Capítulo 43

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— Mas que merda! — soquei o capô do carro.

­— Olha! A mala estava aberta.

Miller entrou e destravou o carro.

— Que idiota deixa a mala aberta numa rua deserta?

— Meu irmão.

— O quê? — olhei confusa.

— Esse carro é dele. Meu deus! Estou roubando meu próprio irmão!

Passei para o banco do piloto, corto alguns fios e enrolo de novo até dar ignição no carro.

— Seu irmão é cafona. — passo o cinto de segurança logo dando macha até o carro entrar em movimento.

— Sei não, mas acho que a brega aqui é você por ainda usar esse termo. — Miller põe o cinto e dá uma olhada para trás vendo que estamos nos afastando do prédio.

Já havíamos percorrido alguns quilômetros e o carro pedia gasolina. Não tive tempo de pegar nenhum dinheiro quando fugi. Não sei para onde vou agora, e nem a quem pedir ajuda. O carro estava parando de funcionar na estrada, estacionei na encosta da estrada e desci seguida por Miller.

Observei uma placa ao longe, sinal que alguma cidade estava próxima.

— Então é isso meu jovem, vamos caminhando até a cidade. — anuncio, olhando para a longa estrada de asfalto.

Chegamos à cidade quase mortos de fome e sede. Na entrada tinha uma placa informando o nome da cidade.

Miller leu baixo as palavras no letreiro:

Bem-vindo à Rataq, a cidade preferida dos reis.

Caminhamos um pouco mais, o sol estava se pondo e as luzes da cidade estavam sendo acessas. A cidade era movimentada, as pessoas mal notaram Miller e eu. No centro da cidade tinha um prédio que se destacava com luzes neons. Havia uma fila enorme na porta, pessoas entravam com bebidas e cigarros. Creio eu que seja uma casa de show.

Estreitei os olhos para ler o letreiro cor rosa neon e azul:

— La Maison de madame Jacqueline.

— Parece que está lotado de pessoas. — observou Miller.

— Poderíamos entrar e olhar mais de perto. — algo me atraia até lá, uma curiosidade maior que minha cautela.

— E o que faríamos em uma casa de show? Nos prostituir? — indagou Miller com a testa franzida.

— Vamos lá, Miller! Só uma olhadinha. E não vamos nos prostituir. Só observar... — Peço olhando em seus olhos. — Afinal, não temos para onde ir.

— Tá bom. — disse Miller a contragosto.

A entrada era paga, por isso Miller e eu ficamos olhando de longe da entrada, havia dois homens fortes com óculos escuros e uniformes na porta, impedindo que qualquer um sem o ingresso entre.

Observei bem as luzes brincando dentro do lugar escuro e cheio de pessoas. Um casal que entrava na casa de show estava comendo um hambúrguer e senti meu estomago fazer um barulho bem alto, avisando que estava esgotando o nível de suprimentos.

— Sabe, acho que você poderia arrumar um emprego nesse lugar. — disse Miller pensativo.

Estava tão distraída olhando as luzes e algumas mulheres vestidas com vestidos muito decotados, que só me dei conta do que Miller havia falado dois minutos depois.

— O que você disse pirralho? —o encaro.

—Que você devia tentar arrumar um emprego. E eu não sou pirralho. Tenho 16 anos de muita audácia e coragem. — gabou-se Miller. tento segurar minha risada.

Quando eu estava prestes a responder Miller me distrai olhando para uma mulher ruiva, com um vestido muito bonito e toda maquiada. Ela usava brincos e pulseiras, colares e anéis. Seu andar tinha um ar de elegância e seu olhar com um toque de sensualidade.

Sorri de lado.

— Olhe para mim, Miller. — fiz uma pausa. — Eu nunca conseguiria ser como ela. Eu sou apenas uma princesa renegada foragida.

— Estou olhando. E você ficaria linda naquele vestido tanto quanto ela.

— Você está delirando de fome. — Suspiro.

Um homem me encara fixamente, ele conversava com um dos guardas, logo uma mulher de cabelos curtos claros, pele bronzeada e um batom bem escuro aparece e conversa com esse homem. Depois de um longo tempo eles vêem até onde estamos.

— Olá bela jovem, o que faz aqui fora nesse frio da noite? — a mulher pergunta. Sua voz estava carregada de melancolia e um sotaque alemão.

— Desculpe se estou incomodando...

— Oh, mas de maneira alguma incomodaria. — ela me interrompe. — Me diga, qual sua idade?

— 20 anos senhora.

— Não me chame de senhora, me chame de madame Jacqueline. Este aqui é meu sócio, Joseph. — o homem do seu lado sorriu de lado e esticou a mão para aperta a minha.

— Muito prazer, qual seu nome?

Excitei por um momento e decidi não falar meu nome original.

— Áustria Baker. 

Miller olhou levemente para mim, disfarçando bem sua indagação.

— E esse rapaz? — Disse madame Jacqueline olhando diretamente nos olhos de Miller.

Meio tímido ele desviou o olhar e falou seu nome quase inaudível e madame Jacqueline pediu para que ele repetir:

— Miller Darson.

— Você é um rapaz muito bonito. Creio que tenha quinze para uns dezesseis anos. — Ela passou a mão sobre o rosto do rapaz, acariciando sua bochecha esquerda.

Miller não respondeu. Ele parecia um pouco constrangido.

— Áustria, de onde você veio? — perguntou Joseph.

— Viemos de uma planície bem distante e pequena. Os rebeldes atacaram e levaram tudo de riqueza, logo que não precisavam mais de nada queimaram tudo que era possível. Então fugi de lá e encontrei Miller na floresta perto da cidade das cinzas.

— Agora estamos à procura de um lugar para morar e um emprego. — completou Miller, me deixando levemente surpresa.

— Bem, estamos precisando de uma garçonete e um repositor. Se quiserem fazer o teste... — Joseph olhou para Jacqueline que afirmou balançando a cabeça.

— Sim!

— Claro, quando quiserem. — digo animada.

­— Então me sigam. — Jacqueline andou em direção a entrada da casa de show.

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⏰ Last updated: Aug 09, 2020 ⏰

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A filha da rainha (HIATOS)Where stories live. Discover now