Capítulo 15

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Ela continuou a lançar-lhe pedrinhas de modo que a concentração ausente de Jean Pierre se viu transformada num ódio profundo que é o sentimento que costuma invadir os homens em relação ao que não podem ter. Num momento de raiva tentou dar-lhe uma bofetada e ela afastou-se com um movimento brusco. Anastácia riu-se e começou a tocar-lhe com um pequeno ramo até que Jean Pierre se levantou, agarrou com uma das mãos a face da prima e com a outra esbofeteou-a. Anastácia ficou ali, calada. Com as faces vermelhas e os olhos chorosos olhando-o com ódio... mas depressa esse olhar se transformou em descaramento e provocação. Cuspiu-lhe na cara e desatou a rir.
Jean Pierre sentia-se invadido simultaneamente por ira e desejo, e passados minutos o instinto animal tomou conta dele o que o fez lançar-se sobre a prima e rebolar com ela pelo chão, fazendo amor ali mesmo. Anastácia continuava a rir, feita num corpo entregue á luxúria e prazer.
Naquele verão, Anastácia e Jean Pierre tinham ido pescar todos os dias e faziam loucamente amor. E todas as noite Anastácia continuava a escrever mil histórias apaixonadas que decorriam em todos os recantos onde a sua imaginação chegava. Aquela colegial era o oposto completo de Anastácia. Descarada, provocadora, alegre e energética, não perdia mínima oportunidade de se lançar numa nova aventura.
Parecia que Anastácia saía todas as manhãs á rua desejando que lhe ocorresse alguma coisa, ainda que má. Atravessa-lhe a alma uma série de loucuras, histórias e paixões que tinha de saciar de qualquer forma. Sentia um curioso interesse pelo lado estético e literário das situações. Anastácia era capaz de se entregar a um homem unicamente pelo facto de a maneira ou o local onde o tivesse conhecido ter algo de romântico ou teatral.

Diário de uma virgemOnde as histórias ganham vida. Descobre agora