Sete etapas • Tom Holland

22- saudade e onde o sol não bate

LUANA GUTZMANN 

Eu passei a tarde inteira no meu quarto ouvindo risadas e musicas vindo da área infantil, eu até poderia ir lá, não estava proibida de ficar perto dele, mas tenho que me convencer que ficar perto dele já não me faz bem como fazia dias atrás e eu não gosto de ficar próxima à pessoas que me fazem mal; olhando o relógio uma lagrima desce involuntariamente do meu olho, era nesse horário que ele costumava me trazer o jantar como um pequeno pretexto para me ver uma ultima vez no dia, ele sabia que não precisava disso, mas mesmo assim fazia. 

Eu sinto falta dele, claro que sinto, mas ele realmente quebrou meu coração, Thomas em pouco tempo se tornou mais importante para mim que muitas pessoas que eu conheço desde que nasci, ele havia colorido o meu mundo, ele transformou o jeito que eu via o mundo, antes eu tentava ao máximo colorir todas essas paredes brancas com desenhos, quadros e qualquer outra coisa que visse pela minha frente, Thomas coloriu essas parecem sem se quer toca-las (não vou citar a mancha de molho que tem na parede ao lado da mesinha), cada canto desse quarto me lembrava de um momento com ele e isso dava a elas um novo significado, um significado bom, mas que agora me faziam chorar.

Eu adoraria correr para os braços dele agora mesmo e dizer o quanto eu amo ele e o quanto ele é perfeito para mim, mas eu não posso, como vou fazer isso sendo que ele quebrou meu coração? Como vou fazer isso se ainda não confio nele como antes? Eu realmente prefiro me afastar para me curar e depois voltar para ele bem; sei que se eu falasse isso para ele, ele continuaria correndo atrás, e não é isso que eu quero, então preciso ser um pouco grossa quando ele é o assunto, não só por isso, mas porque é o único jeito de me segurar e não sair correndo para os seus braços; claro, não espero que ele fique esperando de braços cruzados eu ficar bem, claro que não, ele precisa viver a vida dele, e eu tenho consciência disso.

Em poucos instantes eu ouço baterem na minha porta, Mary deve ter se dado conta de que vossa senhoria não virá mais me trazer o jantar 

THOMAS HOLLAND

-Eu não sei se deveria - digo já com um pacote de Fast food em mãos e um livro novo em baixo do braço, estava tentando equilibrar tudo enquanto Haz e meus irmãos me incentivavam a bater na porta da Lua 

-Claro que deve - Haz me da um empurrão e eu olho feio para ele que apenas ri 

-Você tem que lutar pelo amor da sua vida - Sam sorri 

-Qualquer coisa nós vamos estar aqui fora - foi a vez de Harry falar e colocar a mão no meu ombro - agora vai - ele bate na porta e os três saem correndo 

Eu sabia que assim que eu entrasse no quarto (se a Luana me deixasse entrar) eles voltariam tão rápido quanto foram para ouvir ela gritar comigo pela porta, depois que Harry bateu, foi questão de segundos até eu ouvir um "pode entrar Mary", mas sua voz estava fraca, ela parecia triste.

-Eu não sou a Mary - eu disse entrando no quarto

Seu semblante estava triste, ela estava com o rosto inchado de quem passou algum tempo chorando e tinha um livro nas mãos, seu cabelo estava bagunçado como sempre e vestia um pijama com desenhos de fantasminhas.

-Então vai embora - ela se quer tirou os olhos do livro para me encarar, ao analisar melhor percebi que aquele havia sido o primeiro livro que eu lhe dei

-Eu trouxe fast food - disse sorrindo e colocando o saco na pequena mesa de seu quarto 

-Thomas eu quero que você enfie esse fast food em um lugar onde o sol não bate - ela falou duramente sem olhar nos meus olhos

-Me deixa te explicar Lua - eu sentei na cama e coloquei o livro que trouxe perto dela 

-Explicar o que? Que você estava me fazendo de idiota esse tempo todo? - dava para ver que ela queria chorar, mas não iria, claro que não, estamos falando da Luana, portanto a sua tristeza era transmitida como ódio 

-Eu não estava te fazendo de idiota. Pelos céus Luana, eu te amo.

-Você ama o caralho que ama, Thomas - ela praticamente gritou - você prometeu olhando para os meus olhos que seria sempre sincero, dias depois eu descobro que falou isso enquanto mentia, como você espera que eu confie em você? Você estava montando em espetáculo onde você era o personagem principal que se fingia de apaixonado por uma garota à beira da morte, não adianta fingir que eu estou errada.

-O que? Claro que não Luana, o fato é que todo mundo sempre me tratou diferente por saber quem eu sou, mas você não, depois eu descobri que você nem ao menos sabia quem eu era, ai tudo começou a fazer sentido, e então eu fiquei com medo de te contar e você mudar - ela ia me cortar nessa parte mas eu a olhei como se  pedisse para que ela me deixasse terminar e então ela não falou nada  - não achava que você ia começar a me bajular, te conhecia o suficiente para saber que isso nunca iria acontecer, mas tinha medo de você me afastar, isso porque também te conheço o suficiente para saber que odeia ser o centro das atenções, e eu estou no centro dos holofotes, para mim, no momento que você descobrisse isso, você ia sair correndo.

-Thomas, por favor, sai do meu quarto - ela disse com os olhos fechados 

-Você vai mesmo fazer isso com a gente? - perguntei me levantando da cama 

-A gente? Thomas acorda, nunca se quer existiu um "a gente" - ela ri irônica - por favor, saia 

E então eu saí, como haviam prometido antes eles estavam me esperando no corredor, não ao pé da porta como eu havia imaginado, mas sentados no chão, Tayler estava com eles também, ao verem meu rosto eles vieram e me abraçaram 

-Você não esta bravo comigo igual sua amiga? - perguntei olhando para o moreno 

-Eu não, Luana é cabeça quente Tom, logo ela se arrepende, pode ter certeza 

-Eu acho que dessa vez não 

-Eu conheço aquela mulher, sei o que estou falando - ele sorri e entra dentro do quarto dela

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Luana é surtadíssima, a coitada precisa de um psicologo URGENTE.

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próximo: 18/01/2020