Lâminas emergiram junto de projéteis que choviam sobre 50 faces que se protegia criando asas coloridas que serviam como escudo. Bocas asquerosas com dentes quadrados em faces nojentas emergiram ao longos dos tentáculos coloridos que 50 faces espalhava pelo terraço.

— Eu vou te matar sua desgraçada! — Helena rugiu avançando rapidamente, uma lâmina se projetando do seu braço e se chocou com várias que surgiram do chão à frente da 50 faces.

A silicante com seu bortz negro não parou, seus golpes caiam cheios de fúria em um mar de faces repugnantes que tentavam mordê-la. Gritos e som horripilantes vinham dos rostos nos tentáculos coloridos. Aquelas eram as vítimas que fez ao longo da sua vida. Rostos roubados e soma ingerido. Uma monstruosidade que surgia da sua psique perturbada a fim de trazer horror ao mundo, de fazer todos que viam aquela coisa disforme ter um vislumbre do inferno que existia dentro da cabeça dela. Lâminas se projetaram umas contra as outras se partindo quando se chocavam. Projéteis eram disparados de ambos os lados, mas não parecia haver progresso em nada que faziam uma contra a outra.

— Sabe, Heleninha, não posso ficar mais brincando contigo, tenho compromissos a cumprir, e o seu tempo comigo acabou.

A lâmina negra de Helena atravessa o peito de 50 faces enquanto outras surgem aos pés também a atravessando e a rasgando em pedaços.

*

Helena olhou o corpo no chão que se desfazia em nanomáquinas. Um corpo falso, um típico truque da desgraçada de 50 faces. Por poderem dar a forma que quisessem ao seu bortz, um irregular podia criar formas similares a eles ou a outros seres, como no caso de Wolf que criava os lobos, 50 faces criava algo similar a um clone seu com poder muito baixo e então sumia para algum lugar. Muitas vezes ela mandava essa cópia para criar problemas enquanto ela mesma ia para outro lugar criar mais problemas ainda.

— Vadia desgraçada!

Helena usou toda a força nas suas pernas para saltar o mais longe possível na direção de onde a explosão havia acontecido. Asas negras se formaram em suas costas e ela às bateu para ganhar velocidade e chegar ao local. Pousou próxima. Toda a estrutura havia desabado, encontrar alguém vivo ali seria difícil. Trincou os dentes. Rein não respondia, o servidor dela ficava no Kafka e seu cubo talvez ainda estivesse intacto. Precisava procurar por ele.

— Ei — disse alguém próximo a ela, ao se virar notou que era Brandon. — Vem comigo.

O seguiu até o subterrâneo passando por vários túneis escondidos que ela desconhecia, não tinha um mapa daquilo no seu Dis-Cy, como Brandon conhecia esses túneis?

— Havia alguém lá? — Perguntou ela, o nó em seu estômago ficando mais apertado.

— Não sei. Eu estava voltado de uma entrega quando escutei a explosão e a conexão com a Rein sumiu.

— Onde exatamente estamos indo?

— Para um sala especial. Acho que você nunca esteve aqui, afinal apenas Gregor, Jun e eu sabemos desse lugar.

No final do túnel havia uma parede enorme. Brandon começou a tatear até encontrar uma ranhura e abrir um painel oculto. Sua biometria, retina foram lidos. Em seguida ele espetou o dedo em uma agulha e ela leu seu DNA. Com um barulho a parede começou a se mover toda, grossas camadas de metal a compunham. Toda aquela segurança... o que diabos tem ali?

— Rein deve ter voltado pra cá. Se a conexão do servidor no Kafka foi interrompida então é possível que esteja hibernando.

Passaram pela entrada e Helena se deparou com um enorme espaço saído de algum tipo de filme alienígena. No meio daquele lugar um sarcófago de vidro exibia em seu interior um corpo feminino de longos cabelos rosados. Aquela aparência lhe pareceu familiar. Hologramas se acendiam e apagavam acima dela exibindo números e gráficos.

Serpente do Vazio - Irregular (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora