1.

73 3 1
                                    

Estava num quarto digno de realeza. Teto alto, chão de pedra, colunas enfeitadas, uma cama enorme com tons cremes e mobília a condizer. Era de ficar sem respiração com tamanha beleza. Tenho os meus olhos fixos na grandiosidade do quarto quando uma mulher nos seus trinta anos entra pelo o quarto, com uma pressa tremenda e com um vestido lindo, a condizer com os tons do quarto e próprio para uma princesa nos seus braços. Ouço-a a dizer que tinha apenas uns breves quarenta minutos para me arranjar, mas não faço ideia para quê. Larga o vestido na cama e sai da divisão, sempre a repetir as mesmas palavras.

"Despache-se, Luna. Quarenta minutos para o baile começar"

Tiro uns momentos para observar o vestido. Tal como o quarto, nunca vi tamanha beleza. Creme, com tecido meio transparente repleto de flores de diferentes cores pelos braços, peito e a saia volumosa. Senti a minha boca entreaberta por uns momentos enquanto me habituava a tal situação.

Não consigo. Como é que não me recordo de onde estou e como vim aqui parar? Só pode ser um sonho. Um raio de sol passa-me pelos olhos e reparo que, no meu lado direito, tenho uma enorme janela que dá acesso a uma varanda para a entrada do local onde me encontro. Caminho para lá, o total da minha atenção para a beleza dos jardins. Abro as janelas e vou até ao varandim.

Suspiro ao ver os jardins com as flores e árvores de todos os feitios e perfeitamente arranjados e organizados. Olho para o resto do cenário e começo a ver as diversas carruagens, guardas e pessoas com os fatos e vestidos mais bonitos que alguma vez vi, a se dirigirem para dentro do edifício. Mas afinal, que edifício é que estou a falar? Não sei onde estou, estou aqui como se, de um momento para o outro, tivesse surgido de uma bola de fumo a partir de outro lugar qualquer.

Não conheço este lugar, não conheço nenhuma das pessoas que está aqui fora e não conheço a mulher que entrou no meu quarto há momentos atrás.

Volto para dentro do quarto e fico durante algum tempo a ponderar sobre o que devo fazer. Devo seguir na onda ou simplesmente esperar que alguém volte a entrar no quarto e me explique tudo o que se passa neste sítio? Sento-me na cama e afundo-me na suavidade dos lençóis. Decido esperar que a mulher de trinta anos ou alguém novo entre no quarto para me explicar tudo isto, mas, passado um tempo, a tentação e a curiosidade de vestir algo tão bonito como o vestido que se encontra ao meu lado leva a melhor.

Dispo o meu robe e, depois de várias tentativas de fechar o longo fecho nas costas, acabo por ter o vestido a decorar o meu corpo. Vejo a forma como realça as minhas curvas e o meu tom de pele e, sem ter qualquer outra explicação, apenas posso concluir que tudo é um lindo sonho. Um sonho que vou viver durante um determinado momento e, quando tiver distraída o suficiente, vou acordar e regressar à minha vida normal. Independentemente de qual seja.

Faço uma traça que fica disposta no meio das minhas costas, calço os sapatos de salto alto cremes e caminho para o espelho que se encontra ao pé da porta principal do quarto. À medida que me aproximo e consigo observar o meu reflexo, memórias das últimas horas começam a surgir.

Tinha chegado há poucos minutos a casa depois de um dia de trabalho no café da pequena cidade onde vivo. Um dia completamente normal desde que acabei a faculdade há dois anos atrás.

Lembro-me que encontrei a minha mãe na cozinha a acabar de fazer o jantar. Como nem o meu pai nem o meu irmão estavam em casa, apressei-me a largar os meus pertences no meu quarto e ajudá-la a pôr a mesa. Já era tão automático, que ambas começamos a conversar sobre o dia de cada uma.

Alpha King AtlasTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon