Os Novos Dias

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 Voltei pra casa entorpecido,e tudo que fiz em seguida foi automático,não conseguia esquecer seu rosto,seus olhos me medindo,como se tentasse se lembrar de alguem e não conseguisse,aquilo me queimou,e estava me destruindo,me afetando. Eu sentia pequenas fagulhas se instalarem em meu peito,como se eu estivesse prestes a entrar em combustão.

Minhas pernas tremiam,de modo que não conseguia ficar de pé,me sentei no sofá,com minhas mãos sustentando minha cabeça,sentia pequenas gotas quentes em meus olhos,deixei que elas descessem,pequenos espasmos surgiram em meu peito,e em um instante eu chorava,silenciosamente,secretamente.

Me repreendi mentalmente, eu não devia estar sofrendo assim,não devia me importar. E me acalmando lentamente senti as fagulhas diminuirem e aos pouco se estinguirem,e então respirei fundo,me levantei,fui ao banheiro pensando em lavar meu rosto,tirar um pouco das lágrimas que marcavam minhas bochechas. Quando entrei,me deparei com o espelho,me deparei com meu reflexo,eu parecia diferente,meus olhos não estavam cercados por bordas roxeadas,e meu rosto parecia ter ganhado um banho de sol,ainda que estivesse avermelhado por conta do choro,eu me sentia outra pessoa,me sentia cicatrizado. Algo me fez sentir bem naquele momento,resolvi tomar um banho,só pra me limpar daquele dia. 

Só pra lavar minha alma de vez.

Cartas de um SuicidaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora