Eu o olhei com uma sobrancelha erguida e um sorriso torto.

- E a bela paisagem seria você?

- É claro! Quem mais?

- Tá olhando pra ela - brinquei, dando-lhe uma piscadela. - Não sei como continua perseguindo Jungkook quando tem uma beldade como eu bem na sua frente.

Ele bufou uma risada, voltando a se encarar no espelho.

- O que eu gosto, Nini, você não tem pra oferecer.

Sacudi a cabeça, sorrindo, e finalmente depositei em Jimin minha atenção e estudei sua aparência como ele queria muito que eu fizesse. Estava elegante no terninho despojado, que parecia se misturar agradavelmente com os cabelos prateados.

A gravata-borboleta vermelha era um contraste e tanto. Bem a cara de Jimin.

- É um belo traje - falei com sinceridade.

- Só isso? Nada de 'você tá incrivelmente maravilhoso'?

- Se está descontente com meu elogio, eu o retiro.

Ele bufou. Eu, revirando os olhos, terminei de ajustar a posição da última peça da câmera para logo em seguida colocar a bateria. Fechei a abertura lateral e, com um suspiro, pressionei o botão de ligar.

Curioso, Jimin se aproximou para ver o resultado.

E para a minha total surpresa, a câmera ligou.

Não que eu não confiasse em minhas habilidades - na verdade, eu era muito boa em concertar coisas -, mas depois de tanto tempo evitando fazer aquilo pra não ser consumida por memórias indesejadas, realmente esperei que fosse estar enferrujada. Ou, no mínimo, um pouco sem jeito.

Suspirei audivelmente ao perceber que me enganei.

Quando o sangue é forte..., sussurrou uma voz odiosa na minha cabeça. Eu rapidamente a afastei.

Ao meu lado, Jimin tomou a câmera de minhas mãos. Tentei pegá-la de volta, mas ele se afastou. Andava em círculos pelo pequeno loft estudando cada lado surrado como se fosse um joalheiro avaliando a qualidade de um diamante.

- Não entendo porque Lalisa simplesmente não comprou uma câmera nova. Veja essa: tem vários arranhões e, definitivamente, é tão velha como fóssil de dinossauro.

Eu me ergui, tentando novamente pegá-la da mão dele.

- Cuidado com isso - eu o alertei, me sentindo agoniada pela maneira como ele segurava o objeto. - Você viu como ela ficou quando pensou que essa coisa ia pifar.

Jimin fez uma careta.

- Como pode ser tão chata? Temos um tesouro em mãos, cheio de história.

- Jimin...

- Qual é, Nini! Não me diga que, em nenhum momento sequer, pensou em fuxicar o que há no rolo de fotos da famigerada Lalisa Manoban? Dúvido. Sua cara de santa não me engana.

- Isso é invasivo demais, Jimin. Até pra você.

Me ignorando completamente, ele se ajeitou na borda da cama para bisbilhotar o conteúdo da câmera.

Com um suspiro derrotado e com certa curiosidade, sentei ao seu lado.

- Preparada para ver muita coisa suja? - Jimin sorriu com animação. - Aposto que a Manoban grava todas as suas aventuras sexuais nessa velharia.

Eu comecei a me afastar com a hipótese de ver cenas indejadas, mas então Jimin foi até a galeria e o que encontramos ali nos surpreendeu.

Eram imagens aleatórias que iam desde um tênis jogado no meio de uma trilha de trem até o pôr do sol visto do topo de um grande prédio.

You Give Love a Bad Name | JENLISAWhere stories live. Discover now