Capítulo 1

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Dizem que quando você se belisca quando está dormindo, você acorda imediatamente. Grande engano. Eu me beliscara até quase deixar roxo, mas nada conseguia me fazer sair daquele sonho maluco.

Dizem também que você não costuma sonhar com pessoas que você não conhece. Outro engano. Eu não conhecia a criança que tentava se esconder atrás de mim, tampouco os quatro soldados que nos olhavam como se fôssemos uma caçada incrível.

E por fim, também não dizem que o medo instaura-se em cada uma das suas células de uma maneira muito realística ao ponto que você esquece que está sonhando. Por isso, ao perceber que estava diante de potenciais estupradores, a primeira coisa que decidi fazer foi colocar a criança de pouco mais de quatro anos no meu colo e tentar correr para longe daqueles homens.

Era meio que óbvio que eu não teria lá muito sucesso. Isso era evidente pela forma como eles riam enquanto eu descia um estampado íngreme e enxergava uma floresta bem ao longe depois de uma boa corrida depois do estampado. Contudo, não havia uma alma viva naquele terreno, o que mostrava-se infrutífera minha corrida. Mesmo que eu corresse muito, uma hora eu ia me cansar e, quando assim fizesse, aqueles soldados malditos iam me estuprar e enfim me matar.

Eu não queria nem pensar no que fariam com o pobre menino que eu carregava nos meus braços.

Por isso, impulsionei minhas pernas e comecei a correr. Uma hora eu ia acordar, não é possível! Ia correr então até lá! Mesmo sabendo que em todos os sonhos que eu tivera em que eu corria, eu sempre era alcançada.

Aparentemente nesse também, porque depois de uma longa risada, os soldados começaram a correr e se dividir para me alcançar.

Dieh, por ali! ― E eu realmente não sabia como estava entendendo o que o homem falava, já que ele aparentava falar... alemão?

Não me importei e continuei correndo. O medo instaurado em cada uma das minhas células. Eu só queria acordar logo!

― Há um glupo de soldadus inglechis amigos à direita. ― Disse o menino tentando nos ajudar a sair da presa dos alemães. Fiz o que o menino disse sem me importar se ele sabia do que estava falando. Era melhor do que ficar correndo sem direção alguma.

Consegui alcançar a floresta e continuei correndo entre as árvores. Pulei algumas raízes tabulares que ameaçavam me derrubar e ouvi animais tão assustados como eu correndo para várias direções. O sonho parecia tão natural que eu gritei quando vi um tiro atingir uma árvore mais a frente próximo de mim e um dos soldados que me caçava gritar:

― Não! Saía daí! Pare! Eu vou atirar em você se continuar correndo para essa direção, sua vagabunda! ― Disse o soldado feroz. Decidi pensar nessa possibilidade depois, agora só queria achar os tais amigos dos quais o menino falara.

A Grande Guerra e o Amor.Where stories live. Discover now