A Visa For Your Heart

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...Cinco anos depois...

No ano seguinte ao que me tornei noiva, me formei oficialmente uma psicóloga. Após longos meses consegui um bom emprego e lá trabalhava até hoje. Um hospital, onde dava o meu melhor para conseguir apoiar e dar suporte aos pacientes e aos familiares desses pacientes.

Billie estava se saindo muito bem em sua loja, Blohsh, nesses anos que se passaram a mesma cresceu grandemente, ao ponto de pessoas conhecidas que também trabalhavam com a internet quererem serem patrocinadas ou até mesmo fazer propaganda das roupas sem pedir nada.

Estava tão feliz que nossa vida profissional estava indo bem, querendo ou não é uma parte extremamente importante e dependemos dela. Falando nisso, estávamos juntando dinheiro para o nosso casamento, não ia ser nada demais. Íamos fazer ao ar livre em uma espécie de bosque e depois almoçaríamos junto com nossos convidados que não seriam muitos.

Não cheguei nem perto de cogitar um casamento tradicional, igreja, vestidos de noiva. Billie não gosta dessas coisas mas se propôs a aceitar se fosse me fazer feliz, mas não precisava de nada daquilo, na verdade não precisava nem dessa cerimônia que planejamos, já era feliz com ela do jeito que fosse.

Morávamos juntas agora, trocamos nossos apartamentos por um maior. Agora nossa família era integrada por quatro integrantes e não apenas três. Não é isso que estão pensando, não tive filhos, na verdade tínhamos  coisas que queríamos fazer antes de encher nossa futura casa de crianças.

Erámos Billie, Papper, Pussy e eu. Sim, nós tínhamos uma gata chamada Pussy.

[...]

Era sábado, um dia de primavera, com céu completamente azul mas ainda assim com uma brisa fresca. A primeiro momento pensei que pudesse reservar um lugar melhor, mas agora aqui, olhando esse campo de grama verde e vasta, todo sutilmente decorado ao som de alguns pássaros por conta das árvores do local vejo que não poderia existir lugar mais perfeito.

Nós inventamos o nosso casamento, muitas das coisas que tradicionalmente aconteceriam foram descartadas, acho que a nossa originalidade era uma das coisas que mais nos representava como ser humano.

Billie retirou a coleira de Pepper permitindo que a mesma andasse animada até a cerimonialista cativando as pessoas ao redor, como sempre fez. Eilish e eu acompanhamos a cadela de mãos dadas, estava envergonhada, por mais que conhecesse todas as pessoas que estavam lá ainda sim tinha muita atenção em cima de mim, ou melhor, da gente.

— Antes de começarmos essa cerimônia, linda por sinal, queria dizer o quanto estou feliz de ter sido a "escolhida" para fazer parte disto em um dia tão bonito como esse. — Começa Sandra. — Vocês estão lindas por sinal. — Elogia sorridente.

— Obrigada. — Agradece Billie imediatamente e apenas sorrio tímida.

— Sabe, é cada vez mais comum ver pessoas assumindo o seu verdadeiro amor e lutando por ele. Lutando pela pessoa que muda tudo, que torna até o pior dos momentos uns dos melhores em muito tempo. E isso deixa o meu coração cheio, cheio de alegria e de amor. Por que o que é o amor se não aquele que nos transborda, nos ensina, nos machuca, mas nos completa com carinho, compaixão e empatia. Sempre que me perguntam o que o mundo precisa, o que as pessoas precisam digo que é amor. Amor muda tudo e todos. E é por isso que estamos aqui hoje para presenciar e assistir mais uma das nossas formas de amar. — Inicia a cerimônia sendo recebida com palmas.

Limpo uma lágrima que escorreu pelo meu rosto, solitária, discretamente.

— Não gosto de enrolação e acho que as noivas também não. — Ri arrancando risadas do pessoal. — Vamos fazer o tradicional assim como tudo aqui está sendo. — Brinca e acabo sorrindo abertamente. — Billie Eilish Pirate Baird O'Connell... nome bonito... — Diz e nos tira risadas. — Aceita Maya Emília Morris com sua legítima e fiel esposa? — Indaga a famosa pergunta.

— Aceito. — Responde imediatamente.

— E você Senhorita Morris... — A interrompo.

— Sim, eu aceito Billie Eilish Pirate Baird O'Connell, aceito 'pra todo o sempre. — Digo.

Trocamos alianças. Não acreditava que Claudia estava chorando, estava tudo tão divertido.

— Eu sei que você tem um discurso, vi você escrevendo e a ouvi ensaiar no banho. — Conto e faço todos rirem. — Mas queria muito fazer o meu primeiro e ter a honra de relembrar e te dar novos momentos. — Falo e recebo um sorriso carinhoso da garota de olhos claros a minha frente. — Não sei se lembra, mas nesse mesmo dia desse mesmo mês há exatos sete anos atrás eu adentrava aquele aeroporto frio mas agradecendo por ele já que o dia estava quente diferente de hoje, e isso me deixa contente podem acredita. — Sorrio. — Não é um super discurso de mulher apaixonada, até porquê você sabe o quanto sou apaixonada por você, todos nossos banhos juntas, sorrisos, brincadeira, noites, momentos sérios e até tristes te mostraram isso não preciso achar palavras para explicar se posso te mostrar não é? — Pergunto vendo a mulher dos meus sonhos concordar com a cabeça.

— Queria te mostrar que entrei aquele dia, para conseguir um visto para fazer uma viagem romântica com alguém que nem sequer me amava e saí de lá te deixando um visto para que entrasse na minha vida e me mostrasse que posso ser quantas quiser que ainda serei forte e corajosa e o melhor de tudo é que independente de qual Maya eu queira ser ou aprender a ser, vou pertencer a você. Porquê hoje eu te dou o visto definitivo para o meu coração. — Digo deixando algumas lágrimas escaparem.

— Não irei discursar, você me deixou no chinelo. — Rebate emocionada mas ainda assim ouço risadas. — Acho que a única palavra que posso dizer é eu te amo. Muito. Obrigada por me permitir entrar e viver coisas que  nem sabia que um dia viveria, você é tudo 'pra mim. Obrigada. — Agradece prendendo o choro.

— Nos mudamos coisas uma na outra e vamos mudar ainda mais a vida de um novo serzinho. — Revelo.

A vi paralisar e pensar por longos segundos. A cara de chocada da Claudia me fez rir.

— O que? — Indaga confusa, perdida.

— Não gosto de te esconder nada, mas achei que essa seria a melhor surpresa que você poderia receber. Não me imagino nem mais um dia, não tendo filhos seus ou não sendo a mãe dos seus filhos. — Falo e levo sua mão para a minha barriga.

— Um bebê só nosso? — Pergunta.

— Só nosso amor, e ainda teremos muitos bebês só nossos. — Afirmo a abraçando.

Foram sete anos. Todo esse tempo, todos os momentos e todo esse tempo me tornaram alguém melhor. Conheci versões de mim que não sabia que existiam e muito menos que pudesse ser a Maya que sou hoje. A Maya que tem uma garota de olhos claros  esperando em casa, a que tem O'Connell no sobrenome e agora um filho na barriga.

Deem vistos para as pessoas. Talvez eles se tornem definitivos, ou não. Você decide se quer um imigrante legal ou ilegal no seu coração.

Fim.

{···}

Esse é o final breve de "A Visa for Europe, please."

Breve pelo motivo de que não tenho coragem de a encerrar de verdade, não existe nada que eu possa desenvolver apartir daqui. Mas prometo que de tempos em tempos deixo os famosos epílogo.

Como por exemplo, um especial de Natal ou até mesmo para dar provinhas de como irá ser a vida delas juntas agora em diante. O que acham?

Obrigada por tudo.

"A visa for Europe, please" • Billie Eilish Onde as histórias ganham vida. Descobre agora