— Eu esperei isso daquela ali. — Morgana aponta para mim, por um milagre ela não fala com raiva, ela está com esse sentimento ruim para a filha que sempre amou, a primogênita. — Esperei Pamela ser uma puta, uma prostituta, não você.

— Eu não sou uma puta! — Adriana tenta manter o controle.

— Rebola a bunda para milhões de pessoas...

— É uma dança! — Adriana grita. — Rebolar faz parte, mas nem ao menos faço isso de calcinha ou de short curto. Sem dramas e julgamentos...

— Biomedicina. — Morgana ri. Suas rugas em pura evidência, ela já estava sem aplicar o botox de sempre, agora está pior, suas olheiras enormes e super escuras, sua magreza já está aparecendo, e o que dizer do seu ninho chamado de cabelo? Acho que ela parou de pentear há quatro dias, quando Moisés saiu e ainda não voltou, porém, ama ligar para Morgana e dizer que tudo é culpa dela. — Nada mais que uma puta de Instagram.

— Morgana, já pensou no fato de viver tanto por Moisés a ponto dele te manipular? — pergunto, ela olha para mim. — Sério, você está pior que eu na época das drogas, e tudo por causa de homem que te agride? Que te humilha...

— É para o meu bem. — ela coloca as duas mãos na mesa e respira fundo. — Eu não eduquei vocês tão bem assim...

— Mãe, pelo amor de Deus! — Adriana fala alto, chamando atenção de Morgana. — Isso é vida? Viver trancada e chorando por um homem que te humilha? Que sai de casa liga para dizer que está ''comendo putas por aí''? Não vê o quanto ele faz mal a família toda?

Agora tentamos trazer Morgana para o nosso lado. Sei que não dará certo, não gosto dela, ela não gosta de mim...

— Ele causa mal a família toda? — ela é louca! — Vocês fizeram isso! Se bem que de Pamela esperamos tudo, mas você, Adriana?

— Ai, Adriana, deixa Morgana ser trouxa e ser humilhada em paz. — falo e Morgana me encara com raiva. — Ela não percebe o quanto é usada, como eu fui. — e quando comparo sua situação com a minha, eu vejo seu sorriso esnobe sumindo e ficando incerta. — Sabe aquele lance de ter alguém para controlar e humilhar? Pois bem, agora Moisés tem uma Pamela, que é a Morgana.

— Eu nunca serei como você, Pamela! — ela rosna. Ah, é, Morgana? Então você sabe o tanto que me causou mal, o quanto é deprimente ser tratada como eu fui! — Nunca!

— E por que não seria como Pamela? Ela foi controlada? Ela sofreu? — Adriana indaga, mesmo sabendo a verdade. — Dói saber que está acontecendo o mesmo com você, mas, dessa vez, você não é a mandante? Ou melhor, Moisés é o homem que comanda, você é a cúmplice tola que está sendo castigada...

— Já chega! — Morgana grita, levantando da cadeira. — Não tem trabalho para ser feito não? — olha para mim. — E você, Adriana, saia e só volte com o emprego em uma clínica ou hospital! Nada de dança! Só me deixem em paz!

Morgana sabe bem que ela é o alvo do momento.

Mas apenas nos levantamos, pegamos nossas bolsas e saímos de casa.

— O que vai fazer hoje? — pergunto a Adriana, quando saímos de casa. — Sei que não vai atrás de trabalho, porque você quer a dança e ainda está ganhando dinheiro com as visualizações dos seus vídeos.

— Provavelmente irei para a biblioteca da cidade e ficarei pesquisando mais sobre a cidade para onde vamos. Sei lá, Google Maps para ver se tem imagens atualizadas de satélite. Claro que tenho celular para pesquisar, aproveitarei a paz da biblioteca para isso.

— Adriana, eu não quero dar pressão, claro que não, mas... — respiro fundo. — Quando sairemos? Deveríamos aproveitar logo, já que Moisés não está em casa por esses dias.

Eu sei bem que Adriana está com medo e incerta, porém, eu preciso seguir com esse plano!

— Claro, Pam, nada mudou, mas precisamos de calma.

— Uma semana desde aquele jantar doido, eles nem falam mais sobre Melina e o foco todo está em Morgana. Sete dias. Daqui a pouco Moisés cansa de Morgana e volta a atenção para nós duas, principalmente tentando me controlar.

— Você não acredita tanto em mim, não é?

— Eu vejo seu olhar para Morgana. Eu vejo como olha para ela com compaixão, e não está errada, é a sua mãe. Porém, se ficar pensando nisso, perderá o foco.

— Eu não mudarei de ideia, Pam.

— Se for sofrido para você, eu fujo sozinha, sempre fiz isso. Você fica em casa...

— Não! — ela é firme ao dizer isso. — Eu vou junto.

— Você quer confirmar, não é? Você quer ir para ver de perto tudo de ruim o que eles fizeram, para ter a certeza de como são ruins.

— Eu sei que são ruins, sei bem disso, só que agora eu vejo Morgana e não sei o que passar. — respira fundo e agora anda mais devagar. — Eu não sei se ela é inocente, ou se é aquela cúmplice que é manipulada, que sofreu nas mãos de Moisés e acabou ficando desse modo. Não justifica, claro que não, mas eu vejo tudo que ele faz de ruim para ela, como ela está sofrendo e tem esse amor doentio por ele e fico incerta. E agora eu fico com medo de sair e ele fazer algo de ruim com Morgana. Entende?

Para de olhar para frente e olha para mim.

— E se Morgana não souber de nada daquilo? Se ela realmente foi uma péssima mãe, mas não ao ponto de vender Melina? — começa com suas suposições. — Talvez tudo tenha sido feito apenas por Moisés. Aí fugiremos e Moisés ficará ainda mais doentio, e se Morgana sofrer por algo que não teve culpa? Antes eu estava muito focada nessa procura, mas vendo esses últimos dias, me questiono o tamanho da culpa que Morgana tem nessa história.

— Olha, é como eu já pensei, eu vivo com essa gente doida por vinte e dois anos. Você viveu por dezoito, mas eles eram aqueles pais que prendiam, eram rígidos. Comigo eram tapas, humilhações, internações, eu fui internada em um sanatório pior que um lixão! Sem que eu tivesse qualquer culpa, digamos assim. Eles me internaram após Melina. Mesmo que Morgana não tenha participação, ela me julgou durante a gravidez e após a morte de Melina, me torturou psicologicamente para que eu não falasse mais da minha filha. Participando ou não dessa ''morte''. — faço aspas no ar. — Morgana me fez sofrer horrores, mesmo que ela seja uma pessoa sofrida, que foi manipulada, ela continua sendo a mulher que me fez sofrer.

E eu não me importo em dizer isso em voz alta, que Morgana, minha mãe, merece tudo o que está passando.

— E quer saber, Adriana? Morgana me fez sofrer mais que Moisés. Moisés falava comigo uma vez ou outra, começou a falar mais após sua chegada. Antes disso sempre foi Morgana. Se ela foi manipulada e sofreu uma lavagem cerebral, e talvez deve ter sido isso, ela aprendeu direitinho com seu mentor, o mestre. Morgana me fez sofrer por vinte e dois anos, então, perdoe-me, Adriana, não consigo ter compaixão no momento. E talvez nunca tenha, porque sempre lembrarei de todas as palavras ofensivas, dos tapas, das humilhações feitas por Morgana. Então digo, Adriana, se quiser, pode ficar, eu vou com o pessoal.

É oficial, nunca terei compaixão por essa mulher, participando ou não do incêndio, nunca terei compaixão por Morgana!

Continuamos andando até chegar ao salão.

— Ficarei, Pamela. — olho para Adriana. — Continuarei ao seu lado.

Uma família para o mafioso - Em busca da filha perdida (Livro 1 e 2)Where stories live. Discover now