Where did you go?

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Outubro de 2010

Chanyeol odiava o Halloween. Isso porque morria de medo do sangue falso, das abóboras assustadoras que faziam sombra bem na janela de seu quarto e, principalmente, das merdas das fantasias. Fora que os gatinhos pretos sofriam muito naquele dia, pobres coitados! E daí que eles fossem, na verdade, bruxas? Ainda eram gatinhos, poxa. Ah, e a pior parte nem era essa, ainda tinha que enfrentar a família. Para falar a boa verdade, o filho mais velho dos Park odiava, mais que tudo, socializar. Era naturalmente tímido e, ainda que fosse bastante competitivo, evitava mostrar aquela parte de si para quem não tinha a famosa intimidade.

Mesmo com seus 1,80 de altura, cabelos pretos e uma tatuagem que iria chegar em mais ou menos dois meses, o moleque ainda era o maior crianção da família e isso não era segredo pra ninguém. Por este motivo, quando sua tia lhe deu a responsabilidade de cuidar de seus priminhos enquanto eles passeavam pela vizinhança para pedir doces, a surpresa em sua cara foi impagável. Poxa, era tudo o que não queria. O que custava poder passar o Halloween dentro de seu quarto, mexendo no celular, ao lado do seu gatinho, Menbal?

A noite de lua cheia era iluminada pelos postes da rua do condomínio em que vivia com os pais e a irmã mais nova, Yoora. Realmente não queria ir lá fora, não era muito fã do escuro e o casaco moletom cinza que estava usando não era lá a coisa mais legal para ser visto usando pelos vizinhos fofoqueiros, pois tinha um arco-íris na frente. Sim, um arco-íris. Para seus pais, já era um problema.

"Por favor, Yeol. Você já é um homem, vai ganhar um presente incrível do nosso Senhor em dois meses, já pode fazer isso para treinar quando for com os seus..."

Ah, droga. Sua mãe estava lá, no fim do corredor, ouvindo tudinho. Se negasse, estaria ferrado. Merda.

Então, fora assim que passou o feriado longe de seu quarto, com orelhinhas de gato na sua cabeça, pensativo, reclamando da vida silenciosamente e rezando para que, quando chegasse em casa, o jantar estivesse pronto. Era o mínimo, né? Comer uma boa refeição depois de ter que aguentar várias crianças atrapalhadas que tropeçaram nos lençóis que consistiam as fantasias nada originais de fantasma. É. Pobre Yeol.

Quando a tia o chamou de volta para dentro e os menores passaram a despejar as sacolinhas na mesa de jantar, o Park sabia que era hora de fugir enquanto havia tempo. Não queria passar nem mais um segundo no primeiro andar, com o resto da família. Por isso, percorreu todas as escadas na velocidade da luz (fato que acompanhou as reclamações de sua mãe) e ligou o Macbook, o qual já estava aberto em um grupo no Facebook. Estava passando cada vez mais tempo naquela comunidade online de fotografia, ultimamente.

Era aspirante a fotógrafo e, com o objetivo decidido, estava correndo atrás de seu maior sonho com a ajuda da tão amada família. Eles não apoiavam muito, mas faria com que chegassem lá. Faltava pouco para se formar no ensino médio - um mês, para ser exato - e em pouquíssimo tempo faria dezoito anos. Dezoito! Caramba! Como antes mencionado, ganharia a tatuagem que tanto esperou e se guardou, como os pais o instruíram a fazer.

Bom, acontece que, como cada jovem ganha a tal tatuagem que decidirá seu futuro parceiro junto a maioridade, muitos - inclusive, a igreja que frequentava - acreditavam que era melhor esperar para ter o corpo sucumbido aos desejos carnais em conjunto a aquele escolhido pelos céus como perfeito para si. Sua alma gêmea, por assim dizer. E estava tão, mas tão animado! Finalmente, viveria um romance clichê da Netflix e tudo o que precisava fazer era encontrar a mulher cuja o corpo fora marcado com o mesmo desenho que o seu. Somente isso. Ah, se o coitado do Park soubesse...

Era um garoto meio tonto. Sempre foi. Durante toda sua época escolar, teve que lidar com sua personalidade quieta e tímida, suas poucas amizades nunca se desenvolveram para algo a mais. Exceto que, na oitava série, ele se apaixonou por uma garota de tranças e óculos fundo de garrafa. Ela disse que correspondia, mas tudo que fizeram fora andar de mãos dadas. E ele se sentiu o máximo. Entretanto, nunca sentiu o estômago se encher de borboletas e o coração bater mais rápido novamente e, então, seus pais assumiram que ele não conseguia se apaixonar. Como o bom menino que era, ouviu seus progenitores quando eles lhe disseram que sexo era somente para reprodução e que a igreja salvava aqueles que a obedeciam. Também escutou muito sobre a tatuagem oferecida pelos céus e como não deveria nunca procurar por quem a correspondia, pois o Senhor colocaria quem quer que fosse em seu caminho se assim desejasse.

Sweetie Little JeanWhere stories live. Discover now