Capítulo 7 - A dúvida

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Quando Benjamim entra no quarto, encontra Camila dormindo como um bebê. Seu corpo seminu estava descoberto, então antes de se deitar, ele a cobre com um grosso cobertor. Mesmo magoado com a cena que vira mais cedo, da garota beijando outro, ele se preocupava com ela. Estava apaixonado. Mas as frases do Diretor ainda se repetiam em sua cabeça: "Você fez isso pelo seu emprego, ela pela nota, não venha bancar o apaixonado". Ele tinha razão, se apaixonar por Camila era um erro. Ele tem uma noiva, Nina e só por ela que ele poderia manter esses sentimentos.

– Bom dia... – Camila sussurrou no ouvido de Benjamim assim que o vira acordar. Mas ele logo se afastou e se levantou, murmurando algo que ela não conseguiu entender.

No café da manhã, todos riam e se serviam do grandioso banquete. Mas Benjamim preferiu tomar seu café no lado de fora do chalé. Camila não estava animada quando Branca se sentou ao seu lado. Na verdade, se sentia um tanto enjoada.

– Não se preocupe, Camila. – A garota diz de modo despreocupado, mordendo uma torrada. – Logo ele aprende a te dividir... Ele vai ter de aprender – Ela ri de modo maldoso.

Ao longo do dia, Benjamim se manteve um tanto afastado de Camila, sempre bebendo Whisky em algum canto. A garota não estava se sentindo bem com toda aquela situação. Não sabia como agir, se esperava o rapaz vir falar com ela ou se ela mesma o chamava para conversarem, mas sobre o que exatamente? Não sabia o porque dele está agindo daquele modo. Como Branca dissera, ele teria de aprender a dividi-la, era normal ali. Ao se aproximar do jardim que cercava o chalé, Camila observa Branca e Antônia tentando se bronzearem, expondo os seios nus. Benjamim se aproxima das garotas, principalmente da loira e começa a elogiar seu corpo. Embriagado, ele tropeça e cai em cima de Branca, que ri alto. Mal Camila se aproxima para ajuda-lo e escuta o professor falar de modo arrastado:

– Eu só saio se você me beijar... Branca... – O rosto de Benjamim estava a poucos centímetros da garota.

– Seu pedido é uma ordem... – Os dedos de Branca entrelaçam os fios de cabelo do professor e o puxa para mais próximo, o beijando de forma calorosa.

Camila fica um tanto zonza com a cena que vê. Consegue escutar a risada do Diretor ao longe, mas não o vê. Sua visão aos poucos vai se tornando turva e escura. Logo sente braços quentes em volta de seu corpo, que a arrasta para longe dali. Ao se sentar no sofá ela percebe que quem a levou para a sala fora o Frederico e logo vê que Antônia surge atrás dele, vestindo uma camisa. Subitamente a garota leva as mãos a boca, se levanta e corre em direção a pia da cozinha, empurrando ambos, ela afasta as mãos antes de vomitar:

– Você deve beber menos na próxima vez, querida! – Frederico diz sorrindo antes de voltar para o jardim.

– Toma um pouco de água, Camila. – Antônia entrega o copo para a garota.

– E-eu nem bebi hoje... – Os pálidos lábios da garota logo encostam no copo, tomando cada gole de água devagar. Seu corpo luta para se manter de pé e Antônia a ajuda a retornar para o sofá, se sentando ao seu lado.

– Desde quando está se sentindo assim? – Há um tom de preocupação nas palavras da garota

– Tem uns dias já... Por que? – Camila sussurra, sem muitas forças para falar mais alto.

Antônia suspira passando as mãos nas têmporas.

– Eu já vi isso antes... – A garota de aproxima de Camila, quase sussurrando. – Sua menstruação está normal, Mila?

– Parando pra pensar... Está um pouco atrasada... Com a viagem eu nem reparei... – Camila respira fundo, antes de fitar o rosto preocupado da amiga. – Você acha q-que e-eu est...

A conversa é brutamente interrompida por Branca e o Diretor que invadem o chalé, ambos embriagados. Antes de subirem as escadas, eles param para avisar as garotas que logo os motoristas viriam buscá-los. Camila e Antônia se entreolharam preocupadas, mas não disseram mas nada. Cada uma seguiu para seu quarto arrumar as malas. Benjamim não se despediu de Camila, apenas entrou no carro e esperou pelos outros professores e pelo Diretor enquanto esses beijavam seus alunos. A garota se magoou com o comportamento do professor, mas ao mesmo tempo se preocupava com o que conversara mais cedo com Antônia.

O caminho de volta fora mais silencioso do que a vinda. Branca dormia como um bebê com a cabeça encostada no ombro de Frederico. Este escutava música, enquanto trocava mensagens com alguém. Antônia pediu ao motorista para deixar ela e Camila no centro da cidade, despertando a curiosidade dos amigos, mas não revelou a eles o real motivo. Nem mesmo Camila o conhecia, mas mesmo assim a acompanhou até uma farmácia. Após comprarem um teste de gravidez, Antônia entregou este a garota:

– Assim que você chegar em casa você faz... – Antes de entrar no ônibus, ela abraçou Camila e sussurrou em seu ouvido. – A gente vai dar um jeito, vai ficar tudo bem.

E assim foi feito. Ao chegar em casa, a encontrou vazia. Era domingo e provavelmente o pai estava trabalhando desde cedo. Camila seguiu para o banheiro e abriu o teste. Após urinar no pequeno pedaço de plástico, esperou por alguns minutos o resultado. Duas faixas cor de rosa era positivo. Apenas uma negativo. Aos poucos as faixas foram tomando cor e forma para desespero da garota. 

Aluna ExemplarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora