— Precisamos continuar a conversa. — afasto-me de Bruno, quase o empurrando, quando Gallardo retorna a sala. — Desculpa, mas precisamos ser rápidos sobre Melina. Porque se Morgana derreteria meu corpo, o que ela não fez com Melina?

— O que seria derreter? — Bruno pergunta.

— Ácido. — Gallardo responde.

Bruno arregala os olhos.

— Mas precisamos falar sobre Melina agora. — Gallardo aponta para as cadeiras. Bruno senta ao meu lado. — Como estava falando com Pamela, o que Morgana fez contra ela e Adriana, talvez não deixe tanto tempo presa. E fui informado sobre uma interdição.

— Sim, Morgana me interditou.

— Conte-me a história.

Conto toda a história, os anos de humilhações, a gravidez, depois da gravidez, meu surto após escutar sobre os ossos não serem de um bebê, sobre o fogo não poder deixar só os ossos, sobre ter sido internada naquela noite e depois disso viver uma série de internações sem sentido, minha internação no hospital psiquiátrico em San José, meu vício em drogas, os gatilhos, torturas psicológicas, os boatos sobre Melina não ter morrido e mais sequestros terem acontecido naquele lugar...

Passaram horas e horas, estamos aqui conversando sobre cada detalhe, tudo.

— Entendi a situação. — Gallardo fala. — Vamos lá, sobre sua interdição, caso fácil após essa tentativa de homicídio. Falarei com um juiz da vara da família, e dando tudo certo, porque dá para ver que você tem sanidade, você será uma pessoa livre.

Solto todo ar pela boca, como se uma tonelada tivesse sido retirada de mim, porém, tem mais dez toneladas!

— Quando fomos chamados pelos vizinhos, eles falaram sobre esses dias terem escutado muitos barulhos na casa de vocês, TV no volume máximo. Provavelmente tinham brigas.

— Moisés e Morgana. — falo.

— Não temos nada contra Moisés. Até mesmo pelo que me disse, o seu passado, pode entrar como negligência, nada de grandioso em termo de justiça, sem prisão, sem indenização, nada. As últimas semanas ele foi violento com Morgana, xingou você e Adriana, mas nem ao menos agrediu...

— Apertos e empurrões, nada mais que isso.

— Então, nem mesmo Morgana vai denunciá-lo. Acabaram de perguntar novamente sobre o nariz e ela continua te culpando, Pamela. Se ela culpasse Moisés, prenderíamos e daríamos um jeito de deixá-lo aqui, porém, sendo sincero... — encolhe os ombros. — Desculpe, Pamela, mas eu só posso ajudar com a retirada da interdição, em dois dias você será livre...

— Espera, mas eu falei sobre Melina como pediu. — olho para Bruno, não está surpreso. — Bruno, você disse que ele ajudaria!

— Depois conversaremos sobre os outros detalhes. — ele segura a minha mão.

— É, temos que conversar mesmo, pois eu não entendo nada da sua vida.

— Pamela, eu me interessei sim pelo caso de Melina. — olho para Gallardo, desfocando da vida de Bruno. — Eu quero ajudar, mas quando escutei falar sobre isso, eu pensei que estávamos falando de um caso dessa cidade, município ou Estado. Não aconteceu nem mesmo na nossa região, isso veio lá do Sul e somos do Norte. Não faz parte da minha jurisdição. E vendo como estava incerta em me contar antes, e sabendo que isso não aconteceu aqui, devo supor que você desconfia da polícia de lá. Então sabemos que eles vão dificultar a nossa vida. Eu não posso pedir qualquer investigação, qualquer ação lá, sem provas. Nem mesmo me juntar a eles, já que informou que crianças desapareceram e nunca se preocuparam. Eles darão um prazo, se não conseguirmos algo, teremos que sair de lá. Vocês saem com alvos nas costas, e eu com um possível afastamento do trabalho. É complicado. Se fosse no Estado vizinho, eu tentaria ir, mas não posso agir tão longe assim, e mesmo se eu pedir, o delegado de lá saberá, dará tempo dele negar, dele mexer os pauzinhos e se livrar de qualquer coisa que incrimine os Bianchi ou qualquer outra pessoa.

Uma família para o mafioso - Em busca da filha perdida (Livro 1 e 2)Where stories live. Discover now