— Você não existe, Vicente. — Abraço-o apertado.

Ele sorri e dá partida no carro. Vira em uma rua completamente oposta da minha.

— Onde estamos indo? Pensei que iriamos lá pra minha casa.

— Não, nós iremos comemorar nosso primeiro aniversário.

— Eu preciso tomar um banho, trocar de roupa.

— Onde vamos você não vai precisar ficar vestida.

— Vicente...

— Relaxe, eu trouxe uma roupa para você. — Diz apontando para o banco atrás dele. — Apesar de que gostei da ideia de você sem roupa.

— Engraçadinho.

Não demoramos para chegar exatamente no prédio onde nos vimos pela primeira vez no dia do casamento da Iolanda. Ele estacionou na garagem do hotel e entramos em um elevador exclusivo que dá direto para o heliponto. Eu o abracei apertado até chegarmos no topo do prédio. As portas se abrem e meu queixo quase cai. Eu pensei que usaríamos o helicóptero, mas o lugar estava completamente decorado. Uma mesa arrumada para dois no canto, varais cheios de luzes enrolados no parapeito. Flores e pétalas de rosas por todo lugar e alguns corações iguais aos que haviam voado pela janela do carro.

— Vicente... — Nem tinha palavras para descrever como estava tudo tão bonito, imagina quanto a noite chegar totalmente.

— Vem — ele segura minha mão e caminhamos até a mesa, ele pega uma garrafa de champanha, abre servindo duas taças, enquanto eu o olhava fascinada. Uma boba apaixonada. — Vamos fazer um brinde antes que o sol se ponha e a noite chegue.

Pego a taça da sua mão e olho na direção do por do sol. Dava para ver a cidade quase toda, e era tudo tão bonito! O céu de São Paulo estava limpo e o horizonte já estava tomando um tom de alaranjado que eu acho de tirar o fôlego, não mais do que a forma como o Vicente está me olhando agora. Ergo minha taça e encosto na dele.

— A nós... — eu digo.

— Que essa data se repita todo mês para o resto das nossas vidas.

— Meu Deus, Vicente, você diz cada coisa. Me deixa sem palavras.

— E olha que não é por que quero te levar para a cama.

— Não? — ele me puxa para seus braços e me beija. — Que pena, era exatamente o que eu queria.

— Claro que eu quero, por mim, você sequer sairia dela.

— Acho que eu vou descer e tomar um banho, não estou vestida adequadamente para um jantar tão especial. — Olho mais uma vez cada detalhe, maravilhada.

— Para mim, você está perfeita. Vamos ficar mais um pouco, jantar, dançar e depois a gente desce, eu te ajudo no banho. Pode ser?

— Claro que pode — ele me abraça e sinto que esse é o melhor lugar do mundo. Ficamos olhando o sol se pôr, enquanto uma música romântica toca ao fundo. Agora está ventando um pouco mais do que quando chegamos. Ele coloca um casaco por cima dos meus ombros, depois puxa a cadeira para que eu me sente.

— Sabe o que eu pensei quando vi você pela primeira vez?

— Que eu estava com uma peruca horrível na cabeça.

— Exatamente, como uma mulher com um cabelo estranho e uma roupa tão sem graça poderia me trair tanto? Fiquei muito intrigado com isso. Confesso que eu dei graças a Deus pelo acidente do Juan...

— Credo, Vicente, não fala assim.

— Só estou sendo sincero com você. Eu não teria vindo aqui, naquele dia buscar vocês, se ele não tivesse sofrido o acidente. — Abre um sorriso e acaricia meu rosto. — Eu te sequei a noite toda naquele dia. Segui cada passo seu admirado e querendo entender o que tinha me atraído tanto. Mas o que nos uniu é muito forte para se entender. E eu quero confessar que... bom, eu acho que te amo.

— Você acha? — Passo meu nariz no seu delicadamente. Meu coração batendo forte e acelerado. — Eu tenho certeza. Eu te amo.

Nosso beijo é doce, sem pressa, apaixonado. Quando nos afastamos percebemos um garçom aguardando para deixar a comida.

— Se preferir jantar no quarto...

— Quero fazer outras coisas lá que não implica jantar no sentido literal da palavra — provoco. Provo um pedaço da lagosta.

— Essa é minha garota, então vamos acabar logo com isso. Quero te dar o presente que está no quarto.

— Eu comprei um para você, está lá em casa, se tivesse concordado em passar lá teria pegado para te dar.

— Jura? Pensei que tivesse esquecido.

— Claro que não esqueci. — Ele franze o cenho para mim e eu abro um sorriso angelical. — O quê? Não esqueci mesmo.

— Sei...

— Se eu tivesse esquecido não teria comprado um presente para você, não teria saído mais cedo do trabalho...

— Certo, acredito em você.

Depois que terminamos de jantar, descemos para o quarto. Uma suíte imensa que me deixou de olhos arregalados. Mal tenho tempo para admirar e Vicente me puxa para seus braços, beijando-me com desejo. Logo ele se afasta e caminha até a cama onde pega uma caixa de veludo preto e me entrega.

— Espero que goste. Acho que combina bem com você.

Pego a caixa e puxo o laço que cai sobre a cama. Abro a caixa e levo a mão até a boca chocada.

— Isso são... diamantes? — Ergo meus olhos para o Vicente que afirma com a cabeça.

— Quartzo negro e diamantes.

Um colar de ouro branco com dezenas pedras de diamantes e um pêndulo negro, um par de brincos e um bracelete.

— Vicente, você é louco? — pergunto. Ele pega o colar e se posiciona atrás de mim. — Isso deve ter custado uma fortuna, onde pensa que vou poder usar isso?

— Vai usar para mim, depois que tomar banho, vai calçar aquele par de sandálias e usar apenas isso, enquanto eu fico te admirando.

— Você é maluco. — Ele beija meu ombro e me dá um tapa na bunda.

— Você tem dez segundos para decidir se vai tomar banho, ou se vou começar tudo assim mesmo. Dez... nove... oito

Pego a caixa que está em cima da cama, os sapatos e saio correndo para o banheiro rindo feito uma doida. Eu realmente precisava de um banho. Olho o colar no espelho e fico alguns segundos passando a mão sobre as pedras. Que coisa mais perfeita. Nunca imaginei que usaria uma joia tão valiosa. Meus olhos passam pelo banheiro da suíte luxuosa.

— Maluco. 

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