Uma família para o mafioso - Em busca da filha perdida (Livro 1 e 2)

Epílogo

Percebo o quanto fui grossa com ele, mas é a verdade. Após a ''morte'' de Melina, eu comecei a ser grossa com quem só queria uma conversa. Muitas vezes estou perdida em pensamentos, em lembranças, só quero ficar sozinha e pensar. As pessoas insistem em conversar, pensam que farei alguma besteira pelo simples fato de estar calada, e isso dá uma pressão que preciso me abrir, que preciso conversar, sorrir, que preciso me forçar a ficar bem, aí me irrita e saio dando patadas em todos.

Entendo que Bruno não quer me ver mal, porém, eu apenas não tenho cabeça para tentar sorrir e parecer que está tudo bem comigo.

Bruno está certo, o plano sempre foi esse, mas antes a suspeita era de todos serem ruins, agora há a suspeita que Moisés tentou descobrir a verdade e, provavelmente, sabe a verdade e tem Melina. Moisés pode ser ruim? Claro que sim, mas pensar que ele pode ter ajudado... Dá um nó na minha mente, um nó que eu acabo desfocando do plano original, porque a vontade mesmo é de ir até Moisés e tentar saber mais. Ainda mais quando lembro dele falando que não faz mal a filhas, até mesmo eu, porque sou sua sobrinha...

— Desculpa. — respiro fundo. — Já me conhece, sabe como sou nesses momentos. — olho para Bruno, que continua sereno comendo seu sanduíche. — Eu estou tão confusa e não quero pensar que...

Não concluo a minha fala.

— Nem ferrando, Pam. Se descobriram que os ossos não eram de um bebê e os Ferragamo morreram, nunca que deixariam Melina naquele local para morrer sufocada. Ali ficou claro, com toda certeza aquelas crianças já estavam mortas quando tamparam o local, como falaram que os Bianchi deram uma sumida daquela cidade, talvez eles nem poderiam aparecer para sumir com os corpos, ou talvez nem tenham se preocupado, afinal, tantas acusações e nada foi feito. Eles tamparam o local e deixaram os corpos lá. Melina, com certeza, não está envolvida, e fica claro que não, afinal, Morgana confirmou isso.

Deus, é disso que falo. A loucura, ansiedade, medo, nervosismo, são tantas coisas ocorrendo em mim que esqueço até das principais partes dessa história, incluindo a parte onde Morgana já disse que minha filha está viva.

— Às vezes eu duvido dos próprios fatos que estão na minha cara. — esfrego meus olhos. — O que também não faz sentido, Moisés salvou Melina, mas Morgana tinha contato com minha filha? Morgana odeia Melina e Moisés gosta da minha filha? Ou os dois odeiam? Mas ele não teria tanto trabalho para pegar uma menina e odiar. Não faz muito sentido.

— Ainda mais por Moisés, provavelmente, continuar se arriscando tanto matando dois Bianchi. Como Gallardo e Alberto pensaram, pode ser uma vingança e ao mesmo tempo um aviso do tipo: ''Tem uma pessoa lutando por vocês também''. O que também é estranho, mas sei lá, no fim nem você e Adriana conhecem esse homem direito.

— Nem o pai calado que tivemos, o pai abusivo de semanas atrás e agora um possível justiceiro. Já teve três estágios e nenhum deles demonstra algo bom vindo de Moisés. Mesmo que tenha ajudado, foi de maneira cruel. Claro que eu, como mãe desesperada, também faria o mesmo, mas sei lá... Meio estranho tudo isso por Melina.

— Moisés nem ao menos se aproximava de Melina no passado?

Tento lembrar de algo relacionado a Moisés e a Melina...

— Morgana vivia reclamando pelos choros de Melina, ela sempre me deixava me virar para aprender algo. Moisés era calado, não reclamava de nada. — penso mais um pouco. — Ok, Moisés carregou Melina algumas poucas vezes, mas de brincar com ela e coisas assim? Eu realmente nunca vi.

— Só se fez pelas suas costas, quando ninguém via. — ele dá de ombros. — Talvez Moisés tivesse um carinho por Melina que não demonstrava perto de outras pessoas, mas quando estava a sós com ela, ele a amava.