Capítulo 1 - Um dia no inferno

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Não sabendo nem como reagir àquela situação, Hide caiu de desespero e saiu correndo para dentro do quarto fechando as portas da varanda rapidamente. Enquanto se apoiava na porta de vidro com o coração mega acelerado, apenas se perguntava com os olhos arregalados.

- O que era aquilo...?

Era possível notar mais e mais barulhos como os que ele ouviu nos escombros surgindo do lado de fora. Hide virou seu rosto olhando para várias luzes vermelhas no meio de uma imensidão preta, arregalando mais os olhos parecendo que iria desmaiar de pânico.

Acordando assustado no chão que havia desmaiado na noite anterior, Hide notava que já era de manhã com o sol batendo em seu rosto pela janela de vidro. Levantando-se ainda meio em choque com o que tinha visto, ele olhou pela varanda mas não viu nada das luzes vermelhas, sentindo um alívio, perguntando-se se aquilo realmente aconteceu ou era delírio de sua mente.

-Só aparecem à noite?

Sabendo que teria de enfrentar seja lá o que forem aquelas coisas, Hide pegou uma arma de plasma que havia na casa. Ele se veste, salta da varanda e novamente saiu em direção a sua moradia, já na cidade que antes era uma das cidades mais iluminadas e movimentadas do mundo, agora era apenas um deserto de concreto e metal. Andando e tentando encontrar o caminho certo, constantemente o rapaz parava para olhar o local e pensar, e uma vez para descansar. Nem comida possuía mais. Quando menos percebia, a noite chegava novamente, fazendo com que Hide procurasse um local para passar a madrugada. Como na região os prédios estavam todos destruídos, teria que passar no terraço de um deles, sendo assim feito, encostando em uma ventilação quebrada, Hide colocou seu capuz, e, com a arma em mãos, ele adormeceu.

Acabou acordando com um bufo de ar em seu rosto. Foi aí que ele pôde ver aquele rosto quase desfigurado e aquela mandíbula serrilhada de metal. Sentia os braços do ser que pareciam garras chegando mais e mais perto. Sua primeira reação depois de gritar foi atirar com a arma em sua mão. O plasma destruiu o tórax da criatura que gritava de um jeito amedrontador de dor, o sangue se espalhou pelo chão do local e pelo rosto de Hide, junto com partes das entranhas da criatura. O rapaz, ainda assustado e ofegante, não sabia como reagir à cena. A criatura era humanoide como ele, mas bem maior, com partes robóticas que só facilitavam o fato de a criatura não ter sido explodida em pedaços pelo tiro, apenas atravessando o tórax dela.

Mas mesmo com o ser se afastando pelo tiro, ele não estava satisfeito, pelo contrário, estava ainda mais irritado, indo pra cima de Hide com tudo a fim de despedaçá-lo. O rapaz, sem saber o que fazer, puxou novamente o gatilho da arma várias vezes enquanto gritava de desespero. Um dos tiros acertou em cheio a cabeça da criatura, explodindo-a e matando de vez. Enquanto o sangue se espalhava pelo chão, Hide tentava recuperar fôlego e acabar de assimilar que ele havia matado um ser de forma feroz. Foi a sua primeira morte, algo que pensou que nunca faria na vida, mas, não aguentando o nervosismo da situação, combinado com o cheiro forte de entranhas, Hide acabou vomitando ali mesmo.

- Calma... Isso vai ser normal daqui pra frente... Tem que aceitar. - Conseguiu acalmar-se, mas não antes de vomitar de novo ao olhar para a criatura toda desfeita.

Mas o nervosismo mal havia começado, pois quando o rapaz olhou para trás, havia mais luzes vermelhas aparecendo e vindo em sua direção.

- Ah, dá um tempo. - Sem pensar duas vezes, Hide saiu em disparada pelos prédios pulando com a ajuda de seu aprimoramento, sendo perseguido pelas criaturas que, por causa das partes robóticas, conseguiam acompanhar o ritmo do rapaz em uma perseguição implacável.

Uma das criaturas acabou alcançando-o, mordendo e cravando a mandíbula no ombro direito de Hide. Gritando de dor, ele sacou uma lâmina de seu braço direito, atravessando-a na cabeça da criatura e tirando-a de cima dele. Tendo que ignorar a dor e o sangue que escorria, o rapaz voltou a correr por sua vida. Conseguindo chegar no térreo de um prédio, o braço esquerdo dele deu um sinal para o rapaz que ele havia chegado em seu apartamento. Conseguiu despistar as criaturas, mas isso não duraria muito tempo.

Então, não pensando duas vezes, Hide quebrou a janela de seu quarto para entrar e logo se escondeu para despistar de vez as criaturas. Após não sentir mais eles o perseguindo, o soldado pôde enfim relaxar. Incrivelmente seu prédio não havia sido destruído e seu apartamento estava intacto e com energia ainda por cima.

- Isso é coincidência até demais... - Hide retirava sua máscara, deixando sua arma em um canto, ele enfaixava seu ombro e estancava o sangramento. Aproveitando que seu apartamento ainda possuía energia, foi ver em seus computadores se algo poderia dizer o que aconteceu nesse tempo para o mundo ficar nesse estado. Enquanto o eletrônico ligava, Hide bebia uma garrafa de água.

Porém a bebida não ficou tanto tempo em sua boca, pois, após ver os registros de dados em seu monitor, com o susto o rapaz cuspiu o que estava bebendo. Não conseguia acreditar na data que seu aparelho estava marcando, queria acreditar que era mentira. Porém, verificando mais a fundo, as notícias pararam de ser publicadas há tempos da data do computador, foi aí que Hide descobriu mais um fato para piorar sua vida. Ele não havia desmaiado por pouco tempo como alguns dias.

E sim 6 anos

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