Listening; Sensações e Reações - Cap 14

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Meu corpo enfim reagiu, arrancando a manta quente que me cobria e me pus de pé. Minhas mãos iam de encontro ás raízes de meus cabelos soltos, as puxando.

- Era o melhor pra você! – ele começa com a voz dura se alterando. – Você precisava saber por ele e você sabe o porquê.

- Então porque você me contou? – minha voz já se encontrava alterada.

- Pra você não desistir! – ele levanta agarrando meus braços, levantando mais a voz. – Você não pode desistir assim das coisas Georgiana, não pode. Você precisa parar com isso...

Entreolhamo-nos com uma onda de ar escuro sob nossas palavras.

- O que quer dizer? – digo entre dentes o afastando.

- Quero dizer que você precisa insistir mais e ser mais... – o interrompo.

- Insistir mais? – agora novos fios de lagrimas apareciam, evidenciando minha indignação. – O que você quer de mim? Eu levanto todos os dias tentando ignorar o fato de que se dependesse de mim eu já teria engolido todos esses remédios e acabado com tudo! Eu fui até a porcaria do clube por ele. Eu saio da minha zona de conforto todas às vezes por ele. Eu faço tudo o que eu posso. Eu vou a porcaria do tratamento, mesmo sabendo que não me ajuda. Eu recomeço todos os dias tentando imaginar que o relógio poderia congelar e me dar mais algumas horas pra procurar um pingo de bons sentimentos, do meu jeito e no meu tempo. Mas eu recomeço. Então não venha com essa história de que eu não insisto o bastante Tae. Só eu sei o quanto eu faço, só eu sei!

Em desabafo meu amigo se cala, apenas fitando o chão. Minha respiração já se alterava mais que o normal me causando dor no peito e eu não conseguia disfarçar a falta de ar que me vinha junto. Eu puxava o ar de meus pulmões quase os arrancando pra me manter respirando, minhas mãos pequenas iam tateando minha mesinha em busca de apoio. Tae logo se apressou em me abraçar como uma ursa mãe. Meus braços não o envolveram, permaneceram quietos e firmes sob a mesa. Apenas ergui a cabeça procurando vestígios de um ar puro, que pudesse me penetrar tirando toda a sensação de surto em mim. Procurando por paz

- Desculpa. – ele tinha os olhos levemente molhados pingando finas camadas de arrependimento em minha nuca. – Eu não devia ter omitido, eu sei o que isso significa pra você, sei as lembranças trazem. Me perdoa, Geo.

Ele erguia o topo da cabeça e com as mãos secava as lágrimas frias em meu rosto enquanto eu ainda controlava minha respiração. O silêncio veio em forma de reflexão, sendo cortado apenas por meu fungar de nariz.

- Eu quero ficar sozinha. – digo apática.

[...]

Era cedo e o céu derretia suas nuvens escuras e pesadas sem pudor, fazendo descer uma quantidade considerável de chuva naquele dia demasiadamente abafado, alimentando nossa calçada na frente da casa que era coberta por flores que mamãe cultivava com afinco. Alguns dias haviam se passado após a confissão de Taehyung e tudo entre nós já não era mais do que apenas o passado. Eu o perdoara assim como lá no fundo sabia que faria, pois de certa forma ele não só sabia quem eu era como ninguém como me completava em dias tão chuvosos como aquele acima de nossas cabeças. Erámos de certa forma parte um do outro, não havia desentendimento que perdurasse em nós. Confesso que lá no fundo de meus sentimentos sabia que deveria lhe dar razão.

Era um desejo não só meu, mas de minhas borboletas também, que seria algo extraordinário ouvir as palavras macias vindas direto dos lábios do próprio Jungkook. – mesmo que não tenha sido possível. – Engolir a espera ansiosa que martelava em minhas mãos trêmulas em cada uma das vezes em que o via de relance pela casa era insuportável. Eu o evitara covardemente nos dias que se passaram e me arrependia á cada cutucada que minha mente me dava me beliscando – covarde. Aquela coragem que havia subido em um vapor quente em mim no momento em que processava as palavras de Tae ainda não havia se posto de pé. Acredito que ela esperava pelo momento certo para aparecer, ou talvez só quisesse se certificar melhor sobre meus passos, sempre á frente, nenhum a menos para trás – seria nossa nova regra – Difícil regra.

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