Capítulo 05 - Um dia de cada vez, certo?

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Lena se debruçou sobre as folhas da contabilidade de sua empresa e tentou se concentrar. Não era fácil. Uma hora depois, o corpo ainda pulsava com o calor febril que Kara lhe despertara.

"Não pense nisso."

Ora, não conseguia pensar em mais nada. Se dependesse de sua atual concentração os negócios estariam arruinados antes que Kara recupere a memória.

"Pense no bebê."

Mordeu a ponta do lápis e fitou o vazio. Sempre quisera filhos, e todos os dias se defrontava com cenas que faziam-na se lembrar disso. Filhos, mulheres grávidas e crianças com macacões e babadores.

Assim, decidira resolver a questão por conta própria. Embora fosse algo incomum ter um bebê por intermédio de inseminação artificial, tudo lhe parecera lógico na ocasião. Claro, antes de Kara cair do alpendre. Antes que ela a beijasse e colocasse em curto-circuito todas as células de seu corpo.

Ouviu o tão conhecido miado.

- Desça já da mesa, Lua!

Enxotou a gata, que havia pulado para cima de seu trabalho como se houvesse sido convidada.

Lua ronronou. Distraída, Lena afagou-lhe o queixinho.

-O que está fazendo? - perguntou Kara, surpreendendo-a, Lena levou a mão ao pescoço, lutando contra a excitação que a aproximação dela lhe provocava. Já fora bastante ruim fingir que mantinham um casamento normal. Por que Kara precisava fazê-la sentir-se tão... quente? Nunca sentira nada tão intenso na vida. Nem com Jack, nem com nenhuma outra pessoa. Durante o correr dos anos, aceitara o fato de não ser passional. Gostava das preliminares, mas não havia muitos fogos de artifício...
Agora sofria um ataque de luxúria pelo último ser humano com quem deveria ir para a cama: sua melhor amiga.

"E esposa", sussurrou-lhe uma voz interior que Lena decidiu ignorar. Era mais seguro assim.

- Eu cuido de uma empresa de tecnologia dos meus pais há uns dois anos. Criamos de vendemos de tudo. um pouco, desde a área da saúde até ao entretenimento. - Explicou, puxando uma folha de baixo do gata. - Só preciso cuidar de alguns papéis.

- Posso ajudar?

- É um trabalho entediante, Kara. Vá dar uma volta pela casa. Talvez a ajude a se lembrar de algo.

- Já fiz isso. - disse Kara, claramente entediada. - É uma bela residência. Incrível, eu diria. Perfeita para criarmos um bando de filhos. Mas você é minha esposa, e eu gostaria de passar meu tempo a seu lado.

Lena lançou-lhe um olhar furioso.

-Você jamais gostou deste lugar, Kara. Disse que seria uma idiotice comprá-lo.

Descansando as palmas sobre a mesa, Kara se inclinou para a frente até seus rostos estarem quase colados.

- Vamos estabelecer algumas regras, querida. Não vou mentir para você. E de sua parte, não deve ressuscitar nenhuma discussão antiga, da qual eu não possa me defender. Quando recuperar a memória, poderemos brigar.

- Você falou que...

- Não me importo com o que falei. Estou apaixonada pela casa. Loucamente, eu diria. Mas ficaria ainda mais se tivéssemos continuado o que a gente começou na última hora lá em cima.

Lena engoliu em seco e sentiu o calor se espalhar pelo corpo, com a lembrança do desejo que até então não se apagara.

-Foi você quem quis parar. - sussurrou-lhe ela, sem refletir.

Kara afundou na poltrona.

-Nem me lembre disso.

Lena esfregou a testa, confusa demais para entender a si própria, quanto mais Kara. Era a gravidez. Lera sobre isso nos livros. Às vezes as mulheres ficavam mais... excitadas, por causa do aumento do fluxo sanguíneo na região do abdômen.

Uma esposa, e grávida? - SupercorpWhere stories live. Discover now