Sweetie Little Jean

dearest daddy lost his grip

Sweetie Little Jean 

Capítulo 2

dearest daddy lost his grip

while the whole world's watching

candlelight vigils being held in silence on the channel four

Dezembro de 2010

A chuva ainda caía forte do lado de fora. Com a mochila e as roupas ensopadas em sua frente, Baekhyun não conseguiu dizer "não" para o moleque parado na varanda de seu prédio. O grandão parecia exausto e inconsolável, a aura melancólica ao redor de si era quase palpável. Não conseguiu dizer não, pois era bonzinho demais. Já esteve naquela situação de rua e, na última vez que algo parecido aconteceu e outra pessoa veio até o Byun para pedir por ajuda, a história terminou com o diretor de artes da Black and White em um ônibus apertadíssimo que cheirava a suor e a biscoito de água e sal, a caminho de Busan, ao lado de um adolescente rebelde que havia fugido de casa e se arrependeu. É, hábitos ruins. Logo após, ele fundou a ONG que ajudava adolescentes naquele cenário para evitar que, justamente, os próprios dessem as caras em sua porta.

— Tá. — suspirou. — Entra, garoto. Mas você vai embora amanhã de manhã e eu não quero que toque em nada, ouviu?

Chanyeol assentiu, tão rápido que o óculos caiu no chão e o garoto abaixou desesperado procurando por estes, rezando para que não tivessem se partido ainda mais. Baekhyun suspirou e adentrou o lugar, deixando a porta entreaberta. O Park demorou alguns segundos até decidir segui-lo para dentro do prédio, isso porque não sabia se deveria esperar ali fora ou apenas colocar o pé encharcado pela chuva lá dentro. Deveria retirar os sapatos, certo? Estavam todos enlameados mesmo…

O edifício onde o Byun vivia era bem monocromático. O corredor da recepção era totalmente branco, tinha alguns sofás em frente a uma televisão pequena acoplada na parede e, após um lance de escadas, os dois estavam estáticos bem na frente do apartamento duzentos e trinta e sete. O mais velho parecia estar criando coragem para abrir a maçaneta. Então, para a surpresa do Park, ele lhe segurou pelos ombros de supetão e o encarou com as sobrancelhas franzidas. 

— Tenho regras, pirralho. Qual seu nome mesmo? — Pela milésima vez naquele dia, o Byun suspirou e mordeu o lábio inferior.

— Park Chanyeol. — Se orgulhou da firmeza na própria voz. Estava tentando seguir o que Sehun havia lhe dito. 

— É o seguinte, Chanyeol: não quero você bisbilhotando na minha casa. Nada de ficar abrindo gavetas, porque você ainda é um estranho. Não quero que entre no meu quarto. Nunca entre no meu estúdio, nunca mesmo, ou te expulso daqui na hora, tá' entendendo? — Ele assentiu, com a feição firme e os punhos cerrados, de forma com que parecesse menos cagão para o mais velho. Não funcionou, caso queira saber.

Bem, se o Park já estava com medo de fazer besteira antes, a situação havia piorado muito após as tais regras. Além daquilo, o Byun também havia dito que deveria ficar somente até de manhã, e que Chanyeol iria tirar aqueles tênis sujos e lavá-los no chuveiro, junto com suas outras roupas, estas que estavam pingando no chão do corredor. Então, ele finalmente abriu a porta e correu para pegar uma toalha para o Park. Este até levantou o braço para verificar seu estado. Estava tão mal assim?

— Você fede. Vai tomar banho, Chanyeol. Eu te empresto umas roupas, mas lava bem essas daí, ouviu? Inclusive, esse tênis está com cheiro de xixi de gato. 

Conforme ele falava, Chanyeol acatava. Estava olhando ao seu redor, sem os sapatos, apenas com as meias também levemente molhadas, encarando curiosamente os detalhes daquele apartamento sem sal, tentando conhecer melhor a pessoa com quem provavelmente passaria o resto da sua vida ao lado. A tatuagem de Baekhyun era coberta pela manga da blusa social, mas ainda sim, com os movimentos que ele fazia ao lhe entregar a toalha, abrir a porta e às vezes ao simplesmente gesticular enquanto falava lhe permitia enxergar o desenho melhor. Era igualzinho ao seu. Engoliu em seco.