A prisão e a história

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Parecia um quarto, escuro, frio como eu. Não tinha como ver um mísero flash de luz, o ar parecia faltar em meus pulmões toda vez que tentava respirar. O gelo derretia e escorria por meu corpo, como se meu poder estivesse desaparecendo.

Tudo isso estava acontecendo em poucas horas. Ao mesmo tempo que ainda sentia o gosto da Fada em meus lábios e meu coração implorava por ela de novo, minha cabeça doía de desespero, e minhas mãos tremiam. Meu cajado também não estava ali. De repente lembrei das crianças.

Se eu estava preso e sem como mandar minha geada e minha neve, elas iriam se lembrar de mim? Quem apareceria em seus momentos de medo? Como eu... como eu ajudaria uma criança naquela situação, como...
Eu ficava cada vez mais ofegante, cada vez mais desesperado. Estava dando socos e chutes nas paredes daquele quarto estranho e nada se mexia, nada se quebrava ou abria. Senti náuseas com aquela situação, as paredes pareciam se mexer deixando o espaço cada vez menor. Me sentia começando a ter claustrofobia, o pânico me comendo vivo.

As crianças, a neve, Fada do Dente... As crianças de novo. 

— Alguém... ALGUÉM..?! - comecei a gritar desesperadamente, onde eu estava?

Horas e horas se passaram até eu finalmente deitar em total desespero e cansaço. Eu já havia congelado todo o quarto só com a força do meu ódio, sem nenhum cajado. Meus olhos já doíam por não enxergar nada e o corpo também por bater em tudo. Onde era aquele lugar? 

Fechei os olhos, ainda ofegante, precisava me controlar e respirar. Mas acabei dormindo. Um pesadelo atrás do outro, coisas horríveis com a Dentiana, e com as crianças com medo. Breu adoraria me ver naquela situação. 

Quando abri os olhos, uma porta havia se formado em uma das paredes, e estava aberta. Me levantei cambaleando e atordoado, correndo até ela antes que se fechasse.

— Olá, Jack Frost.

A luz perolada que inundava o local me deixou mais enjoado que nunca. Onde eu estava? Era tudo que eu queria saber. Olhei para frente e abaixei a cabeça, um homenzinho careca com alguns fios no meio da cabeça me encarava, de braços cruzados.

Usava uma roupa amarela, e uma borboleta azul gigante estava atrás dele, nos observando. Senti vontade de gritar, o que diabos era aquilo? Uma criatura mágica? Dei uns passos para trás com as pernas bambas, era demais para minha cabeça.

— Se acalme, meu jovem.

— Me acalmar?! - eu perguntei esfregando os olhos para enxergar melhor. - Onde estamos?! Quem é você?

— Sou o Homem da Lua.

Parei.

Simplesmente parei.

Meus olhos começaram a ver com mais nitidez. Estávamos na Lua. Criaturas mágicas e estranhas voavam, algumas simplesmente estavam paradas e nos observando. A borboleta azul vez ou outra batia suas asas e sorria para mim. Como uma borboleta podia sorrir? Pânico, pânico, pânico...

— Jack! Se acalme! - pediu o homenzinho mais uma vez, começando a caminhar até mim. 

— Se afaste!!! - eu gritei, me arrastando para o quarto esquisito de novo, lá era melhor do que isso.

A porta se fechou e eu não pude entrar, quando olhei para trás lá estava o homenzinho. Gritei.

— Você não quis conversar comigo por todo esse tempo?! - ele perguntou colocando as mãos na cintura. - Agora está aqui.

Meu coração foi desacelerando, e fui respirando mais facilidade... Respirando? Estávamos no espaço, como...?

— Oh, eu tenho alguns poderes, você consegue respirar por isso. - ele disse lendo meus pensamentos. - Agora podemos conversar?

O Homem da Lua me disseWhere stories live. Discover now