CAPÍTULO 27

1.7K 157 18
                                    

Arizona


Minha mente apenas gritava "isso é loucura" mas eu sabia que aquilo, de Carlinhos ser o meu irmão tinham as suas grandes porcentagens, mas não deixava de ser loucura.

Várias coisas ao mesmo tempo se passava por minha cabeça. E uma delas eram, Callie sabia esse tempo todo, e decidiu esconder isso de mim, algo tão importante. Qual era o nível de sua confiança em mim? Além do mais é algo que desrespeita a mim, e aos meus pais.

- E porque não me contou isso antes? Segundo você mesma, você descobriu a algumas semanas

- Arizona, eu sei que você está com raiva, chateada. Mas é da vida do meu irmão que estamos falando. Um adolescente, um garoto que acreditou e acredita que seu pai é Carlos Torres, e não Daniel Robbins....

Eu não deixei Callie terminar, eu já tinha escutado de mais por hoje. Ela não confiou em mim, e não sei se algum dia ela me contaria se eu não tivesse ouvido sua conversa

- Ele também é meu irmão Callie -minha voz saiu áspera. Os olhos de Callie se arregalaram e ela respirou fundo. Com as mãos na cabeça ela andava pela sala - Você mentiu para mim, e ainda ficou pesquisado sobre a minha família. Você jogou baixo

Pelo canto dos olhos a vi se aproximar. Eu nem percebi quando comecei a chorar.

- Eu preciso de um tempo - foi tudo que saiu de meus lábios.

- Tudo bem. Você pode ir pra casa, e amanhã a gente conversa com calma

Apenas acenei positivo. Peguei minha bolsa e sai sem olhar para trás. Me sentia cansada. Não sei se estou disposta a olhar para Callie amanhã.

Assim que cheguei em casa deitei com a cabeça sobre o meu travesseiro. Eu sempre quis um irmão, e meu pai sempre contou sobre o sonho de ser pai de um menino. Não que ele não fosse feliz em ter uma menina, mais ter um garoto sempre esteve em seus planos. E quando completei oito anos minha mãe descobriu que não poderia engravidar mais, depois que teve dois abordo espontâneo.

Me reviro na cama em uma tentativa falha de acalmar os meus pensamentos. Até que eu acabei pegando no sono. Acordei por volta das onze da manhã, quando abro o meu celular encontro algumas mensagens de Callie, respondo nenhuma delas, só preciso de espaço.

Eu sei que não posso culpá-la para sempre por ter escondido isso de mim, mas posso culpá-la por agora.

Meu corpo pesa, e apenas relaxo os músculos depois se um demorado banho quente. Daqueles que sai até fumaça, e arde a sua pele.

Enrolada em um roupão, olho algumas fotos de Carlinhos em seu Instagram. Começamos a seguir um o outro quando Callie decidiu contar para ele sobre o nosso namoro

- Como não desconfie antes? Somos tão parecidos -murmurei rolando as fotos

Meus dedos pararam em uma em especial. Era uma foto recente, na qual estava eu, Carlinhos e Callie. O jovem de cabelos loiros estava ao nosso meio, e Callie e eu beijavamos a sua bochecha. A foto tinha sido tirada por um desconhecido por mim, estavamos tão felizes por Carlinhos ter ganhado um jogo que registramos o momento.

- Será que você será capaz de amar como irmã? - seco uma lágrima que insiste em descer

Eu estava sensível demais, e a TPM não estava ajudando em nada.

[...]

- A mamãe já volta princesa -digo fazendo sinais

Luna tinha chegado cabisbaixa da escolinha. Não quis brincar, e muito menos ver televisão, coisas que ela adora fazer quando chega em casa.

Sem me responder ela me deu as costas e saiu da sala. Tentei ir atrás, mas April me segurou pelos ombros dizendo que ela daria um jeito, e que eu descesse e conversasse com Callie.

Quando April chegou do trabalho me encheu de perguntas o do porque eu ter voltado pra casa mais cedo. E é claro que eu contei tudo a minha melhor amiga, assim como eu, ela ficou chocada.

E logo depois recebi uma mensagem de Callie dizendo que precisava me ver ainda hoje, pois estava se sentindo mal, e eu acabei aceitado que ela viesse até o meu prédio

Assim que cheguei na portaria, avistei o carro de Callie do outro lado da rua, no lugar de sempre.

- Oi

- Oi - respondi me acomodando no banco.

Seus olhos inchados denunciavam que ela também tinha chorado

- Eu preciso que você me escute, e se coloque em meu lugar -apenas concordei. Ela começou a me contar os detalhes da situação, de como ela chegou a esse ponto, e do porque não podia contar para ninguém

Concordei com ela em alguns pontos, mas em outra discordei completamente. Pude enxergar melhor o seu ponto de vista, e essa proteção toda com o irmão. Mas nada mudava sobre o fato dela não confiar em mim, e ter escondido uma coisa tão importante como essa.

- Quando você disse que precisava de um tempo, o que exatamente você estava querendo dizer? - sua voz era baixa e sua respiração falha

- Eu realmente não sei. É muita coisa para se pensar agora. Só preciso que você me entenda, e respeite o meu espaço

- Quer terminar? É isso que você esta querendo dizer?

Engulo em seco. Nem eu sabia o que eu realmente queria, minha cabeça estava processando tudo de vagar

- Não terminar. E sim um tempo em nosso relacionamento, será o melhor a se fazer por agora - minha voz sai embargada - Se você quiser me demitir tudo bem, eu vou te entender

- Não, eu não vou te demitir. Você é uma ótima funcionária, e eu preciso de você

Apenas assenti tentando não me deixar afetar pela frase "eu preciso de você". Séria difícil para as duas, mais era o correto a se fazer por agora. Dei o último beijo em seus lábios, e sem olhar para trás, sai de seu carro.

DESTINO | CalzonaWhere stories live. Discover now