Capítulo 12

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No momento em que esta história começa, Anastasia já escreve há mais de sete anos. E já tem mais de trezentas páginas de sonhos naquele caderno que esconde no quarto, na última prateleira de um armário, inatingível ao olhar da tia. Ali tinham dormido os seus sonhos durante anos, ali tinha dormido a sua outra vida, escondida entre os lençóis lavados que ninguém utiliza.
Aquilo parecia uma ironia do destino, mas Anastasia não parecia ter-se  apercebido disso .
Aquele diário era como a tábua a que se agarra o náufrago. Aquele diário era o prémio de consolação de uma vida que tinha ficado á porta.
Anastasia suportava a manhã recordando o prazer da noite anterior e deixava  que a tarde desligasse lentamente á espera do seu momento de falsa verdade.
Nesse diário apareciam todas as pessoas que Anastasia conhecia, todas menos Elliot. O amor que sentia por ele era tão esperançado, tão doloroso, que não era capaz de o incluir no seu sonho. Se Elliot lhe vinha ao pensamento enquanto escrevia o diário, era obrigada a parar imediatamente. Voltava a sentir-se a Anastasia que nunca levantava os olhos do chão.
Era essa a razão por que Elliot nunca aparecia no seu diário.
No entanto, naquelas trezentas páginas que acumulara estavam presentes Kate, a tia, o mundo, enfim, ela própria.

Diário de uma virgemWhere stories live. Discover now