A boa memória de Chanyeol.

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CHANYEOL

Quando analisei meu reflexo no espelho do banheiro, me deparei com o meu cabelo abarrotado e os olhos inchados de tanto dormir. Meu corpo pela primeira vez, em dias, estava descansado e eu só queria tomar um café reforçado. Liguei a torneira, joguei um pouco de água no rosto e após secar meus olhos, minha atenção foi roubada pelas letras escritas com caneta, na parte de cima da minha mão.

Enquanto eu lia a frase e sorria feito um tolo durante o caminho até a cozinha, Thuban parou na minha frente, me encarando com a expressão lotada de perguntas e vazia de piedade. Ele começaria com o interrogatório logo cedo e preparado do jeito que eu sempre fui, desviei meu corpo e fui em direção ao armário para procurar uma caneca e fazer o meu sagrado café. Que pelo menos, eu estivesse bem alimentado enquanto ouvia os discursos dele.

— Me tira uma dúvida, Chanyeol! Por que os humanos preferem escolher o caminho mais tortuoso?

— Bom dia pra você também. E você deveria se lembrar da resposta pra essa pergunta, já foi um humano também.

Thuban forçou uma risada velha, sentou-se na cadeira e descansou uma perna no outro joelho, numa posição despojada, continuando o que dizia:

— Gosto de como você é maluco. A Vega eu considero como uma pessoa positiva, mas você chega a ser um concorrente profissional para a vaga.

Eu sentia que ele havia encontrado com Baekhyun minutos antes de eu acordar. Seu olhar fuzilando minhas costas me dava a sensação de constante julgamento.

— O que você esperava que eu fizesse? — Liguei o fogão e coloquei a água para ferver, virando-me para Thuban e ficando com os braços cruzados para começar com minha defesa. — Que eu ignorasse a vontade absurda de beijá-lo, inventasse desculpas, pegasse as minhas coisas e viajasse para outro país como um covarde? Eu estou cansado de fazer isso, não há lugar que eu não tenha conhecido, morado, e — destaquei — aproveitado.

— Dessa vez há um bom motivo pra você fazer isso. Antes, você só ia para tentar achá-lo.

— E olha só! — copiei o sorriso falso dele. — Eu o encontrei.

Ele bufou impaciente. Estava vencido e não havia mais argumentos suficientes, Thuban conseguia entender isso apenas me encarando.

— Certo! Já que você me parece convicto do que pretende fazer, eu apenas abraçarei a sua loucura e não somente direi para remar, como também preciso te apresentar as marés altas.

— Obrigado pelo seu apoio, marujo.

— Cale a boca!

Ri. Thuban jogou uma foto sobre a mesa.

— Já que não tem como eu te ajudar, sei como você pode me ajudar. Como diz aquele antigo ditado, se você não tem gato, cace um cão.

Eu tinha quase certeza de que a última frase estava incorreta, mas percebi que havia um significado particular quando me aproximei da mesa e pude analisar ao que ele se referia. Havia uma foto impressa em preto e branco de três homens, de naturalidades evidentemente divergentes, com os semblantes fechados e fotografados em público. E atrás deles, uma silhueta feminina estava virada de costas.

— Esses são os Cães. Bardur — ele apontou para o primeiro rapaz e depois foi seguindo a ordem até a última pessoa —, Kochab, Perkad e Agnes.

— Quem são eles?

— Lembra-se das estrelas que eu te disse? As que apareceram em dezembro na Noruega?

Assenti e ele explicou:

— Eu não tinha derrubado todas as estrelas amaldiçoadas e ainda assim, eles conseguiram voltar para a Terra.

BLACKOUT | ChanBaekWhere stories live. Discover now