Cartas de um Suicida

Suas Boas Notícias.

Mila olhava para todos os lados impressionada, achei engraçado quando seus olhos se abriram de forma exagerada e sua boca formou um "O" assim que viu a sala de jogos, e ainda impressionada me perguntou :

- Quantas crianças moram aqui?

Eu sorri, ela estava fascinada com tudo á sua volta.

- Só uma criança - Disse achando graça de seu rosto perplexo.

Ela riu da minha cara, andou até o meio da sala me dando uma visão perfeita dela. Mila usava um vestido que marcava sua cintura e era solto nas pernas, haviam girassóis amarelos por todo o seu vestido, que a deixava com ar de anos 60.

Ela colocou as mãos na cintura e disse olhando em meus olhos.

- E essa criança está por aqui ?

Me aproximei mais um pouco dela, seu perfume era fresco, e seu olhar fazia minha pele se arrepiar.

- Acho que ele não está aqui no momento.

Ela sorriu, mas não com a doçura de sempre, havia algo a mais, uma espécie de desejo estampado em seus lábios, e aquilo foi o bastante para que eu abraçasse sua cintura e acariciasse seu pescoço com minha respiração pesada, ela respondeu com um suspiro me apertando mais contra seu corpo.

- Acha que ele vai demorar ? - ela perguntou com a voz baixa.

- Acho que ele vai demorar muito, talvez nem apareça por um tempo. - Disse com a voz urgente e cheia de desejo.

Ela gargalhou, me fazendo sorrir, e respondeu mordendo os lábios.

- Ótimo.

Mila se deitou em um dos pufes coloridos e me chamou com o dedo.

Posso dizer que fui mais desesperado que obediente quando atendi seu chamado.

Nos beijamos urgentemente, seus beijos eram apaixonados, Mila me beijava como se fosse a última vez. Estávamos em chamas, os beijos cada vez mais fortes e profundos, até que comecei a explorar seu corpo, subi minhas mãos por suas coxas e beijei seu colo.

E poderíamos ter seguido em frente se não fosse por uma voz espantada.

- AH MEU DEUS ! O que vocês estão fazendo ?!

Tirei minhas mãos de onde elas estavam imediatamente, olhei em direção a porta e lá estava ela, com as bochechas queimando, os olhos azuis quase saltando do rosto enquanto suas mãos tentavam tampar os olhos de um garoto.

Maria não usava uniforme desta vez, ela vestia uma calça jeans escura com uma blusa branca larga, seus pés calçados apenas com meias, seus cabelos curtos emoldurando seu rosto envergonhado.

- Noah, você não viu que aqui é a sala de brinquedos ?! É um local para crianças ! Vai fazer suas sacanagens no seu quarto.

Maria se recuperou rápido do susto, ela entrava na sala sem nem ao menos notar a presença de Mila. Ela ligava a televisão deixando todos sem reação.

- Oi- Mila dizia gentil para o garoto, que me olhava com curiosidade.

- Você é meu irmão ? - Ele perguntou receoso.

- Parece que sim. - Disse sorrindo.

- Sua namorada é bem bonita. - Quando o garoto disse isso suas bochechas coraram.

Seus olhos estavam vidrados em Mila, que sorria sem parar.

- Eu sou um cara de sorte. -Disse isso com um orgulho estampado em minhas palavras, abracei Mila de lado, ela encostou sua cabeça em meu braço.