Promessas são feitas de Alma

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– ...5677. Certo, só mais este número você consegue Jungkook. Já foram 27 da Lista Telefônica, este tem que ser! – Confiante e ainda se agarrando a esperança o jovem tentou outra vez.

O número chama. Isso faz os olhos do garoto de 17 anos serem comprimidos com tremenda força. Porque ao mesmo tempo que a vontade de ouvir aquela tão deseja voz já esteja o consumindo, a ansiedade e a possibilidade disto acontecer o assusta. O que ele irá dizer caso seja quem ele tanto deseja? Que saiu procurando em uma lista enorme durante horas?! Que não consegue dormir de tanta ansiedade em encontra-lo? Como justificar durante a madrugada esta ligação?

A ansiedade aumenta e o jovem sente seu corpo congelar quando escuta a chamada finalmente ser atendida. Uma voz masculina um tanto baixa atende.

– Alô?

– Am....é..boa noite, estou falando com Park?

– Sim? Quem seria?

Certo, essa fase ele já passou 7 vezes seguidas a próxima pergunta é a que sempre lhe causa tristeza, na verdade a resposta para ela.

– Bom, Park Jimin? - O garoto engole a seco.

– O que? Não lamento, mas não me chamo Jimin.

Cansaço, é apenas isto que ele sente, realmente achou que funcionaria desta vez, mas como das outras vezes número errado. A educação não se fez presente e o garoto apenas finalizou a ligação. Frustrado pela milésima fez aquela noite ele se jogou no pequeno sofá azul e deixou que ali sua mente pesasse.

Por que era tão difícil? Para onde ele tinha ido? E o mais importante, por que Jungkook sentia essa necessidade tão grande em achá-lo? E se ele não lembrasse?

Com as mesmas perguntas de sempre pegou a pequena agenda e levantando-se, caminhou até seu quarto. Estava tarde e todos inclusive seu irmão mais velho já dormiam, então o silêncio se fez necessário. Sentou com cuidado na cama e ali se permitiu pensar ainda mais, como se as perguntas de sua mente não fossem o suficiente para atormenta-lo. Em uma pequena caixa ao lado da cama, nomeada por ele como o lugar onde guardaria suas "coisas preciosas" jungkook retirou uma concha.

Ela era tão pequena, seus tons de amarelo já não estavam tão vivos como já foram um dia. Respirando fundo e fechando os olhos ele se permitiu lembrar do dia. Não tinha uma memória perfeita das coisas, mas deste dia o garoto lembrava até do cheiro do mar, da sensação gostosa da areia em seus pés e do toque. Um toque de mindinhos inocentes de duas crianças fazendo a promessa mais forte e bela já feita.

– Eu não quero que vá Jimine. – Entre as pequenas lágrimas que escorriam das bochechas gordinhas e rosadas de Jungkook o garoto implorava para que o outro não o deixasse.

– Eu sei kookie, eu sei. Eu também não quero, mas mamãe disse que precisamos, que vamos pelo bem do papai.

Foram três anos juntos.

Brincando todos os dias à beira do mar. Entre as histórias de piratas e criaturas místicas os dois garotos criaram um laço forte que todos notavam. Cuidavam dos machucadinhos que o vento e areia juntos causavam, protegiam um ao outro de caranguejos que acabavam virando vilões de todas as histórias. Gargalhadas pelas ondas do mar que lhes pareciam "engraçadas" eram ouvidas pelos donos de barracas daquela praia. Eram unidos, eram como partes de almas que juntas eram apenas um. E agora, tudo parecia ter sido encerrado e separado de vez os dois pequeninos.

Jimin também não se agradava nenhum pouco da decisão dos pais, e quando lhes contaram que teriam que deixar de ir aquela praia, que deixariam aquela cidade, o seu coraçãozinho apertou, apertou como nunca antes pois deixar Jungkook não parecia certo, não era o que ele queria.

Apesar das várias ameaças de "se fizermos isso mamãe eu vou pegar minhas roupinhas e morar com a tia jojo" e vários "não saio, não vou" ele entendeu por fim que teria que fazer isso e agir como um bom super-herói e ter coragem de dar a notícia a Jungkook.

– Ah kookie por favor, pare de chorar ou eu chorarei junto.

– D-desculpe j-ji....jimin. – Ele estava mesmo tentando, só o pequeno Jungkook sabe o quanto tentava segurava o choro.

– Vem, vamos fazer assim, ponha sua mãozinha na areia como eu. – Jimin estendendo a mão na areia fofa e deixando ali uma marca esperou que o outro o fizesse também.

A primeiro instante o outro garoto não entendeu, mas o fez mesmo assim deixando ao lado da outra palminha a sua própria.

– Pronto, agora esse é nosso lugar kookie.

– Não entendi Jimin..como?. – A confusão e atenção do outro era nítida.

– Escute, eu posso rodar o mundo todinho e ir para todas as galáxias lutando contra o mal, mas este sempre será o meu lugar e o seu lugar no mundo. – Lágrimas encheram os pequenos olhinhos do mais velho – e um dia quando crescermos nós iremos vir para cá e brincaremos outra vez, vamos pular todas as ondas e lutaremos juntos contra o rei caranguejo.

– Mas e se a areia apagar Jimine? Como faremos para achar?

O outro suspirando pensou e depois de analisar bem o desenho na areia sendo devagar carregado pelo vento, lembrou de algo.

– Eu já sei!! Me de sua mão outra vez kookie – o mais novo fez o que foi pedido outra vez. – Agora junte seu dedo mindinho ao meu.

– Jimine, você é confuso. – Jungkook não deixou de rir um pouco enquanto enlaçava os dedos.

– Aish..não seja boboca. Nós estamos fazendo uma promessa e ela tem que ser seria ou não funciona.

– Promessa ?

– Sim, uma vez eu menti para mamãe e eu me senti muito triste, então para a tristeza passar mamãe disse que eu deveria prometer de dedinho que não iria fazer isso outra vez. Ela disse que promessas são feitas de alma e coração, e essas não apagam kookie, então nós vamos prometer e assim vamos garantir nosso lugar no mundo.

Um pequeno sorriso se fez nos lábios do mais novo, agora estava tudo salvo, ele e Jimin teriam o lugar para voltar, e nem o vento poderia apagar isso. Eles pressionaram os mindinhos olhando um para o outro.

– Eu prometo te achar um dia e prometo te reconhecer onde for Jimine, prometa não esquecer de mim sim?

– Eu prometo kookie.

E foi assim, selando uma promessa muito maior que qualquer outra já feita até então pelos dois garotos que eles se despediram, trançando caminhos diferentes, deixando no peito um do outro um pequeno fio vermelho para lembrá-los da promessa feita. 

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⏰ Last updated: Oct 20, 2019 ⏰

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