|07| histórias pela metade e amigos novos

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Mesmo se sentindo desconfortável, Jongho manteve o monólogo fluindo, sorrindo para si mesmo à cada vez que San demonstrava algum tipo de animação ou confiança em si. Só parou quando sentiu uma mão em seu ombro que o fez se encolher na cadeira.

-Choi San, eu quase morri de preocupação! - Yunho deu um passo à frente e encobriu o melhor amigo em um abraço de urso, deixando o mais novo entre os três sem graça. 

Jongho e Yunho logo desenvolveram algum assunto, já que o mais alto esperaria pelo namorado antes de levar San embora. Este mexia de forma descontraída no celular do melhor amigo, fazendo poses para a câmera enquanto batia fotos que sabia que Yunho apagaria mais tarde, para liberar memória no aparelho.

Jongho, durante a conversa, havia pedido para que o Jeong lhe explicasse o motivo do silêncio de San, este que não se importava com sua condição, apesar das dificuldades que enfrentava, então deu permissão para que o amigo explicasse o básico ao mais novo.

-Eu posso chamar meus amigos que estão ali? Eu acho que, depois de ontem, isso pode ajudar o Yeosang a refletir mais um pouco sobre as brincadeiras dele. Ele não é uma pessoa ruim, só fez os comentários errados no momento errado - argumentou. Yunho ainda estava irritado, mas San apenas deu de ombros, dando a permissão que o Choi mais novo precisava para acenar para Wooyoung e Yeosang, que lhes lançavam olhares vez ou outra, chamando-os em sua direção. Os dois não demoraram à se aproximar de forma nervosa do trio. Ambos se curvaram rapidamente, sendo retribuído por San, que sorria de forma descontraída.

-Sentem-se. Isso vai ser bem rápido, na verdade - comentou Yunho, espiando o celular nas mãos de San para ver as horas. Mingi havia dito que passaria na biblioteca e logo os encontraria ali.

-Espera, o quê? - questionou Wooyoung, sem entender nada. O garoto não conseguia tirar os olhos de San desde que se sentara à mesa. Estava disperso na conversa, mantendo seu foco no sorriso angelical di garoto de mechas vermelhas.

-O amigo de vocês me pediu para falar sobre o motivo do San não conversar, de estar sempre em silêncio. Não é algo tão difícil de explicar - Yunho baixou o olhar para o melhor amigo, que ria para a tela de seu celular, aparentemente alheio à conversa que ocorria ali - Ele tem uma condição psicológica que o impede de vocalizar o que pensa - a mesa se tornou silenciosa enquanto os três absorviam a informação. Choi San era mudo. Mas Wooyoung notou que Yunho falou sobre uma condição psicológica, então ele já falou antes, certo?

San não parecia desconfortável com o assunto, mas Yunho sim. Fazia anos desde a última vez em que escutou a voz do melhor amigo e, apesar do Choi não parecer abalado, o mais velho sabia que ele estava. Memórias dolorosas vinham juntas do assunto, então ele não se aprofundaria mais. Queria, apenas, que os outros entendessem melhor a pessoa brilhante que San era.

-Nós já passamos por essa situação algumas vezes e eu espero que vocês mantenham isso para vocês. Gostamos dessa universidade e não queremos precisar nos mudar de novo por causa do preconceito que ele sofre - a voz de Yunho tremia levemente, e não era para menos. Lembrou-se de todas as vezes em que encontrou San machucado ou sendo agredido verbalmente apenas por não poder retrucar e nem chamar ajuda. O menor sofrera na mão dos valentões por todo o ensino médio e os dois trocaram de colégio tantas vezes que o mais velho parou de contar.

-Como podemos ajudar? - para a surpresa de todos, o primeiro a quebrar o silêncio foi Yeosang, o que arrancou um sorriso fraco de Wooyoung. Este não conseguia tirar os olhos de San, que brincava alegremente com o celular de Yunho. O mais novo mal imaginava o quanto o rapaz de mechas vermelhas queria sair daquele lugar e se esconder em seu quarto, a coberta cobrindo sua cabeça e o rosto enterrado em seu travesseiro. Queria seus calmantes e remédios para dormir, ao menos dopado não se sentiria inútil. Estes eram os pensamentos do rapaz sorridente.

Apesar de tudo, Wooyoung sabia que aqueles sorrisos eram falsos. Não precisava de muito, tendo em mente que o rapaz já passou por alguns maus bocados nessa vida. Ele observava, curioso, o modo como San se movia e reagia ao contato de Yunho. Sorrir não escondia a falta de brilho em seus olhos, nem sua alma quebrada.

The Sound of Your VoiceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora