Henry está nele. Com seu terno. Eles estão se abraçando, olhando para a câmera e dançando com a gaiola enfeitada de fundo. Os olhos de Eloise desviam da câmera e ela fita Henry. Ele a beija no meio do vídeo, apertando-a mais contra si. Henry e Eloise são substituídos pelos stories de outra pessoa. É uma foto de Georgia com Cherie, molhadas depois de descer pelo escorregador na chuva.

(Música: Selena Gomez - Lose You To Love Me)

Mas sinto que sou eu é quem está escorregando.

Alguém me segura antes que eu bata com a bunda no chão. Ao me virar, Carson Rowan está dizendo alguma coisa. Seus olhos são puro fogo ao redor das íris azuis e de suas pupilas dilatadas. Não ouço uma palavra. Meu mundo está mudo.

Dói tanto que meus olhos ardem. Tenho a consciência tardia de que há lagrimas pelo meu rosto. Carson me solta quando percebe que estou chorando. Empurro Conor, atrás dele, e corro entre todos, olhando para baixo e desejando profundamente não me esbarrar com Henry e Eloise.

A correntinha com o pingente do Chewbacca está no meu pescoço. Levo a mão até lá, mas o fecho não arrebenta quando a puxo. Parecia tão fácil e dramático nos filmes! Mas apenas sinto o meu pescoço arder e desisto, parando ofegante na mesa de comidas e bebidas. 

Não há muita gente por ali, graças a Deus. Limpo o rosto, me livrando das lágrimas. Preciso conferir mais uma vez os Stories de Eloise Flume. Eles estão mesmo se beijando. E ela o marcou com um coração. É público. Eloise e Henry juntos enquanto eu fantasiava que ele gostava de mim.

Quero chorar ainda mais, mas não no meio de toda aquela gente. Quero correr, mas sem chamar atenção. As pessoas mais próximas estão olhando para mim porque eu pareço um desastre. Preciso fingir que nada aconteceu.

Escondo o celular no elástico na minha coxa e pego um prato. Coloco todos o cupcakes que consigo sobre a porcelana e sorrio sem graça para um grupo de garotas que me fitam com uma expressão chocada. Eu não as conheço, mas na minha cabeça elas conhecem Henry, porque ele é popular e desejado. E na minha mente elas estão rindo de mim por ter pensado que ele correspondia ao meu sentimento.

A dor não diminui à medida que me afasto. Ela aumenta a cada passo. Eu só paro, abraçada no meu prato de cupcake, quando estou no meio do corredor das borboletas. Olho ao redor, sentindo-me tão presa quanto elas. Abro a boca para começar a chorar, mas enfio um bolinho entre os lábios.

Não é o suficiente para impedir as lágrimas escaparem dos meus olhos.

Estou com a boca coberta de creme de açúcar e o coração partido derretendo através de um choro imbecil. Estou perdendo a mim mesma no meio do borboletário. O meu único consolo é que ninguém mais está por perto. Bato com as costas na parede de vidro causando uma revoada de borboletas. Mordo outro bolinho, fungando.

― Continue respirando. ― Rosno comigo mesma, puxando uma grande quantidade de ar e me afastando do vidro. ― Tudo o que você pode fazer é continuar respirando.

O ar cai pesado pelos meus pulmões. Caminho em direção à parede oposta, fazendo dezenas de borboletas voarem ao tocar o vidro com a palma da mão suja de glacê. Meu coração aperta um pouco mais e eu me pergunto com quantas mais Henry esteve jogando aquele jogo confuso entre a amizade e o desejo de ser algo mais.

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