|19| Segunda verdade

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Wooyoung abriu um sorriso que, na opinião de San, poderia iluminar até mesmo a noite mais escura. Depois de receber sua tão temida resposta, o mais novo pareceu ter ficado mais leve do que antes, sorrindo e rindo com mais facilidade.

Depois de passar um tempo observando as estrelas, os dois decidiram que seria melhor voltar para a casa do avô de Wooyoung, que os recebeu com o jantar pronto.

-Meninos, eu vou dormir. Fiquem à vontade. Não esqueça do remédio, Wooyoungie - o senhor sorriu para os dois depois de jantarem juntos e se encaminhou para o próprio quarto. Wooyoung sentiu seu rosto corar com a ultima fala do avô. San o observava com um olhar inquisitivo enquanto o mais novo lavava a louça.

-Sanie, já tomou seu remédio, falando nisso? - o de cabelos negros sentiu sua respiração pesar quando recebeu uma negativa, largando sua tarefa imediatamente e se virando totalmente para o outro - Você os trouxe? - outra negativa. Wooyoung não queria obrigá-lo, mas sabia o quanto era importante que ele tomasse a medicação - Vem comigo - pediu, indo em direção ao único quarto de hóspedes do casebre.

O Jeong sentou-se no chão e começou a revirar a mala aberta. Ambos já haviam tomado um banho, então algumas coisas estavam espalhadas pelo cômodo.

-Eu sei que você não quer. E eu entendo, mas isso vai te fazer mal, San. Eu vou estar aqui quando os pesadelos vierem, você não precisa ter medo - conforme falava, Wooyoung abria uma necessaire, a mesma com o bordado de "BTS". Aquele era seu kit de emergência para quando dormia fora. Yeosang já fora responsável por ela tantas vezes que o mais novo mal podia contar.

-Eu não vou te forçar a tomar - San segurou a respiração quando viu um recipiente com as mesmas pílulas que deixara na pia do banheiro de sua casa. Wooyoung lhe estendeu os remédios e abriu um sorriso triste - Essas são minhas.

"Eu já estive no seu lugar, coisinha. Yeosang se preocupava comigo 24/7 e eu odiava isso. Eu desaparecia por horas, às vezes durante a noite toda, apenas para não tomar essas malditas, mas, um dia, eu desisti de fugir e passei a me esforçar para melhorar. Comecei a realmente frequentar um psiquiatra e me cuidar. Agora eu só ando com essas velhas amigas por precaução.

O problema é que as pessoas são diferentes. Algumas levam mais tempo para se curar, outras, como eu, tem mais facilidade. Não tem nada de errado nisso, mas eu queria que todos pudessem ficar bem sem recorrer a essas drogas e ficar com medo de serem chamados de loucos. Eu quero que você tome sua escolha sobre o que quer."

Dito isso, Wooyoung pegou suavemente a mão de San e colocou o pequeno recipiente ali, abrindo um sorriso singelo antes de deixar um beijo em sua bochecha.

-É uma escolha sua, e apenas sua - reforçou o mais novo. Quando tentou desfazer o contato, o de cabelos escuros teve sua mão segurada por San, que assentiu e indicou o potinho entre seus dedos - Eu vou pegar um copo d'água pra você - avisou, deixando o mais velho sozinho no quarto. Movido pela curiosidade, San aproveitou o momento para olhar dentro da necessaire de Wooyoung, que ainda estava aberta sobre a mala, no chão. Sua respiração pesou ao contar quantos remédios haviam ali. Antidepressivos, calmamentes, remédios para induzir o sono, para gripe, para dor.

-É feio mexer nas coisas dos outros - o tom de Wooyoung era brincalhão, mas ainda assustou San por ter sido pego no flagra - Pode olhar, eu não me importo - o mais velho relaxou e se deixou guiado para sentar na cama de solteiro, ainda segurando a bolsinha - Eu olho para eles e me lembro que passei por tempos difíceis e continuo aqui, então fico orgulhoso de mim. Eu também tenho orgulho de você por estar aqui comigo - o mais novo pegou o estojo de sua mão e substituiu por um copo d'água, sabendo que os comprimidos estavam na outra mão do rapaz - Você é uma pessoa maravilhosa, Sanie. Maravilhosa e forte. Nunca deixe ninguém dizer o contrário.

The Sound of Your VoiceWhere stories live. Discover now