capítulo 34: sem dizer adeus

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Após conversar com Cailyn, não consigo assistir ao restante das aulas e sigo para casa a pé.

Eu me aproximo da porta, exausta e sinto vontade de chorar por tudo o que aconteceu.

Ter ouvido da boca de Alyssa que Carter a procurou sábado à noite e que eles ficaram juntos não doeu mais do que ouvi-la dizer que Carter declarou seu amor por ela. Doeu mais do que sou capaz de admitir.

Sei que em breve eles vão estar juntos outra vez. Alyssa já o aceitou de volta. Não vou conseguir mais olhar para ele, sabendo que voltou a namorar com ela. Não sou tão forte assim.

Ao passar pela porta, Grace me olha preocupada.

Sigo para o quarto com ela atrás de mim.

Quando caminho até o armário e puxo minhas roupas de dentro, Grace se aproxima.

— O que houve, querida? Por que está assim?

— Carter ainda ama Alyssa, Grace. Peguei-os conversando e descobri tudo. Estão prestes a voltar.

Ela balança a cabeça, respirando fundo.

— Tem certeza de que não entendeu errado?

— Tenho. Eu os ouvi desde o começo. Segui Carter assim que ele saiu do refeitório. Ele foi encontrar com ela sábado à noite e parece que ficaram juntos de uma forma mais... íntima. — enfio algumas camisetas na pequena mala. Meu vestuário não é tão escasso quanto antes, quando eu vivia com David, até porque Grace me deu essa ajuda, comprando roupas novas para mim. — E mesmo que eu não tivesse visto, Carter me magoou muito nos últimos meses.

— Por que está fazendo isso? — ela aponta a mala.

— A casa que eu morava antes já foi vendida, então não tem como eu ir para lá. — encaro a mala aberta. — Por isso eu conversei com Cailyn. Vou ficar lá por um tempo. Além do mais, não vou dar despesa para ela. Parte da quantia da venda da casa dá pra eu me manter.

Grace franze o cenho. Parece chateada.

— Não vá, Marilyn. Seu lar é aqui. Meu filho agiu de forma imatura, mas você não precisa ir embora.

— Só não quero ter que olhar pra ele. — soluço, fechando a mala. — Dói.

— Você ama meu filho, não é? — questiona. Sai mais como uma afirmação do que qualquer coisa.

Hesito por um momento.

— Sim. — admito. — Prometo que só vou passar alguns dias fora. Depois eu volto.

— Promete? Eu vou sentir tanto sua falta, querida. — Grace se emociona. Eu a abraço forte. — Prometa que vai sempre ligar. Eu vou te visitar também.

— Prometo. Você pode fazer um favor pra mim?

— Claro.

— Não fala para o Carter para onde fui.

Ela hesita antes de me dar uma resposta.

— Tudo bem. — diz finalmente. — Ele não merece saber, depois de tudo. Carter realmente errou. — suspira. — Mas não demore a voltar para casa. Aqui é seu lar; não se esqueça disso, tudo bem? — me abraça uma última vez antes de me seguir para fora do quarto.

— Okay.

— E Alex? Conto para ele?

— Acho melhor não. Ele vai acabar contando para o irmão. Depois eu explico tudo por telefone.

— Ele vai sentir sua falta. Alex gosta muito de você.

— E eu dele.

— Como vai para a casa de Cailyn? — pergunta quando desço a escada.

— Vou pegar um ônibus. Ou ir a pé. É perto daqui.

— Não, eu te levo.

— Não precisa se incomodar.

— Não é incomodo algum. Vamos. — seguimos para fora da casa. Ela libera a garagem e tira o carro.

Observo sua casa e lanço um olhar para cima, encarado a janela do quarto de Carter. Afasto as lágrimas com o dorso da mão, desviando o olhar.


***


Carter

Após a escola, subo a escada e jogo a mochila em cima da cama.

Estranho o silêncio no quarto e algo me deixa com uma sensação incômoda. Sigo até o armário e o abro, encontrando poucas roupas de Marilyn.

Que merda é essa?!

Franzo o cenho, vasculhando as outras gavetas. Percebo que sua mala também sumiu e desço a escada apressadamente, seguindo até a cozinha.

Minha mãe prepara algo de costas para mim.

— Onde a Marilyn se meteu? — questiono.

Ela se vira, me deixando chocado. Seus olhos estão vermelhos como se tivesse chorado, e isso me preocupa.

— Ela foi embora. — suas palavras me cortam como uma faca afiada.

Acho que não entendi direito.

— Como é?

— Isso mesmo. Ela vai passar um tempo fora.

— Onde?

— Ela disse para eu não dizer.

— Merda! — passo as mãos sobre o cabelo. — Por que ela fez isso?

— Você a magoou, como sempre.

Marilyn não pode ter ido embora!

Penso no que aconteceu mais cedo na escola e finalmente lembro que ela pensou tudo errado. Incluindo minha atitude idiota desde que a conheci, tenho certeza que ela se cansou. Eu também cansaria se estivesse no lugar dela.

Por que a sensação de vazio está tomando conta de mim?

Droga.

Percebo que meus olhos ardem e disfarço a reação idiota, olhando para baixo.

— A senhora precisa me contar pra onde ela foi.

— Não vou. Ela precisa de tempo. Ela não vai ficar longe para sempre, mas esse tempo vai servir pra ela relaxar.

— Ela pode relaxar perto de mim. — digo entredentes.

— Não pode. Eu ouvi a discussão de vocês sábado à noite. Tenho notado a forma como você a trata. Marilyn não aguentou mais. E ela não é obrigada a aguentar.

— Ela me ama.

— Mas pelo visto não é correspondida. — mamãe volta a mexer algo na panela com uma colher enorme. Parece descontar toda sua frustração nela.

— Eu vou descobrir onde ela se meteu. Pode apostar, mãe. — lhe dou as costas e subo a escada até o quarto.

Observo o cômodo, tendo uma ideia de que agora estou sozinho. Marilyn se foi como eu desejei há alguns meses atrás.

Merda!

Enfio o rosto entre as mãos, sentindo todo o peso da notícia recente.

O vazio no meu peito só me faz chegar à conclusão de que sinto mais falta dela do que sou capaz de admitir.



***


DESCULPEM-ME PELA DEMORA, PESSOAL!

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