CAPÍTULO 39: O Casarão Romanblack

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Eles deram a volta em Pandora, passando por detrás do pequeno centro comercial para alcançar um dos portões do grande muro de pedra para sair da cidade. Ele era velho e enferrujado e a grama ao seu redor estava alta, o que fez Rebeca acreditar que eles eram os primeiros a passar por ali em alguns anos. Seguiram por uma estradinha estreita de cascalho, os muros e os pilares reluzentes de Esdom ficando cada vez mais distantes enquanto iam para dentro da floresta, que se alinhava em ambos os lados da estrada, impedindo que qualquer coisa além de árvores, troncos e arbustos pudesse ser vista.

– Eu realmente não entendo – resmungou Rebeca – Oen criou uma barreira para proteger a Terra, criou super-humanos e uma pedra mágica, mas não pode criar um único veículo que funcionasse aqui? Não que eu desgoste do Bolacha – ela acrescentou, repentinamente apavorada com a ideia de que Oreo pudesse ser tão sensível quanto Duquesa – Mas um carro anti-barreira seria bem útil.

– Possivelmente – disse Noah – Haviam preocupações maiores do que meios de transporte na época.

Ele estava falando daquele jeito que fazia com que cada sílaba soasse pior do que um xingamento. Rebeca detestava quando ele falava assim.

– Isso me fez lembrar de uma coisa – ela disse, ignorando-o. – Você sabe andar de táxi.

– Você jura?

– O que eu quero dizer – ela continuou, respirando fundo para não gritar com ele. – É que você sabe andar em Nova York, conhece as ruas e os lugares, e é literalmente de outro mundo. Como consegue?

– Realmente acha que tudo o que aprendemos em Pandora tem haver com exterminar e matar? – ele arquejou, fazendo Rebeca sentir a risada presa em seu peito através de suas costas. – Nós somos mandados para todos os cantos da Terra para cumprir nossas missões. Obviamente temos que saber nos movimentar e localizar no máximo de locais possíveis.

– Mas você parece conhecer Nova York tão bem...

– Isso é culpa de Neko – ele disse. – Nós tínhamos um acordo algum tempo atrás: Eu buscava e levava coisas para ele e, em troca, ele me mantinha informado sobre uma pessoa.

Rebeca notou a voz dele escurecendo, perdendo qualquer emoção ou sentimento.

– Que pessoa?

– Damion – disse Noah, respirando lentamente. – Eu estava convencido de que tinha de buscar justiça pelo meu clã, me achava um vingador.

– Foi ele quem destruiu seu clã – ela concluiu baixinho, baixando os olhos para as mãos que seguravam a sela firmemente. Não precisou olhar para trás para saber que ele estava balançando a cabeça, confirmando. – Lisandre disse que talvez ele já esteja morto...

– Não está, só espalharam essa história para não causar pânico. – Noah rebateu com convicção – Ele é praticamente um fantasma, nunca aparece e, quando o faz, suas aparições não duram mais do que poucos minutos. – Sua voz estremeceu de raiva. – Não é de hoje que ele está tramando alguma coisa, planejando algo, mas o Congresso tem medo demais de investigar e descobrir algo indesejado, preferem ignorar e fingir que não tem nada acontecendo.

– Ele já perdeu tudo, pelo que eu sei – disse ela, tentando soar tranquila – O que poderia estar querendo agora?

– Vingança, retaliação, extermínio em massa – ele suspirou – Você.

Eu?

– Você é a única pessoa viva que pode ter alguma conexão com Algora, e era dela que ele estava atrás quando deu as caras pela última vez.

A Receptora - O Ritual de Iniciação (livro um) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora