9- Desenho, namorada e remédios

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LUANA GUTZMANN

-Vamos lá, me deixe ver o que você está desenhando - Thomas insistia para que eu lhe mostrasse o desenho que estava fazendo dele, mesmo eu avisando que ainda não estava pronto

-Não, e se você continuar não vai ver nunca - eu ainda rabiscava o papel e ele fez cara de garoto mimado que não sabe ouvir "não"

-Sim meus caros amigos, esse momento existiu, alguém conseguiu dizer não para o Thomas Stanley Holland - Harry falou enquanto levantava de sua mesinha para me dar parabéns - uau, tá bonito - ele diz após ver o meu desenho

-Obrigada

-Por que ele pode ver e eu não? - Tom pergunta ainda emburrado

-Porque eu não quero que você veja - eu respiro fundo fazendo todos rirem - Thomas, por Deus, você é insuportável

-Não sou

-É sim - os irmãos e Harrison dizem em coro fazendo ele ficar mais emburrado e eu rir

Fiquei boa parte da manhã e o comecinho da tarde com eles, mas logo Drizella apareceu para fazer o que ela sabe fazer de melhor: encher a minha paciência, me irritar e acabar com a graça

-Boa tarde meninos - ela disse animada antes de olhar para mim - e Luana - ela respira fundo e o seu tom de voz fica desanimado

-Bom tarde - os meninos respondem normalmente

-Boa tarde Drizella - eu nem me dou o trabalho de olhar para sua cara

-O que faz aqui Luana? Você não deveria estar no seu quarto?

-Você quer que eu fique trancada no meu quarto o dia inteiro? Não vou bancar a Rapunzel porque a madame quer, não estou presa

-Na verdade você está sim queridinha, você não pode sair do hospital - ela diz apenas para fazer com que eu me chateie

-Er... eu que pedi para ela ficar - Thomas se pronuncia um pouco sem graça ao perceber que o clima já não estava dos mais agradáveis - não achei que teria algum problema

-Ah já que é assim tudo bem Tommy, ela pode ficar se você quiser - ela mexe no cabelo enquanto fala

Ela nem disfarça que está dando encima dele, eu achava que ela era ruim, mas ela é podre, joga no lixo

-É, mas já que você vai ficar, eu vou me retirar, é melhor para nós duas - eu pego meus matériais na mesa, dou um beijo na testinha da Alicia, garotinha que eu costumava brincar e que por coincidência do destino estava ao meu lado

Já estava começando a escurecer e eu estava deitada na minha cama já fazia algum tempo, estava usando a mesinha da cama como apoio para colorir o desenho que estava fazendo do Thomas, essa é geralmente a hora que nos trazem café da tarde, e no meu caso, mais remédios do tratamento, batem na minha porta e eu só grito um "pode entrar, Mary"

-Sinto te dizer que não é a Mary - um ser cuja voz que eu já conhecia bem abre a porta com minha bandeja na mão - Trouxe seu lanche - ele sorri

-Tá dando uma de enfermeiro também é? - eu digo rindo e ele põe a bandeja na mesinha da cama me fazendo respirar fundo - Aqui não Tom - eu pego a bandeja saindo da cama e ponho na mesa - se você vai ser enfermeiro tem que aprender que eu só uso a mesinha na cama em dias ruins

-Respondendo sua pergunta, não estou, trouxe sua comida porque estava vindo para cá, então pedi para a tal da Mary, fomos de Thomas para Tom? É um ótimo avanço

-Então eu tenho um enfermeiro particular? em 20 anos isso nunca havia me acontecido, e eu só te chamei de Tom porque você trouxe minha comida - ele riu negando com a mão na nuca - mas afinal, o que te trás aqui - eu puxei uma cadeira para ele sentar e me sentei na outra

-Ué, eu vim ver a minha amiga que até hoje não me mandou mensagem - enquanto ele falava eu afastei os remédios de perto da minha água fazendo careta - Mary falou que eu tenho que me certificar de que você vai tomar os medicamentos - reviro os olhos em resposta

-Amiga? já estamos íntimos assim? - eu perguntei com as sobrancelhas arqueadas - eu não mandei mensagem porque se eu fosse sua namorada, não ia gostar de uma desconhecida trocando mensagens com meu namorado

-Namorada? Eu não tenho uma namorada - ele respondeu rindo

-Ué, e a garota que veio de buscar da internação? - eu fico confusa

-Zendaya? Ela é só minha amiga - ele ri - pode me mandar mensagens se este for o seu receio, minha namorada inexistente não vai se importar, tenho certeza - ele diz nos fazendo rir

-Mas eu estou falando sério, deixa eu jogar isso na privada? A Mary não vai nem saber- eu seguro o potinho com a ponta dos dedos fazendo cara de nojo e ele ri

-De jeito nenhum eu vou te apoiar nisso, você tem que tomar os remédios, como espera melhorar e sair daqui?

-Mas é aí que está meu caro Thomas, eu não vou melhorar com isso - eu aponto para o potinho com os comprimidos - e eu prefiro morrer do que ficar tomando remédios para o resto da minha vida, ou até alguém que tem o mesmo peso, tipo sanguíneo, altura e entre outros morrer e ter um coração que preste, diferente do meu

-Você não deveria pensar assim

-Você queria que eu pensasse como? - eu ri ironicamente - Que vai ficar tudo bem e que eu milagrosamente melhorar? eu realmente já pensei assim, mas eu acabo voltando para o mesmo lugar de sempre - eu abro os braços como se estivesse lhe mostrando meu quarto - Conhecer todos os funcionários do hospital não é tão legal quanto parece

-Você é pessimista demais - ele revira os olhos e cruza os braços

-Isso não é pessimismo, é realismo - eu levantei da cadeira - Toma, é o desenho que eu fiz de você, não faça eu me arrepender disso

-Uau - ele diz quando olha para o desenho - Tá muito bom

-Eu sei, fui eu que fiz, você esperava o que?

-Modesta você, né? - ele diz rindo

-Já disse, eu sou realista , é diferente

-Ah deve ser sim

Tom e eu ficamos um bom tempo conversando, até que Harrison chamar ele alegando que precisavam ir embora para resolver algo com o "carro ferrado", eu não entendi muito bem, mas relevei, nos despedimos e eles foram embora, olhei para o potinho que ainda estavam com todos os comprimidos dentro e ri desacreditada

"Se você quiser saber, eu tomei os medicamentos (infelizmente)"

eu enviei a mensagem enquanto sentia um dos comprimidos descer pela minha garganta fazendo uma careta, eles realmente tinham um gosto horrível.

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Sete etapas • Tom HollandOnde as histórias ganham vida. Descobre agora