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Tudo em mim gritava ciúmes, eu sentia um ciúmes que eu nunca tinha sentido de ninguém em toda minha vida, foi assim que a Thaylise se sentiu quando viu nossas mensagens? Parece que o Karma nunca falha mesmo. Eu queria gritar, xingar, mas com que direito né? Agora tudo faz sentido, era o moletom dele sem dúvida no sofá dela, era a voz dele mesmo no corredor, ele enfim seguiu em frente, todo mundo segue, eu nunca vou ser especial o suficiente pra alguém.

Victor apoia uma mão na parede e o sorriso dele se desfaz quando a ele me vê, ele paralisa e fica me olhando como se eu fosse uma assombração, Priscila não demora a perceber e segue o olhar dele até mim, ele fica com a boca entreaberta como se quisesse falar algo mas nada saí. Logo a cara de espanto dele se desfaz

"Olha se não é a razão das minhas noites em claro" ele ri, Priscila dá um tapa na cabeça dele e ele fica quieto.

Ele se aproxima e eu dou um passo pra trás, não sei se eu estou pronta pra ver ele na luz mais forte, a luz do elevador não ilumina o rosto dele como a do corredor.

"Fala alguma coisa, tonto" Ouço Priscila sussurrar pra ele.

"Só assim pra eu poder te ver né" ele diz, sua voz me passava muito rancor, ele me olhava como se eu fosse alguém estranha, como se ele não me conhecesse, o que aconteceu com a gente? Será que fui tão dura a ponto de destruir de vez o que ele sentia por mim? Se é que ele sentia....

"Não isso, babaca, meu Deus.." Priscila esbraveja.

Eu ainda não sei o que dizer pra eles.

"Amiga.." Priscila chama minha atenção e eu olho pra ela com raiva, como ela pode fazer isso comigo? Sinto meus olhos lacrimejar em, mas ainda assim não consigo proferir uma palavra "E-eu...eu tenho muita coisa pra te explicar mas primeiro fala com ele"

"É, fala com ele..." Olho pro Victor confusa "Quer dizer, comigo" ele desfaz a confusão que ele mesmo criou.

Priscila revira os olhos pra ele e sai do elevador, me afasto mais ainda quando ele a acompanha e agora posso vê-lo nitidamente, ele não estava diferente do que eu me lembrava mas ele parecia outra pessoa, não sei explicar como, ele estava de roupa social, uma calça preta lisa, uma blusa branca desabotoada até a metade mostrando o peito dele, meu coração acelerou descontroladamente quando nossos olhos se encontraram, eu chacoalho a cabeça tentando sair do transe.

"Você tá bêbado"  Não era uma pergunta mas acabou soando como uma.

"E-eu... não é tanto, eu tô bem" ele nega.

"Tá, eu vou..." Priscila começa a falar enquanto procura algo na bolsa, ela pega a chave e solta um suspiro "Eu vou indo, conversa com ele" ela olha bem nos meus olhos, e eu não sabia o que pensar dela naquele momento, pra mim eu a via como uma pessoa que tinha traído a minha confiança, enquanto eu sofria por ele e desabafa com ela, eles saiam juntos. Ela se vira e entra em seu apartamento, deixando nós dois num completo silêncio.

Meus pés se mexem impacientemente, eu queria mesmo conversar com ele? Será que essa conversa seria algo como "Estou apaixonado por uma das suas amigas, queria que ficasse tudo bem entre a gente" Porquê sinceramente, não sei se estou pronta pra tal conversa, não sei se aguentaria, apesar de entender que a vida poderia sim aprontar uma dessas comigo, que o karma poderia estar rindo da minha cara agorinha mesmo, eu não sou feita de ferro e isso me destruiria.

"Se você tiver com ela, fala logo pra eu entrar" bato o pé no chão. Ele demora pra me responder, o que só aumenta meu nível de ansiedade, olho pra ele pra ver se teria algum sinal de hesitação, mas ele franze a sobrancelha, balançando a cabeça...

"Você tá maluca? Eu e a Priscila..." Ele debocha e eu não consigo dizer se ele está mentindo ou não. "E você tá bravinha ainda por cima? Tem certeza que você tem esse direito?" Victor bêbado é cheio das ousadias, já percebi, reviro os olhos e caminho até minha porta.

𝓢𝓾𝓻𝓽𝓪𝓭𝓪 ♡ Where stories live. Discover now