Capítulo 26 - Sombra é a luz

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32 anos atrás.

Terry nasceu na Austrália, em uma família relativamente simples, nada faltava em casa, mas também não tinham dinheiro para aproveitarem de uma lúxuria. Isso querendo ou não, deixava os pais dele frustrados, sentiam inveja das outras pessoas. Mesmo que não agredissem fisicamente, os pais de Terry eventualmente descontavam suas frustrações no garoto, e isso acabava refletindo em sua personalidade.

Porém, em vez de isso causar tristeza nele, em torná-lo um garoto reprimido, quieto, Terry começou a se tornar mais e mais agressivo. Aos quatro anos ele matou um coelho arremessando-o em uma árvore, simplesmente por estar com raiva.

Na escola, por ser em um bairro pobre, sempre acabava sendo alvo de crianças que se achavam donas do local, isso o irritou tanto que chegou a um ponto em que ele batia em seus colegas de classe apenas para descontar a raiva. Sempre voltava com as mãos ou nariz sangrando, estava sempre de ataduras e hematomas. Isso afastava muitas pessoas dele, e também obrigava seus pais a irem na instituição para conversar com a diretora, adicionando, assim, mais uma carga de estresse nos pais, que descontavam esse estresse no filho, e ele, eventualmente, nos colegas de sala.

Com quatro anos de idade, seus pais acabaram tendo mais uma criança, dessa vez, uma menina, a qual eles batizaram de Evellyn.

Terry desde muito cedo estava sendo alimentado com ódio pela humanidade, rancor e até mesmo tristeza. De início, ele não ligava muito para sua irmãzinha, porém, quando ela tinha dois anos, mesmo que Terry não quisesse a proximidade dela, Evellyn veio em passos desajeitados de um bebê aprendendo a andar e o abraçou. Para o garoto, havia sido um choque. Até então estava apenas acostumado a receber ofensas e gritos, um ato de afeto realmente o surpreendeu.

- O que tá fazendo? - O garoto pergunta sem saber como reagir a aquele ato. Ainda possuía uma expressão de raiva mas não levantava sua mão para o bebê.

Evellyn, com apenas dois anos de idade, em poucos gestos e instantes, proporcionou mais carinho para seu irmão do que seus pais em seis anos de vida do garoto. Provavelmente também era consequência de, após os anos iniciais da menina, que são os que mais exigem tempo dos pais para o bebê se acostumar, os pais novamente voltaram a menosprezar seus dois filhos. Se antes eles não tinham dinheiro para esbanjar, agora estavam até endividados. Não se planejaram direito para ter um segundo filho e pagaram caro por isso.

A partir desse ponto, o pai de Terry e Evellyn começou a agredi-los fisicamente. As ofensas por parte de sua mãe começaram a ficar piores. Terry, apesar de ter apenas sete anos naquele momento, estava acostumado a receber as porradas e não ligava mais para as ofensas, desde que Evellyn estivesse ao seu lado, dando-lhe carinho e conforto, assim como ela também ficava melhor nos braços do irmão.

A partir de um certo ponto, as brigas e discussões entre os pais dos dois estavam tão frequentes por causa de falta de dinheiro principalmente, e a mãe deles ficava tão irritada que se negava a até mesmo cuidar da filha de apenas quatro anos.

- Mamãe... - Dizia a dócil menina em suas roupas simples, puxando timidamente a saia de sua mãe, que estava lavando a louça.

- Eu estou ocupada! - A mãe grita, nem sequer olha para a filha e a empurra com pé, quase um chute, o suficiente para ela cair no chão.

Lágrimas começavam a escorrer dos olhos da menina, acompanhado de soluços. A mãe não fazia questão de se virar e fazê-la parar. Quando estava prestes a chorar, seu irmão veio, ajoelhou-se e a abraçou, de certa forma a impediu de chorar. Ela segurou os braços do irmão, como se precisasse daquela demonstração de afeto. Terry, enquanto abraçava sua irmã, olhou para sua mãe que não dava a mínima para cuidar da menina. A única coisa que ela fazia era deixar a comida na mesa, que nem era tanto. Isso deixa o garoto enfurecido, mas como sabia que não teria chances contra a mãe, ele diz:

Cyber NatureWhere stories live. Discover now