Drunk

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Eu e meu pai atravessamos a rua conversando sobre coisas alheias, até a porta da casa dos novos vizinhos.

- Seja educado. - Meu pai disse como se eu tivesse três anos de idade e deu três toques na porta grande branca que logo se abriu, mostrando uma mulher linda, tinha os cabelos escuros longos e um sorriso maravilhoso, vi meu pai ficar hipnotizado por alguns minutos.

- Oi. - Falei para a mulher, tirando meu pai do transe.

- Ah oi. - Meu pai sacudiu a cabeça se livrando de seus pensamentos. - Moramos aqui na frente, descobrimos que teríamos vizinhos novos e viemos dar as boas vindas. - Meu pai disse sorridente.

- Bom, no caso, vizinha, pois sou só eu. - A linda mulher disse e riu.

- Está certo, está certo. - Meu pai riu. - Esse é meu filho Youngjae. - Dei meu melhor sorriso.

- Nossa, que menino lindo. - Ela disse sorridente. - Você deve ser um pai muito cuidadoso.

- Bom, eu tento. - Ele disse. - Quase que eu ia me esquecendo, sou Choi. - Ele se apresentou e eu via a troca de olhares entre os dois, estava até sentindo-me avulso ali.

- Choi das empresas Choi's? - Ela perguntou.

- Sim. - Ele assentiu.

- Ouço muito falar. - Ela riu. - Sou Hwa-Young... Im Hwa-Young. Querem entrar?

- Não queremos incomodar. - Meu pai foi educado.

- Sim, adoraríamos. - Falei pois senti o clima que havia fluído entre os dois.
Entramos e Hwa-Young pediu para que nos sentássemos em um dos únicos móveis que havia naquela enorme sala, um sofá grande.

- Bom, como podem ver, eu ainda tenho que arrumar toda essa bagunça. - Ela riu sem jeito e sentou-se em uma cadeira que havia por ali.

- E então, Hwa-Young... Você veio de onde? - Meu pai perguntou todo sorridente.

- Estados Unidos. - Ela respondeu e eu lembrei-me de Jaebum.

- Ah, Estados Unidos? Legal... Eu estive lá há algum tempinho atrás à trabalho. - Meu pai comentou. - E você mudou-se por quê? - Meu pai estava sendo curioso demais.

- Queria ficar perto do amor da minha vida. - Ela disse rindo e meu pai ficou com uma expressão meio descontente.

- Você namora? - Ele perguntou indelicado.

- Não, não. - Hwa-Young deu uma gargalhada. - Estou falando de meu filho, quero fazer uma surpresa para ele e então me mudei, ele mora aqui por perto.

- Ah, mãe solteira?

- Sim... E sua esposa?

- Ah, eu sou viúvo. - Meu pai disse. - Ela faleceu quando Youngjae tinha apenas dez anos.

- Sinto muito.

- Não precisa sentir. - Meu pai deu um sorriso de leve.

- E você, Youngjae... - Hwa-Young pôs sua atenção em mim. - É um garoto bonito... Tem namorada ou namorado? - Ela perguntou, mas meu pai se meteu quando eu fui responder.

- Por enquanto não, já disse que só quando ele se formar... - O olhei e fiz uma cara esquisita.

- Você nunca falou isso. - Falei.

- Acabei de falar. - Ele deu de ombros. - Você já arruma muito problema, imagina se começar a namorar...

- Pai, na frente da moça não, por favor. - O repreendi e dei um sorriso á ela que nos olhava.

- Droga, não tenho nada para oferecer. - Hwa-Young disse. - Ah, espera... Acho que eu tenho uma aguinha. - Eu ri. - Aceitam?

- Claro, adoro água. - Falei.

- Desde que pegar a água não canse sua beleza. - Meu pai disse e sem querer eu dei uma gargalhada por causa daquela cantada horrível, ele me olhou sério e eu encerrei a risada.

- Tá friozinho né pai? - Falei para tontear o assunto. - De tarde a temperatura estava agradável, não acha?

- Não adianta tentar tontear o assunto, para que rir daquele jeito? - Ele me repreendeu.

- Desculpa, minha felicidade falou mais alto. - Logo Hwa-Young veio com dois copos d'água.

- Obrigado. - Falei pegando o copo que Hwa-Young me entregou e dando um gole. - Hmm... Essa água tem um gosto diferente, né?! - Tentei ser agradável, mesmo água tem gosto de... água.

- Você é tão lindo... - Ela me elogiou novamente. - Pena que meu filho é tão inconsequente, se não, eu te apresentaria ele. - Ela deu um sorriso.

- Não seria necessário. - Meu pai interferiu novamente.

- Pai... - O repreendi.

- Pais são sempre assim... A sorte de Jaebum foi que ele nasceu homem. - Quando ouvi aquele nome cuspi toda a água. - Está tudo bem? - Ela perguntou olhando para mim como se houvesse algum problema.

- Sim... Acho que me afoguei... - Ri sem graça.

- Desculpa, eu não consegui fazer um filho normal. - Meu pai disse e sorriu para Hwa-Young.

- Jaebum? - Criei coragem para perguntar. - Jaebum do que?

- Im Jaebum. - Ela sorriu e meu estômago se revirou. - O conhece?

- É... já devo ter ouvido falar...Não sei muito bem.

- Ah, deve ter ouvido o nome dele na boca de alguma amiga sua, ele sempre faz sucesso com o sexo feminino. - Ela riu, Hwa-Young só esqueceu de dizer que ele é cafajeste. - Me mudei hoje e amanhã vou até seu apartamento, o qual eu tenho o endereço... Quero fazer uma surpresa, ele nem sonha que eu estou aqui. - Ela disse feliz, será que ela sabia que ele era um gangster?

- Ele vai adorar. - E você é uma avó muito linda.

- Na verdade, acho que não. Jaebum é um pouco difícil. - Eu sei bem sobre isso.

- Difícil, por que? - Perguntei como se eu não soubesse de nada.

- Ah, meio rebelde, você sabe... Mas nada que uns gritos e uns puxões de orelha não resolvam. - Hwa-Young riu e eu ri mais ainda ao imaginar o fodão Im Jaebum levando puxões de orelha da mamãezinha.

- Vamos indo, Youngjae? Acho que já incomodamos demais. - Ouvi a voz de meu pai.

- Nossa, claro que não. - Hwa-Young disse toda simpática, nem parecia que era mãe daquela coisa. - Se eu soubesse cozinhar, juro que eu convidaria vocês para jantar. - Ela riu. - Mas vou convidar assim que eu contratar uma empregada.

- É, pai, por que você não contrata uma empregada também? - Falei cruzando os braços. - Ou eu cozinho ou temos que encomendar a refeição.

- Na verdade, filho. É só a última opção. - Ele disse e piscou. - Agora, vamos!

- Muito obrigada por nos receber, Hwa-Young. - Estávamos na frente da casa dela. - Quando quiser algo, é só atravessar a rua. - Ele disse.

- Sim, ah e a água estava ótima. - Falei. - Tchauzinho. - Atravessei a rua correndo, deixando os dois lá sozinho sentindo a química, entrei em casa e joguei-me no sofá rindo igual à uma louca ao imaginar a cara de Jaebum recebendo a surpresa.

[...]

Me encontra na sala três no sexto andar. - Mandei uma mensagem para Jaebum enquanto eu subia correndo as escadarias daquela escola em direção à essa sala, eu precisava saber como as coisas haviam ido com Chin-Sun, pensei até em contar para ele que eu havia conhecido sua mãe, mas achei melhor não estragar a surpresa, aliás, eu não sabia quem iria ficar mais surpreso, Jaebum ao ver sua mãe ou sua mãe ao descobrir que tinha uma neta.

Mandar mensagem subindo escadas nunca era uma boa ideia, pois cheguei no andar com meus joelhos doendo de tanto que eu tropecei, droga.

Entrei na sala e sentei em uma classe vazia que havia ali, na verdade, todas estavam vazias, mas aquela chamou-me mais atenção. Esperei cerca de seis minutos e logo pude ouvir passos, deduzindo que era Jaebum. Ele entrou na sala e possuía algumas olheiras, pelo visto, alguém não dormiu.

- Merda, ela chorou a noite inteira. - Ele estava de mau humor (como sempre) - Você não pode levá-la para a sua casa? - Ele disse sentando-se em cima da mesa, enquanto eu estava na cadeira.

- Ah claro, meu pai vai amar o fato de eu chegar com uma criança desconhecida lá em casa. - Falei revirando os olhos. - Com quem você a deixou?

- Com Jinyoung. Yugyeom e Jackson foram resolver umas coisas para mim. - Ele disse simples.

- Jinyoung parece ter jeito com a coisa. - Falei levantando-me. - Então tá, era só isso que eu queria saber. - Falei, pois eu estava tentando evitar Jaebum um pouco, ele realmente havia me machucado para caramba, mas antes que eu pudesse chegar até a porta, ele me puxou, deixando-me entre suas pernas.

- Nossa, Youngjae... Faz um tempinho que nós não nos beijamos ou transamos. - Ele disse.

- Pois é, acontece. - Tentei sair do seu envolvimento, mas ele não deixou.

- Um beijo você vai ter que me dar, se não, não sai. - Ele disse com um sorriso malicioso.

- Me solta, a última coisa que eu quero de você é um beijo ou sexo. - Falei meio grosso e ele arqueou as sobrancelhas.

- Ui, posso saber o motivo da revolta? - Ele debochou.

- Por que? Você nunca leva nada à sério, só usa os outros para se divertir, tanto que até uma filha apareceu na sua porta. - Falei e sua expressão mudou de suave para tensa.

- Eu vou ter que te colocar no teu lugar novamente ou você vai continuar falando comigo como se tivesse alguma autoridade? - Ele voltou a ser o verdadeiro Jaebum.

- Você não aceita a verdade, essa é a real. - O enfrentei.

- Cala a boca, não fala merda, vai começar com as suas ladainhas? - Ele riu sarcástico. - Esqueceu daquele disco? Eu exijo respeito. - Ele sorriu.

- Coisa que você não merece. Pra te ver até que ponto você é babaca, me chantageia, me humilha, diz que concordou com Mina em algumas coisas que ela disse e depois vem querer beijo.

- É que ao contrário de você, eu sei separar as coisas- Ele disse rude.

- É? Que legal, pena que eu não. Vai lá pedir beijo para Mina.

- Eu não quero um beijo dela. - Ele disse me puxando para mais perto, fazendo eu sentir seu hálito quente. - Eu quero um beijo seu. - Ele disse e partiu para meus lábios, a fim de devorá-los, mas eu não deixei. O mordi com força.- Seu filha da puta. Você me paga. - Ele gritou. - Sai daqui, Youngjae. Sai daqui antes que eu perca a cabeça e te esfole todinho. - Ele disse super bravo e eu ri, correndo em direção à porta.

Desci as escadas correndo e falei um ''au'' quando meu corpo se chocou contra alguém assim que eu cheguei no corredor, olhei a fim de ver quem era a criatura e era Bambam.

- Idiota. Não olha para onde anda, não? - Ele fingiu me xingar.

- Não, por que? Vai me bater? - A gente começou a simular uma briga.

- Vou... Só um minutinho, Mark, segura meu brinco. - Ele disse e fingiu que ia vir pra cima de mim, eu me afastei correndo.

- Só não te bato porque tô muito cansado por causa das escadas, se não tu já ia ver uma coisa. - Eu disse e nós caímos na gargalhada.

- Bela desculpa. - Mark disse e riu. Logo ele ficou no meio meu e de Bambam e colocou seus braços em nossa volta e então caminhávamos pelo corredor, aproveitando os poucos minutos de intervalo que ainda restava uma serenidade sem fim.

- Falou com Jaebum? - Bambam perguntou.

- Falei, ele deixou Chin-Sun com Jinyoung. - Disse simples.

- Esse Jaebum nunca me desceu, sempre desconfiei que ele não era o que aparenta ser. - Mark disse, pois já estava a par de tudo.

- Ele é um idiota. - Falei me lembrando de certos fatos.

- Ainda magoado com ele? - Bambam questionou.

- Óbvio, e o pior é que ele não liga, leva tudo no deboche. - Falei meio triste. - Isso já está acabando comigo. Eu estou cansado, sabe. - Desabafei.

- Fala com ele. - Mark sugeriu.

- Jaebum não ouve ninguém. - Falei. - Se eu for muito sensível com ele, pode ter certeza que ele irá rir de minha cara.

- Ai não sei. Só sei que Yugyeom é tão perfeito. - Bambam suspirou e eu dei uma gargalhada sarcástica.

- Yugyeom perfeito? Aquele ali é tão fruta podre quanto Jaebum. Já disse, os únicos melhores ali são Jackson e Jinyoung.

- Pego todos. - Ele jogou o cabelo se exibindo e eu ri.

- Com licença. - Mark coçou a garganta. - Não sou do tipo que gosta de falar de homens. - Tuan disse e eu e Bambam rimos.

- Desculpa, Mark... Mas conta pra gente, tá a fim de alguma garota?

- Lógico?

- Quem? - Eu e Bambam perguntamos em uníssonos curiosos.

- ... - Ele deu de ombros.

- É daqui da escola? Me mostra quem é que eu já resolvo tudo. - Falei.

- Não, não. - Ele respondeu.

- É da onde então? - Bambam perguntou.

- É uma personagem do meu livro de aventura. - Eu e Bambam nos olhamos e rapidamente lançamos um tapa em Mark.

- Au.

- Volta para a realidade. - Falei estalando os dedos e ele riu.

[...]

Eu estava deitado em minha cama exausto, após ter estudado pra caramba para uma matéria qualquer, até que me bateu a curiosidade de saber qual havia sido a reação de Jaebum ao ver sua mãe e qual teria sido a dela ao descobrir que era avó, e também queria saber mais outras coisas. Como eu estava puta da vida com ele, lembrei-me que eu havia o número de Jinyoung e resolvi ligar.

- Alô,Jinyoung. - Falei quando ele atendeu. - É o Youngjae, se Jaebum estiver por perto se afaste.

- Ah, claro, Hee... Espera um pouco. - Ele disfarçou e eu pude sentir ele trocando de ambiente. - Me ligando? Que novidade é essa? - Ele riu.

- Só queria saber como estão as coisas por aí... E você sabe, não quero assunto com o seu amigo.

- Vocês dois são loucos. - Ele disse. - Mas enfim, aqui está tudo bem, Chin-Sun está mais calma... E adivinha...

- A mãe de Jaebum se mudou para perto?

- Como você sabe?

- Ela está morando na frente de minha casa, aí ontem meu pai resolveu ir lá dar as boas vindas e ela acabou falando de Jaebum, o que fez eu cuspir a água toda. - Falei e Jinyoung riu. - Mas o que ela fez ao saber que Chin-Sun era sua neta?

- Ela não descobriu. - Jinyoung disse depois de respirar fundo.

- Como assim? - Perguntei sem entender.

- É, Jaebum inventou uma desculpa, dizendo que a criança era uma prima de Yugyeom.

- O que? Como ele pôde fazer isso? Por que ele mentiu?

- Porque ele quer pagar uma de bom samaritano para a mãe dele, não quer que ela descubra que ele simplesmente engravidou uma pobre coitada no passado e só foi descobrir agora, lógico que a dona Hwa-Young iria dar sermão e eles acabariam discutindo novamente.

- Sério? Então ela não sabe que o filho dela é estilo adrenalina?

- Sabe...

- Não estou entendo porra nenhuma, Jinyoung.

- Bom, ela sabe que Jaebum é uma pessoa difícil, sabe que ele sempre gostou das ruas e da curtição, também sabe que ele chefia uma gangue, mas não pode fazer nada a respeito com medo de perdê-lo.

- Ok, mas ele deixa Hwa-Young saber tudo isso, mas não deixa que ela saiba que ele tem uma filha? É isso? Por favor, Jinyoung. Tire a maconha desse pobre menino.

- Eu não o entendo, Youngjae. Sem contar que ele anda estranho, se tranca no quarto por horas e deixa a menina por minha conta e dos garotos, sai de lá mau humorado e com os olhos quase pegando fogo de tão vermelhos, sim, nós sempre soubemos que ele se droga, mas agora está indo além da conta, nem ele consegue controlar-se mais. - Quando Jinyoung falou aquilo, senti uma fincada no peito. - Não sei o que está acontecendo, ele deixa tudo para nós resolvermos em relação aos Got7, eu e os caras tentamos falar com ele, mas ele não dá chance. Eu desconfio que essa criança esteja perturbando ele, ele precisa de ajuda para lidar com isso, e você sabe muito bem quem é a melhor pessoa para ajudá-lo.

- Yugyeom. - Chutei.

- Não, Jae. Você. - Jinyoung disse. - Em relação às drogas, cara, fumar é maravilhoso eu me amarro pra caralho, mas sei os limites e Jaebum está passando dele.

- Não sei porque eu me preocupo tanto, Jinyoung. Esse garoto está sempre me colocando no cu do capeta, e lá vou eu, ajudá-lo.

- Você fará isso pelo meu amigo, Jae?

- Jae? É o Youngjae? - Ouvi a voz de Jaebum.

- Jinyoung, onde você está? - Perguntei estranhando a intromissão de Jaebum.

- No quarto, mas esqueci de fechar a porta e esse otário entrou. Larga daqui, JB, deixa eu falar com ele. - Jinyoung o xingou.

- Óbvio que não, cuzão. Me dá o telefone aqui. - Jaebum disse. - Oi, Youngjae... Só para dizer que você é uma puta. - Jaebum disse com a voz meio alterada, ele estava chapado.

- Jaebum, você tem uma criança para cuidar seu imbecil.- Ignorei o fato de ser chamada de puta. - Como você tem coragem de se chapar assim? - Perguntei incrédulo.

- EU NÃO SIRVO PARA SER PAI, PORRA. - Jaebum gritou do outro lado da linha, fazendo eu afastar o celular do ouvido. - MAS QUE CARALHO, EU NÃO SEI FAZER ISSO.

- Calma, JB. Vai acordar a menina. - Ouvi Jinyoung tentar o acalmar e eu tinha que ir lá e fazer algo, porém daqui a pouco meu pai chegaria, e se ele não me visse em casa... Eu estaria fodidao ainda não havia saído completamente do castigo. Droga, o que eu faria?

- EU VOU DAR ELA, YOUNGJAE. VOU DAR ELA PARA ALGUM TIPO DE ADOÇÃO. - Ele continuava gritando sobre o efeito das drogas, e cada vez eu sentia mais que tinha que fazer algo. Ele não podia fazer Chin-Sun passar de mão em mão assim, ela não tinha culpa de nada e eu o entendia por ele estar perdido por ter que cuidar de uma criança sozinho, me senti na obrigação de ajudar. Ajudar Chin-Sun, não ele. Desliguei o celular rapidamente e levei as mãos à cabeça pensando no que fazer, até que meu celular tocou novamente, atendi.

- Youngjae. - Meu pai disse do outro lado da linha. - Não vou conseguir chegar hoje, não me espere. Tive que vir para outra cidade resolver uns negócios da empresa.

- Sem problemas, pai. - Falei como se aquilo fosse uma luz.

- Mesmo?

- Sim, eu entendo. Te amo.

- Ok, também te amo, filho. Beijos. - Ele desligou e eu saí correndo igual um louco, pegando um casaco e as chaves do carro.

Cheguei na rua de Jaebum e estacionei na frente de seus prédios, esperei o porteiro abrir e fui voando em direção ao elevador, parecia que não chegava nunca no décimo andar, quando cheguei respirei fundo e bati na porta. Jackson atendeu.

- Ah, Youngjae. Graças à Deus. Só você para dar um jeito nesse filho da puta. - Jackson disse meio irado. Entrei rapidamente e avistei Bummie sentado no sofá com um cigarro em uma mão e uma garrafa de vodka na outra.

- Isso, seu otário. Te mata. - Falei tirando a garrafa de suas mãos, ele logo levantou violentamente em minha direção, como se fosse me bater. Larguei a garrafa em um lugar qualquer. - Você está louco, Jaebum? Quer morrer? - Lhei dei um tapa na cara e o mesmo estava meio viajando, tendo reação minutos depois.

- Você me bateu, Youngjae? É sério? Que feio. - Ele dizia meio sem se ligar no que estava falando.

- Olha para você, Jaebum. Bêbado e chapado. Tudo isso porque agora tem uma responsabilidade.

- Responsbilda... - Ele tentou pronunciar a palavra, mas não conseguia pois estava em estado deplorável. - Que? - Olhei para os garotos que observavam tudo achando aquilo divertido.

- RES-PON-SA-BI-LI-DA-DE. - Falei em sílabas.

- Youngjae, esqueça essa palavra... - Ele dizia com a voz enrolada - Eu tenho uma coisa muito importante para te falar. - Jaebum começou a dizer, mas eu vi que sairia bobagem.

- O que, JB? - Cruzei os braços.

- Eu fui lá no cara... - Ele começou a dizer de um modo bem chapado.

- Que cara, Bummie? Você está viajando.

- O cara aquele que me conseguiu esse cigarro... - Arqueei as sobrancelhas.

- Ah, claro. E desde quando eu sei quem te consegue essa porra de nicotina?

- Shiu, Youngjae, shiu... - Ele levou seu indicador à minha boca para que eu me calasse. - Aí, eu pedi um cigarro bonito pra eu tragar de leve e ele veio com esse aqui, Youngjae, vê se pode isso, ele é feio. - Puta merda, olhei para os garotos e eles riam.

- Larga isso. - Arranquei aquela coisa das mãos dele e joguei em um cinzeiro qualquer. - Olha o que você está fazendo consigo mesmo. - Falei o olhando incrédulo - Você não consegue nem pronunciar responsabilidade.

- Consigo sim, Youngiee - Sim ele falou meu nome errado. - É... Resbolissida... Não, espera aí... Reponbilissida... Ai, caralho. - Bummie estava chapado e bêbado, tinha coisa pior?

- Vem. - Falei rígido o puxando pela camisa e levando à um banheiro. - Senta aí. - Coloquei-o sentado na privada, enquanto eu enchia a banheira com água fria. - Tira a roupa, Jaebum.

- Que? - Pelo visto eu teria que fazer isso, pois ele estava vendo gnomos em marte. O coloquei de pé, sentindo seu corpo totalmente mole e pesado.

- Youngjae, Youngjae... - Ele começou a me chamar, enquanto eu tirava sua camiseta branca.

- Fala, Jaebum. - Revirei os olhos.

- Quero cantar para você... - Ai meu Deus, onde eu fui me meter?

- Não precisa, Jaebum. Pode continuar de boca fechada. - Falei abrindo seu cinto.

- Por que está tirando meu cinto? Vai me estuprar? Ui, gostoso vem cá. - Ele me puxou para perto, apertando minha bunda, e eu senti aquele cheiro horrível de álcool. Jaebum era muito mais chato bêbado.

- Me larga, Jaebum. Que porra. - Gritei.

- Ai, que menino bravo. - Ele disse e riu. - Mas eu ainda quero cantar...

- Puta que pariu. - Reclamei enquanto tirava sua calça.

- Lá lá lá em uma noite linda... - Ele começou a cantarolar e eu o enfiei dentro da banheira. - Você apareceeeeeeeeu... - Ele gritou na última palavra, pois foi de encontro com a água totalmente fria. - Ai que caralho, isso aqui tá gelado pra porra. - Ele reclamou, enquanto ele estava deitado na banheira vegetando, abri o chuveiro e deixei mais água gelada cair em seu rosto para ver se ele saía da noia. - Porra, Youngjae. Pra que fazer isso? Bêbado também sente.

- Ah, então você tem consciência de que está bêbado. - Falei. - Pelo menos isso. - Ficamos em silêncio por um tempo, até ele quebrar isso.

- Youngjae... Me ajuda. - Ele disse com a voz meio bêbada ainda. - Eu não consigo cuidar dessa criança sozinho...

- Eu disse que ia te ajudar, mas você não pode simplesmente se trancar em um quarto e se chapar, não quero mais que isso aconteça, entendeu? - Aproveitei que Jaebum estava bêbado e decidi ordenar algumas coisas.

- É o único jeito de sair da merda. - Ele disse e riu.

- Não, é o jeito de ir para a merda. - Rebati.

- Odeio isso em você. - Ele disse.

- Isso o que?

- Você é sempre o senhor sabe tudo, às vezes até me arrependo de obrigar você a ser meu. - Ele começou a dizer. - Mas eu não consigo abrir mão de você, você me deixa louco, Youngjae. Louco. - Ele dizia quase fechando os olhos.

- Vamos sair. Vem. - O ajudei a levantar, lhe entregando um roupão qualquer e saindo daquele banheiro com ele logo atrás, abri a porta de seu quarto e avistei Chin-Sun dormindo na cama de Jaebum. - Deita aí, do lado dela, sem fazer barulho. - Falei e ele deitou. - Jaebum... Eu sei que é difícil. - Eu tentava falar o mais baixo possível. - Esse lance de ser pai, você não estava preparado e tal, mas é só questão de tempo. - Falei. - Eu vou te ajudar. - Quando terminei de falar, Jaebum já estava ferrado no sono e Chin-Sun ao seu lado. - Dei um beijo na bochecha de Chin e a tapei direitinho, dei um selinho em Jaebum e também o tapei. Acho que eu já havia feito o que eu tinha que fazer ali.

- Garotos, eu estou indo para a casa, qualquer coisa me liguem. - Falei enquanto passava pela sala em direção à porta.

- Como você aguenta, Youngjae? - Jinyoung se referiu à Jaebum. - Você merece coisa muito melhor, pode ter certeza. - Ele disse e eu ri pelo nariz.

- É, eu sei disso, sei muuuuuito bem. - Falei abrindo a porta. - Se ele acordar e começar a ratear de novo, façam o favor de dar com o cano do revólver na cabeça dele, obrigado.

- Com o maior prazer. - Jackson disse. - O cara já é chato em estado normal, bêbado e chapado ele é pior, muito pior.

- Pior foi a parte que ele começou a cantar no banheiro. - Falei batendo com uma mão em minha testa. - Puta que pariu. - Os garotos riram. - Mas enfim, amanhã eu vou tentar dar uma fugida para vir aqui ajudar Jaebum com Chin-Sun, ele precisa aprender algumas coisas e se adaptar à algumas mudanças. - Falei e os garotos assentiram.

- Faça isso e eu te amarei pelo resto da vida. - Jinyoung disse.

- Você me amaria pelo resto da vida eu fazendo isso ou não. - Falei e dei um sorrisinho sarcástico para ele.

- Você é iludido demais.

- Apenas realista. - Falei. - Ah e não deixem Jaebum ir para aquela escola de jeito nenhum amanhã, porque eu sei que ele vai estar com uma dor de cabeça e um mau humor do cão e vai querer descontar em todo mundo. - Parei e pensei um pouco. - Bom... Acho que amanhã eu vou dar uma matada na aula, aí eu venho pra cá.

- E essa rebeldia sem limites? - Jackson disse e riu.

- É um por um motivo nobre, ok?

- Não acredito que você se presta à fazer isso por Jaebum. - Jinyoung me repreendeu novamente e eu meio que fiquei sem graça.

- Na verdade, vai ser por Chin-Sun, porque ela não tem culpa de nada. - Falei. - Ah e Yugyeom. - Chamei sua atenção. - Se você magoar meu amigo, eu juro que corto seu pênis.

- Que pênis? - Jackson debochou.

- Maior que o seu. - Yugyeom disse.

- Mas você já viu para saber?

- Dois veados, puta que pariu. - Jinyoung disse balançando a cabeça negativamente.

- Concordo, acho melhor eu falar para Bambam que o pretendente dele é um Bambi. - Disse.

- Youngjae, você não ia ir embora? Tchau. - Yugyeom disse e eu ri.

- Eu vou embora, mas não porque você ficou encuzado e sim porque eu devo. - Falei saindo do apartamento. - Tchauzinho.

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