First | Kim Taehyung (V - BTS) e Kim Seokjin (Jin - BTS)

Capítulo 1

Intenso...

Era o único adjetivo que vinha na cabeça de Nari quando ela tinha os lábios de Seokjin roçando deliciosamente sobre os seus, sobretudo quando seus beijos vinham recheados com o toque possessivo de suas mãos pelo corpo de sua namorada, enquanto prensava-a contra a parede gélida dos fundos da sapataria onde o rapaz trabalhava e que servia de ponto de encontro para o casal.

Flamejante...

Era como ficava a pele de Nari quando o calor do corpo de seu namorado se misturava com o calor do corpo dela, quando toda e qualquer mínima distância era grande demais, quando os arfares entre um beijo e outro eram o único som que podia ser ouvido naquele cubículo apertado que era o único local em que eles podiam se entregar um ao outro sem medo.

Avassalador...

Era o amor que Nari sentia por Seokjin: o dono do melhor beijo, do melhor perfume, do melhor toque, da melhor carícia... E ela tinha absoluta certeza disso, por mais que ele tenha sido o único até então em sua vida, o seu único e primeiro amor. O primeiro e que o qual ela tinha absoluta certeza que seria o último.

— Minha flor... — murmurou Seokjin, com dificuldade em partir aquele beijo tão bom. — Acho melhor pararmos por aqui... — continuou ofegante. — Desse jeito não conseguirei me controlar... — finalizou, separando-se dos lábios de sua amada, porém unindo as suas testas, enquanto as suas mãos grandes não deixavam um segundo sequer de acariciar a cintura dela, como uma forma de demonstrar que ele estava ali, e que ela pertencia a ele, só a ele.

— Então não se controle — respondeu ela, afastando um pouco o seu rosto para fitá-lo olho no olho. — Eu te amo, Jin.

— Eu também te amo, Nari... — disse sorridente, acariciando o rosto dela enquanto a fitava de um modo que beirava à devoção. — Você nem imagina o quanto te desejo, mas... — Como se lamentasse muito, ele afundou o rosto no pescoço de Nari, apertando ainda mais aquele abraço, de uma forma quase desesperada, como se temesse perdê-la a qualquer instante. — Você sabe que fazermos isso tornaria tudo ainda mais difícil pra gente, não sabe? — Sua voz soou abafada contra a pele de Nari.

— Mas talvez seja a nossa única saída, Jin! — disse ela, afastando-se para fitá-lo mais uma vez, encontrando o seu olhar triste. — Se nós, sei lá, fugíssemos e nos casássemos, meu pai não iria mais nos impedir e...

— Não, minha flor! Eu não posso fazer isso com você! — disse ele, lamentando. — Seu pai tem razão em não nos querer juntos... Que futuro eu posso te dar na minha atual conjuntura? — questionou amargurado.

— "Não" digo eu, Jin! — falou perplexa com as palavras de seu namorado. — Você não pode se deixar levar pelo o que meu pai te disse! Meu futuro é ao seu lado, junto de você! Você sabe que eu não me importo com nada disso!

— Mas deveria, Nari! Você sempre teve tudo de bom e do melhor, mas já parou pra pensar em como seria sua vida ao se casar comigo? — A dor era perceptível em sua voz, ao admitir em voz alta o quanto se sentia fracassado por ser um simples sapateiro, que mal tinha dinheiro para se manter de forma digna.

— Seria uma vida feliz e cheia de amor, porque é isso o que sinto por você, Jin! Eu te amo! — falou com a voz trêmula, assim como começava a se tornar a sua visão por conta das lágrimas que embaçavam a sua visão. Não era a primeira vez que tinham aquele tipo de discussão, mas ela sentia algo diferente em Seokjin dessa vez, o que a fez sentir um grande aperto no peito.

— Você merece o melhor, Nari. Você merece ser tratada como a princesa que você é... — falou de forma melancólica, acariciando a sua face. — E o que eu posso te oferecer? Veja só onde estamos? No quartinho velho do fundo de uma sapataria, pois foi o único local que consegui pra viver! Como poderíamos construir uma família desse modo, Nari? Eu me sinto... Eu me sinto um inútil diante dessa situação. E você não sabe o quanto me envergonho disso... — Ficou cabisbaixo, desviando o olhar de Nari.

— Então o que você quer dizer com isso, Jin? — fitou o namorado, preocupada. — Você está desistindo de nós, é isso? Você... Você quer terminar?

— Não! Não! Não! — falou desesperado, com lágrimas nos olhos, envolvendo o rosto miúdo de sua amada por entre suas mãos grandes.

— E então o que pretende, Jin? — perguntou preocupada. — Eu percebi que o Jungkook estava todo estranho quando foi me chamar... — Jungkook era o irmão mais novo de Seokjin, sua única família, e que servia de "pombo-correio" entre o casal na maioria das vezes. — E chegando aqui você estava todo esquisito... Você está me escondendo algo, Seokjin?

— Eu iria te contar ainda. Acho que não posso adiar mais... — disse e logo em seguida soltou um longo suspiro, enquanto sentava-se em seu colchonete e chamava Nari para ficar perto dele. — Eu consegui um jeito de a gente ficar juntos, Nari. — Imediatamente, Nari se sobressaltou onde estava sentada, num misto de felicidade por ouvir aquilo, com preocupação pela forma nada animada com a qual Jin lhe dava aquela notícia que deveria ser maravilhosa para os dois. — Mas peço que fique calma. Vai ser tão difícil pra mim quanto pra você, isso pra não dizer que será bem mais difícil pra mim, como eu realmente acho que será.

— Jin, eu tô ficando preocupada... Como assim? Eu não entendo...

— Nari, há alguns anos, antes mesmo de te conhecer, antes de começarmos a namorar, eu me alistei no exército. E... — hesitou. — Agora eu fui chamado.

— Como? — perguntou ela, atônita, já temendo pelos planos de seu namorado.

— Eu vou para o exército, Nari.

— Mas você está louco? Estamos em guerra! Qual o sentido disso? Por que quer se distanciar de mim? — questionou chorosa.

— Eu não quero me distanciar de você, meu amor. Por favor, não pense isso! Mas essa é a única forma que encontrei de poder te dar o futuro que você merece!

— Futuro que eu mereço? Um namorado morto numa guerra é o futuro que eu mereço? — exaltou-se, algo bem típico de seu jeito "esquentadinho" de ser, o que contrastava totalmente com a personalidade mais calma de Seokjin.

— Não! Eu não deixarei isso acontecer! Eu estarei lá, mas tenho um motivo muito forte para voltar! Uma parte de meu coração vai ficar aqui, Nari... — murmurou.

— Jin... Eu não posso permitir isso!

— Já está decidido, Nari. Voltando da guerra, ganharei uma boa quantia em dinheiro, o que vai ser suficiente para abrir um negócio próprio e poder ser o que o seu pai espera para o futuro genro dele...

— Eu estou pouco me lixando para o genro que o meu pai espera, Jin! Você tem que se preocupar é com o marido que eu quero, que no caso é somente você! — berrou nervosa.

— Sim, eu sei disso. Mas seu pai nunca vai nos deixar ficar juntos, Nari, enquanto eu for esse pé rapado que eu sou! Seu pai é um banqueiro importante, jamais iria entregar a sua filha a um ninguém como eu! Indo para o exército, eu teria a chance de ser alguém na vida e de poder te dar o melhor, meu amor! Ele não teria mais com o que se opor!

— Jin, mas isso é muito arriscado! Estamos falando de uma guerra, Jin. Guerra! Tem noção? Eu não sei o que seria de mim se você não voltasse... Eu... — choramingou.

— Eu já disse que voltarei, meu amor! Eu te prometo! Confie em mim! E me espere! Continue espantando os pretendentes que seu pai lhe arranja como você faz de melhor! Ganhe tempo e em breve estarei de volta! — disse esperançoso.

— Jin... Tem que ter outro jeito... — lamentou chorosa.

— Vai dar tudo certo, minha querida. Confie em mim, confie em nosso amor. Como eu te disse antes... — falou pondo a mão de Nari em seu peito. — Eu vou, mas deixo aqui uma parte de meu coração em suas mãos. E eu não posso viver sem meu coração por completo, não é mesmo?

E não teve jeito. Mesmo com todas as súplicas, alguns dias depois, Seokjin partia deixando Nari e Jungkook para trás, com uma intensa dor no coração. Porém, ele seguiu o seu caminho cheio de convicção que voltaria sim para a sua amada.

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