Finalmente, Liam falou.

— Eu... eu pensei que tivesse te incentivado a isso — ele disse calmamente, as palavras ralas, deixando poeira no ar entre eles. — Eu ia me dar, Louis...

— Não quero mais você — Louis disse, lento, agitado e triste. Sem fôlego. — Eu só quero ele.

Liam parecia fisicamente enjoado. 

— Styles?

— Sim — Louis assentiu, fechando os olhos com o nome. — Styles. Harry Styles. Meu Harry Styles.

Seu Harry Styles? — Liam levantou uma sobrancelha, incrédulo, a dor em seu rosto rapidamente se transformando em escárnio. — Seu? Está falando sério, Louis?

Mas Louis ignorou as falhas em sua respiração, apenas se concentrando nas palavras e continuando sem se intimidar. 

— Estou de saco cheio, Liam. Não sou seu cachorrinho mais. Estou cheio disso. Cheio de você.

— De mim?! — Liam de repente rugiu incrédulo, o rosto recuperando sua cor. Ele estava vermelho-sangue e enfurecido, com algo brutal e amendrontado atingindo seu rosto.

Louis nem se encolheu, com seu corpo inflexível enquanto se mantinha firme. Ele assentiu com a cabeça bruscamente, com os olhos encarando outros olhos. 

Então Liam se lançou, revelando suas barreiras quando deu um passo para mais perto, com os punhos cerrados firmemente ao lado do corpo. 

Você concordou com isso, Louis! — ele gritou, a voz quebrando em cada sílaba. — Você faz parte dessa merda toda tanto quanto eu! Nós somos iguais, Louis Tomlinson, iguais. Você se acha melhor que eu? Só porque você fodeu um garoto de rostinho bonito...

— Cala boca, porra — ele rosnou, os músculos tensos.

Liam o ignorou completamente. 

— Acha que você mudou agora? Acha que finalmente vale alguma coisa? Bem, você com certeza não vale. Você é como eu, exatamente como eu. Sempre será como eu. Nós somos iguais, Louis. Estamos fodidos e não temos mais nada nesse mundo, exceto um ao outro, e você nunca vai ficar de saco cheio de mim...

Com isso, Louis riu, o mais exagerado, cruel e histericamente possível. Porque aquilo era besteira, aquilo era... era... não. Ele ia fazer aquilo, estava mostrando para Liam, e estava de saco cheio de tudo aquilo. Para sempre.

— Eu escolho ele — ele disse calmamente, enfatizando cada letra enquanto balançava a cabeça em diversão, vendo as pupilas de Liam se dilatarem e seus punhos tremerem. Ele estava tentando muito permanecer firme, dominante, tirânico. Mas Louis conhecia Liam — ele conseguia ver quando as rachaduras começaram a aparecer. — Pense o que quiser, cara. Mas eu escolho ele. E acabei aqui.

Com isso, Louis começou a se afastar e parecia que ele estava soltando os fios a cada movimento, cada tensão em suas células subitamente se desenrolando.

Parecia ar, oxigênio, liberdade.

Era tão patético quando ele pensava naquilo — ali, ele sempre alegou se sentir tão vivo, tão diferente de todos os outros. Intocado pela sociedade e de suas regras e imposições. Ele sempre se gabava de sua liberdade autoproclamada e usava seu egoísmo como um distintivo, mas no fim, aquele tempo todo, ele não passava de um prisioneiro. De si mesmo, de Liam Payne, do próprio mundo que ele sempre deixava ceder, deformando todas as suas partes.

Ele deixou o mundo forjar as armas que ele usou nele mesmo.

E naquele momento? Acabou.

Naquele momento ele sabia o que era liberdade. O que era de verdade.

gods & monsters ➸ portuguese versionWhere stories live. Discover now