Capítulo 01 - A queda... e uma esposa?

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- Kara, tem certeza de que é seguro aí?

- Seguro em que sentido?

Lena colocou as mãos na cintura e olhou para a amiga, em cima da casa. Parecia uma atriz de comercial de refrigerante: com seu jeans desbotado, camisa colada mostrando a barriga definida, o suor cobrindo os testa. Isso sem falar dos cabelos loiros e olhos azuis e do sorriso capaz de derreter qualquer coração. Se não estivesse acostumada, desde a infância, a ser tratada como irmã mais nova por Kara Danvers, poderia achá-la atraente. Naquelas circunstâncias, contudo, achava-a irritante.

- Não é engraçado, Kara. Sabe muito bem do que estou falando.

Kara riu consigo mesmo. Lena sempre ficava zangada quando ela a provocava. Era uma boa menina, embora vivesse atormentando-lhe a vida. Parecia-lhe justo retribuir na mesma moeda.

- Consciência pesada, querida? Que eu me lembre, foi você quem me mandou consertar o seu telhado. E justo agora, que estou de férias!
Prefere que você mesma conserte? - Enxotou Lua, a gato, da escada e pôs o pé no primeiro degrau.

- Vou subir agora mesmo. - Lena bufou.

Kara encarou os olhos verdes travessos com fúria.

- Se subir aqui, Lena, vou lhe dar umas palmadas.

- Ai, que medo!

- Garota impossível!

- Não fale assim comigo! - Lena recuou, sorrindo.

Kara era um amor, mesmo que as vezes tivesse a mentalidade de uma criança de 5 anos. Quando soubera os detalhes do primeiro casamento dela, Kara tivera vontade de acabar com Jack, e Lena tivera ímpetos de permitir que o fizesse. Os músculos do maxilar se contraíram ao lembrar-se do ex-marido.

- Ei, Lee! Algum problema?

Lena sacudiu a cabeça. Jack não fazia mais parte de sua vida, não precisava pensar nele.

- Tudo bem, Kara.

- Tem certeza? Não parecia bem ainda um segundo atrás.

- Você se preocupa demais comigo. - Franzindo o nariz, Lena acariciou o ventre arredondado. Ainda não começara a usar roupas de gestante em casa, mas a gravidez era evidente. - Vou ter um bebé, só isso.

- Já estou sabendo - respondeu Kara, em tom enfático. - E é por isso que não quero que faça tolices.

Lena riu do rubor que subiu às faces de Kara. Quando lhe confidenciara seu desejo de ter um bebê e a decisão de recorrer a um banco de sémen e sozinha criar a criança, a reação dela fora um tanto estranha: saíra da casa batendo a porta, como se seu senso moral tivesse sido ofendido. Horas depois, retornara com uma proposta indecente: ela queria participar da criação do bebê, seria sua segunda mãe e desempenharia um papel na vida do filho. Mas impunha uma condição: ela e Lena deveriam se casar e se manter casadas pelo menos até o nascimento do bebé.

A princípio, Lena achara a ideia ridícula. Mas, depois de uma longa discussão, começara a julgar que fazia sentido.
Kara era uma solteira feliz e bem resolvida, seu emprego como repórter a forçava a viajar pelo país com muita frequência. Com certeza a ideia de algum dia se casar era algo que nunca lhe ocorreu, jamais se casaria e constituiria uma família, era mais fácil assim. Desse modo, poderia muito bem ser mãe sem ter de enfrentar os problemas que tanto a incomodavam: o compromisso, as dúvidas, as cobranças e todo o pacote que vem junto com um relacionamento.

Um casamento platônico, com residências separadas, parecia perfeito para ambas.
Apesar disso, Lena sabia que Kara achava o processo de inseminação artificial terrivelmente embaraçoso, e ficara aliviada ao conseguir engravidar em sua primeira ida ao consultório médico.

Uma esposa, e grávida? - SupercorpWhere stories live. Discover now