de eu chegar.

- Certo, senhor. - sorriu e Tomlinson acenou, bem humorado.

Entrou no elevador e desceu, passando pela entrada da lojinha de chocolates no térreo. Algumas instituições visitavam a fábrica e era bom ter uma loja a preço mais baixos ali. Aproveitou e comprou uma caixa de chocolates, pagando com seu cartão de crédito. O funcionário ficou surpreso ao ver o patrão ali, mas não o questionou.

Louis desejou-lhe uma boa noite e foi até o pátio, onde ficava seu belo carro cor de vinho. Entrou no veículo e dirigiu para uma farmácia, animado. Harry iria à sua casa e talvez as coisas esquentassem, o que significava que ele deveria estar precavido com camisinha e lubrificante. Uma pequena parte de seu cérebro dizia que ele estava se iludindo sozinho, mas a outra parte, junto com a cabeça de baixo, pensavam em coisas libidinosas.

Durante o caminho para casa, ligou para Charles e pediu para que ele dissesse ao cozinheiro para preparar algo para dois, incluindo sobremesa, e depois dispensasse todos os funcionários. Chegou em sua mansão pouco tempo depois, subindo para sua suíte e tomando um banho relaxante.

Vestiu uma calça jeans preta e um suéter da mesma cor, calçando meias brancas e chinelos Adidas. Estava arrumado, mas confortável por estar em casa. Passou desodorante e seu melhor perfume, penteando os cabelos para o lado direito e os deixando secar naturalmente. Desceu as escadas e cumprimentou Charles, que estava no hall de entrada ajeitando um vaso de metal lustroso e colocando sobre uma mesinha.

Foi para a sala de jantar e viu seus empregados ajeitando a mesa. Pratos de porcelana, talheres de prata, taças de cristal e guardanapos de linho. Por último, trouxeram uma bandeja de alumínio coberta com uma tampa do mesmo material. O cozinheiro apareceu e Louis sorriu para ele.

- O que temos, Pierre? - indagou.

- Massa à carbonara com um toque de limão siciliano. - tirou a touca que usava e colocou as mãos no bolso do avental. Ele era um francês que viera para a Inglaterra em busca de melhores condições de vida. Louis o admitiu, já sabendo que um dia ele iria embora, afinal, o sonho de Pierre sempre foi ter seu próprio restaurante. Pelo salário que ganhava, dava para economizar um bom dinheiro e logo ele daria adeus ao patrão. - Perdoe-me, senhor, foi o que consegui fazer em tão pouco tempo.

- Está ótimo, Pierre. - deu batidinhas em seus ombros e olhou para os outros empregados. - Estão todos dispensados, até amanhã. - todos sorriram e saíram dali, exceto seu mordomo. - Incluindo você, Charles.

- Senhor, vai ficar sozinho esta noite? - preocupou-se. Charles, além de mordomo, era segurança.

- Se tudo der certo, não. - mordeu o lábio. - Vá. Aproveite a noite, homem!

Charles se constrangeu, ele não era o cara que aproveitava as noites. Sorriu pequeno e saiu do local. Louis foi para a cozinha e abriu uma portinha quase secreta, descendo escadas de madeira para sua adega. Tateou a parede de pedra em busca do interruptor e o achou, ascendo as luzes fluorescentes. Sorriu para as prateleiras repletas de bebidas, vinho em sua maioria. Apanhou o de uma safra antiga, que comprara há muitos anos, na Itália. Feito de uvas Cabernet Sauvignon, era suave e levemente adocicado. Pegou também uma garrafa de licor de cereja e subiu, fechando a porta com o quadril.

Na cozinha, lavou as garrafas empoeiradas e secou com o pano, levando-as para a sala de jantar e colocando-as sobre a mesa de madeira escura. Animou-se quando a campainha tocou e passou a mão pelos cabelos, caminhando até o hall de entrada. Respirou fundo e abriu a porta, sorrindo grande ao ver Harry ali.

Ele estava encantador com seus jeans rasgados de lavagem clara, camiseta preta de alguma banda e uma camisa jeans. Em seus pés, All Star de couro branco. Sua bolsa de couro marrom estava pendurada no ombro esquerdo e os cachos espalhados pelos ombros. O dentista sorriu tímido, suas bochechas assumindo um tom rosado.

- Hm, oi. - murmurou. - Perdoe minhas roupas simples, eu avisei.

- Eu sei. E está lindo com elas. - cumprimentou-o com um beijinho na bochecha e permitiu sua entrada. Apanhou sua bolsa e a deixou em um gancho na parede. - Seja bem-vindo.

- Nunca esperei encontrar você tão... de roupas tão...

- Casuais? - riu, guiando-o para a sala de estar com a mão em sua cintura. Harry se acomodou em um sofá e Louis ficou ao seu lado. - Bem, estou em casa. - deu de ombros. - Aceita um licor? Um chá?

Viu o relógio na parede, indicava que tinha passado um pouco das seis horas. Eram seis e dez, para ser mais preciso. Ainda não era hora de servir o jantar e tinha que oferecer algo, não sabia ser um anfitrião e aquilo o deixava nervoso.

- Um chá, por favor. - o mais novo pediu, com as mãos em seu colo. - Se não for incomodar.

- Não será incômodo algum. - levantou-se e foi até a cozinha, sendo seguido pelo convidado. Harry estranhou a falta de empregados, lembrava-se muito bem deles.

- Você mesmo vai fazer o chá? - questionou, confuso.

- Vou. Minha especialidade. - gabou-se.

- Posso confiar? Ou vai tentar me envenenar? - brincou, abrindo um sorriso de lado ao ver Louis colocar uma panela com água no fogão e ligar o eletrodoméstico.

- Bobo. - revirou os olhos, abrindo o armário e tirando de lá algumas latas de chá. Mostrou os sabores e Harry escolheu o mais forte, gosto que o empresário apreciou. Colocou as folhinhas de chá tostadas na panela e esperou que a água entrasse em ebulição.

- Por que seus empregados não estão aqui?

- Eu dispensei todos. Somos só nós dois aqui, Harry. - colocou duas xícaras de porcelana decoradas com fios de ouro sobre a bancada e serviu o chá ainda fervente. - Não quero ser interrompido.

- Ah. - não sabia o que dizer, estava um tanto apreensivo. Achava que nem deveria ter aceito o convite de Louis, temia que o que aconteceu sábado se repetisse. Os beijos, os toques, as mãos bobas...

Fechou os olhos por um momento, engolindo em seco ao lembrar de quando Tomlinson o jogou na cama do quarto de hóspedes da casa de Liam. Seus corpos vestidos colados, esfregando-se com um desejo devorador, quente, lascivo.

- Harry? - Louis o chamou suavemente, tirando-o de seus pensamentos. - Está tudo bem?

- Está. - abriu os olhos, fitando as belas íris azuis. Oh, como era tolo. Deveria ter recusado o convite e ir direto para sua casa, desejava o chocolateiro, mas não poderia entregar-se a ele. Mesmo tendo passado seis meses do processo, sentia como se Louis fosse seu inimigo, embora ele estivesse sendo paciente e gentil. Que espécie de inimigo é esse?

Harry estava tão confuso! Não sabia o que achar de Louis. Parte de sua mente insistia para que ele desse uma chance ao empresário, mas a parte orgulhosa (que era a maioria) dizia para dar no pé e esquecê-lo. Mas ele beija tão bem...

Ah, e ainda tinha sua carência. Estava há anos sozinho, Tomlinson foi o primeiro que o tocou desde que terminou seu namoro, anos atrás. Depois que foi largado pelo ex, não procurou ninguém e focou em sua carreira, prosperando financeiramente enquanto sua vida sexual e amorosa estavam estagnadas. Sentia falta, é claro, mas estava tão fechado para algo. Tinha se isolado atrás de uma muralha construída por si próprio.

Estava tão confuso! Louis era gentil, educado e beijava como ninguém. Céus, não quero nem saber como ele faz outras coisas!, pensou e mordeu o lábio. Talvez eu queira. Não, não posso querer isso.

- Harry, você não parece muito bem. - Louis segurou seu braço e o guiou até a sala de jantar, sentando-o em uma das cadeiras. Pegou os chás e sentou-se na cabeceira da mesa, afagando sua mão. - O que houve?

- Louis, estou confuso. - respirou fundo, olhando para a xícara de chá. - E acho que você também está.

- O que quer dizer?

- Eu não acho certo nos relacionarmos, sabe? Processei-o no início do ano!

- Harry, isso é passado. - murmurou. - Não estou confuso, sei muito bem o que quero.

- Eu... não sei o que quero, Louis. - encarou-o.

- Sabe o que eu acho? - segurou sua mão e levou-a aos lábios, beijando os nós de seus dedos. - Que seu orgulho está falando mais alto, cabeçudo. - sorriu. - Não deixe que domine sua vida, vai deixar de aproveitar muitas coisas por causa disso.

- Eu...

- Somos jovens, solteiros, por que não se permite?

- Porque... eu estou confuso!

- Ok, é normal. - beijou os nós de seus dedos mais uma vez. - Não vou te pressionar a nada. - sorriu gentil. - Experimente o chá.

Harry mordeu o lábio, segurando a xícara quentinha entre suas mãos, levando-a aos lábios e dando um gole na bebida amarga. Sentiu o líquido cálido descer por sua garganta, aquecendo seu interior e dando uma deliciosa sensação de conforto.

- Você é uma companhia agradável. - sorriu pequeno. - Agradeço por ter me convidado.

- Fico feliz por ter aceito meu convite. - deu um gole no chá. - Devemos esclarecer algumas coisas.

- Que tipo de coisas? - engoliu em seco, mesmo já sabendo a resposta.

- Aquele beijo significou algo para você? - não teve redundância. - Ou foi só no calor do momento?

- Nossa, como você é direto. - riu sem graça, estava visivelmente nervoso.

- Perdoe-me se te constrangi. - murmurou.

- Não significou nada. - respondeu. Poxa, significou a quebra do meu orgulho!, pensou. - Foi no calor do momento.

- Você se arrependeu? - franziu o cenho. Aquela resposta seca não tinha o abalado. Obviamente ambém não tinha significado nada para ele.

- Não. - foi sincero. - Foi um bom momento, se eu estivesse arrependido não teria vindo aqui.

- Harry, posso te fazer uma pergunta? Ela é bastante pessoal e vou entender se não quiser responder.

- Diga.

- Por que é tão amargo? - franziu o cenho. - Por que não se permite viver e ser feliz?

- São duas perguntas. - brincou.

- Responda se estiver confortável com isso. - pediu.

- Louis, você deve ter percebido que eu sou um cara solteiro. - engoliu em seco. - E sozinho. Tive dois namorados na vida, um no Ensino Médio e outro na faculdade. Este último, Tom, ficou comigo até meus vinte e cinco anos, dois anos depois que tínhamos nos formado. - fitou-o. Não sabia porque estava se abrindo daquela maneira, talvez precisasse colocar para fora, guardou tudo por anos.

- Você chegou a se casar com Tom?

- Não, não. - balançou a cabeça e deu mais um gole no chá. - Ele queria, sabe? Tom trabalhava em uma empresa e viajava muito. Ele queria que eu fosse em algumas dessas viagens, mas sempre fui muito focado no trabalho. Vivemos juntos, e chegou um momento que não dávamos mais certo. Ele desejava uma coisa e eu queria outra. - suspirou, desabafando. - Tom planejava sair do emprego, se casar e ir morar no interior, em uma casinha simples e aconchegante. Queria ter uma vida simples, só ele, eu e nossos filhos.

- Suponho que você nunca quis isso.

- Não, nunca! Nasci e fui criado na cidade, Louis. Nas poucas vezes que visitei o interior, quis voltar correndo para Londres e a possibilidade de viver ali era algo horrível para mim. - passou a mão pelos cabelos. - Horrível! Meu consultório já estava montado, eu ainda estava entrando no mercado e Tom queria me tirar deste sonho! Ele queria me levar para o interior e me ver sendo dono de casa, com um bebê nos braços e outro na barriga! Lembro-me claramente dele dizendo "você vai parir um filho por ano".

- Que babaca. - estava chocado com aquilo. - Que cara sem-noção.

- Quando ouvi aquilo, Louis, fiquei tão enfurecido! Entenda, quero ter um filhinho em algum momento da minha vida, mas não ter uma criança por ano, pelo amor de Deus! Imagine um rapaz de vinte e cinco anos ouvir isso sendo que o consultório ainda estava se estabelecendo no mercado. E some à vida no interior. Eu surtei, Louis, surtei! Briguei com Tom e acabamos nosso namoro, ele esfregou na minha cara que já havia comprado o anel de noivado e tudo o mais. - respirou fundo. - Não me abalei muito com o fim e desde então decidi focar em minha carreira.

- Por quê? Digo, focar na carreira é ótimo, mas por que não se permitiu viver outro amor?

- Porque eu queria conquistar minha independência financeira e só o trabalho poderia me dar isso. - disse. - E eu consegui. Tenho minha casa própria, um carro e estabilidade, apesar das dívidas. Provei para mim mesmo que eu não preciso de homem nenhum para me sustentar, como Tom queria. Eu sou capaz de me sustentar.

- E a amargura? De onde veio?

- Não sei. - crispou os lábios. - Sempre fiquei focado demais em trabalho e não tinha vida social. Zayn me chamava para sair e recusava todas as vezes, ficava em casa assistindo um filme e me debulhando em lágrimas. Minha mãe mora do outro lado de Londres e minha irmã também, então fui me acostumando a ficar sozinho. - deu de ombros. - E aí fiquei amargo, solitário. Quis provar tanto para mim mesmo que não precisava de um homem que fiquei em minha própria bolha. Realmente não preciso, mas sinto falta de alguém para me dar carinho, não necessariamente um namorado, entende?- fungou e se repreendeu. Não acredito que estou destrinchando minha alma para meu inimigo. Ex-inimigo, que seja! - Sou um ser humano, poxa! Eu gosto de carinho, preciso de um abraço de vez em quando.

Louis estava surpreso com tudo aquilo, então simplesmente largou seu chá e envolveu Harry em seus braços, beijando o topo de sua cabeça com delicadeza. Palavras não precisavam ser ditas naquele momento, aquele gesto falava por elas. Tomlinson estava ali com ele, pelo menos naquele instante.

- Desculpe-me. - o dentista sussurrou quando se acalmou e Louis o soltou, voltando para sua cadeira e o fitando.

- Está tudo bem, Harry. - tocou sua mão. - Pode desabafar, não vou te julgar. Sempre que quiser um abraço, fale comigo. Estarei aqui.

- Obrigado. - sorriu, realmente grato por aquilo. Pela primeira vez, confiava em Louis.


~•~


Semanas mais tarde, Tomlinson estava na Chococandies. Havia acabado de terminar uma ligação com Harry, estavam se falando mais por telefone ou mensagens, suas vidas eram bastante corridas, principalmente para o empresário, que estava ficando careca com os dados daquele período.

- COMO ASSIM ESTAMOS PERDENDO CONSUMIDORES? - gritou, beirando à histeria.

- Senhor, acalme-se. - seu secretário murmurou, mostrando os papéis que o setor financeiro tinha lhe entregue. - A Chococandies está perdendo clientes por conta do xilitol.

- Por que diabos? Não queriam doces mais saudáveis? Eu dei a eles um doce mais saudável! - caminhava por sua sala, queria ter um saco de pancadas ali para descontar sua raiva. Talvez na próxima reforma, pensou.

- O xilitol não tem o mesmo sabor que a sacarose, senhor. - explicou. - Com os sabores alterados, os clientes estão migrando para outras marcas.

- Onde está o Demonstrativo de Resultado? - pediu. - Chame alguém do financeiro. Agora.

O secretário saiu dali para fazer o que lhe foi mandado e logo uma mulher elegante apareceu, usando um tailleur rosa claro. Louis a fitou.

- O que está acontecendo, Marie? Como que não me mostrou isso antes?

- Não tínhamos os resultados antes. - arqueou a sobrancelha. - Os dados apontam que este mês a Chococandies vai fechar no vermelho.

- O quê? Como? O CocoLatte foi um sucesso! O Chocodream também! Como vamos fechar no vermelho, Marie? Pelo amor de Jesus Cristo, essa empresa não pode ficar no prejuízo!

- Mas vai ficar, Louis. As vendas despencaram com a adição de xilitol. O sabor não é o mesmo e seus clientes estão insatisfeitos. - falou, olhando o patrão.

- Porra! Porra! - passou as mãos pelos cabelos, estressado demais. - Ok. Ok. Vamos sair dessa. A Chococandies vai lucrar mês que vem. Amém.

- O que faremos, senhor? - seu secretário entrou na sala.

- Suspenderemos o xilitol. Coloque sacarose nesses doces. Não é sacarose que eles querem? Então eles vão ter sacarose. - o brilho em seu olhar era ameaçador. Estava com raiva. - Dê essa ordem na produção. Mês que vem a porra daquele balanço vai fechar no lucro. Ou eu não me chamo Louis Tomlinson.

- Sim, senhor.

- Louis, pare com essa ideia maluca de querer adoçar com xilitol. Para uso em pequena escala, é uma maravilha, mas o uso industrial é uma grande burrada. - Marie alertou. - Os dados foram promissores no começo, mas agora estão despencando. Cuidado para a Chococandies não alcançar a ruína em suas mãos. - disse e saiu da sala, deixando um Louis bravo e irritado para trás.

- Ah, mas não vai mesmo! - falou sozinho. - Essa empresa vai estar nas alturas novamente! Ah, vai!

Estava mais que determinado a fazer sua empresa prosperar. Nada e nem ninguém ousaria ficar em seu caminho. Não quando ele tinha aquele brilho desafiador no olhar.

Chococandies | Larry StylinsonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora