O amor aquece

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O Homem da Lua ficou estático enquanto o Sol se calava e olhava para a Terra novamente. Fiquei em silêncio por alguns segundos, aquela situação parecia ser muito difícil para ele. E tudo foi despejado assim, sem mais e nem menos. 

Sua história era triste, muito triste. E ele não era nada do que pensei que fosse. Só um Guardião extremamente solitário e com um trauma muito grande. Talvez fosse por isso só conseguia falar vez ou outra com a gente, os outros Guardiões da Terra. Ele só não queria que tudo fugisse do seu controle e o Breu aterrorizasse a todos novamente.

Ele saiu andando até algumas das criaturas mágicas, e olhou para longe no universo. Algumas estrelas brilharam com mais intensidade e se você pontilhasse cada uma, se formavam em um homem e uma mulher abraçados, observando o Homem.

— São seus pais? - perguntei.

— São.

— Sinto muito. - murmurei.

Ele suspirou, ainda de costas.

— Entende, Jack? Não podemos nos dar ao luxo de amarmos uns aos outros... Só as crianças importam.

— E elas sempre vão ser, Lua! - eu disse. - Nós sempre vamos estar aqui para protege-las de todo o mal!

Aquele pequeno ser observou seus pais por mais algum tempo, e só pude sentir pena por ele. Ainda sim, eu não era capaz de perder as esperanças como ele perdeu.

— O Breu também sempre vai existir, sabe? - eu disse.

— E estamos todos em perigo constante, Jack. Um descuido seu e...

— Eu nunca as perdi de vista, você sabe. - eu o interrompi, e me levantei da cadeira encantada. - E está tudo bem se você tem medo.

O homenzinho tremia um pouco, e se virou para mim, estavamos a uma certa distância um do outro e seus olhos estavam marejados.

— Nenhuma criança merece estar sozinha.

Eu concordei novamente Não podia ser capaz de imaginar como foi viver tantos anos naquela Lua sozinho, tendo apenas animais estranhos como companhia e um telescópio gigante observando crianças da Terra que também estavam sozinhas. 

— Nem nós. - eu disse, olhando fixamente em seus olhos. - Você não deveria ficar tanto tempo aqui. A Terra não é ruim.

— De repente se tornou amigável, Jack - disse o homenzinho, enxugando as lágrimas. - Mas não posso descer.

— Então é só nos trazer aqui! - eu disse, a coragem estava me consumindo completamente. - Você não precisa...

— Frost... - disse ele, me pedindo silêncio. - ... Sua empatia com o que os outros sentem também faz parte do seu cerne. Sua vontade de fazer com que todos se animem e sorriem de alguma forma é o que me fez te tornar Guardião... - ele suspirou, olhando para a Terra. - Você tem essa habilidade até com adultos. Você quem deveria estar no meu lugar.

Engoli em seco. Assim? Do nada? Me elogiar de uma forma dessas. Apenas olhei para os meus pés descalços.

— O Breu sempre vai existir como você disse. - ele continuou - E como posso acreditar que elas estarão salvas com você enquanto está apaixonado por alguém?

— Por que esse é o meu cerne. - eu respondi, sorrindo. - Ninguém nunca será esquecido, e ninguém nunca irá dormir triste ou com medo.

O Homem da Lua sorriu e fitou o Sol. 
Os olhos vermelhos retribuíram o olhar. Era como se estivessem conversando, mas eu não podia ouvir. 

— Ele sabe ser insuportável. - sussurou o Homem da Lua com uma expressão irritada. - Mas, ele tem razão. Que a alegria sempre te guie, Frost.

— O qu-

O Homem da Lua me disseWhere stories live. Discover now