Capítulo 18

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Dallas sabia que os meninos da Sonserina não tinham acesso ao dormitório feminino, pois algum feitiço antiquado de proteção da virtude delas impedia que os garotos subissem a escadaria de acesso para os quartos, então, se eles não tinham acesso ao dormitório, a obra de arte que apresentava-se diante de seus olhos foi coisa de Pansy e Millicent, ambas sob as ordens de Draco.

As suas roupas estavam espalhadas sobre a cama destruída, rasgadas e ensopadas de tinta preta. O seu material escolar tinha virado confete e serpentina e o malão estava aberto e de cabeça para baixo, aos pés da cama quebrada. Dallas cutucou com a ponta da varinha as peças arruinadas, ruminando qual o melhor curso a seguir. Roupas e material escolar eram passíveis de reposição, ela tinha dinheiro para isto, e a cama poderia ser consertada com um feitiço, mas não era somente isto que tinha em seu malão, era? Dallas fez um inventário de seus pertences e pânico começou a subir pelo seu corpo. Com gestos bruscos ela convocou peça destruída atrás de peça destruída, que voou por cima de sua cabeça, espalhando tinta preta para todos os lados, enquanto eram arremessadas à um canto do quarto, até que ela encontrou o que queria. A peça era pequena, quase imperceptível entre os bolos de tecido, mas a sua cor escurecida e o seu formato a destacava claramente dos outros objetos. O soldadinho de chumbo estava manchado de tinta e com a cabeça decepada e, ao vê-lo, Dallas lembrou-se da cena que encontrou na sala comunal quando chegou nesta minutos antes.

Draco ria e contava alguma anedota para um público cativo que o rodeava como fãs fiéis. Dallas supôs que as palavras maldosas e as risadas sarcásticas deviam-se ao deleite que ele sentia porque conseguiu que o pai abrisse um inquérito contra Bicuço por causa de própria estupidez e, por isso, ela seguiu direto para o dormitório porque não estava disposta a ouvir a voz arrastada do menino, carregada de contentação por ter mais um de seus mimos atendidos. Mas, agora, ao ver o soldadinho de chumbo destruído, o cenário de minutos antes retornava-lhe à mente de forma clara. Draco sim contava alguma anedota para uma plateia focada, mas ele tinha um chumaço de pergaminhos em mãos, dos quais lia alguma coisa e depois ria.

As suas cartas. As cartas que Potter mandou para ela e que Dallas estupidamente trouxe para Hogwarts ao invés de trancar em seu cofre na Mansão Winford.

Um véu vermelho sangue desceu em frente aos olhos de Dallas, ódio cru, do mais intenso, tomou o seu corpo e ela girou sobre as solas do sapato e saiu em disparada do quarto.

O primeiro feitiço despontou de sua varinha antes mesmo que ela terminasse de descer os últimos degraus da escada e acertou Draco em cheio no peito, o calando no meio de uma gargalhada maldosa. Pergaminhos e sonserino voaram para lados opostos, o súbito ataque assustou os alunos que cercavam Draco e esses recuaram aos tropeços, abrindo espaço para Dallas que pisou no assento da poltrona mais próxima, de onde tomou impulso, e pulou por sobre o sofá, caindo sobre Draco ainda no chão e atordoado pelo ataque. Ele mal teve tempo de registrar o que acontecia e o soco já lhe acertou o nariz, o quebrando no processo e fazendo espirrar sangue para todos os lados. O grito de dor que ele deu foi música para os ouvidos de Dallas que largou a varinha e decidiu que iria resolver aquele embate da maneira antiga: no punho.

Draco tentou reagir, claro que tentou, mas Dallas estava colérica e este estado ativou a sua força Veela de forma que quando o garoto tentou erguer a varinha para atacá-la, ela o segurou pelo pulso e bateu este com força no chão. Os ossos quebraram diante do impacto, a varinha dele voou para longe e Dallas desceu o outro punho fechado no rosto dele. A chuva de socos que seguiu acertava o que conseguia acertar. Com as coxas, Dallas prendeu Draco contra o chão pelos quadris dele, o imobilizando enquanto o atingia no rosto, testa e peito. Draco debatia-se, gritava e chorava e o desespero dele somente fazia crescer um prazer mórbido dentro de Dallas ao ver o garoto sofrendo. Braços grossos a envolveram pela cintura e alguém a puxou pelas costas com um tranco, a tirando de cima de Draco. Dallas urrou de ódio e tentou soltar-se de seu súbito captor, e quase conseguiu, mas mais braços surgiram para segurá-la e então ela estava sendo arrastada por três jogadores do time de Quadribol para o outro lado da sala comunal. Draco ainda estava caído no chão, gemendo e ensanguentado, com as roupas amarrotadas e rasgadas e sendo socorrido por colegas sonserinos. A estátua de acesso abriu e o professor Snape entrou na sala, com as vestes farfalhando às suas costas como de praxe e acompanhado dos dois alunos que foram buscar socorro.

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