Capítulo 8 - O Necessário e o Desnecessário

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Quarta-feira, 21 de Agosto de 2019 – Dia seguinte

Acordo mais cansado do que estava quando me deitei e me pergunto como isso é possível. Minha mente está calada por ora, o que é um alívio, mas o peso em meu corpo me deixa inerte de uma forma desesperadora. Eu não sinto vontade de levantar, isso é um fato que já fui capaz de aceitar, mas a forma como meus membros reagem a isso como se não quisessem responder aos estímulos é ainda mais intrigante. Respiro fundo olhando para o teto tentando organizar meus planos para o dia de hoje. Planos estes que eu não gostaria de fazer, na verdade, mas que prometi a Bakugou que tentaria.

As palavras do loiro ainda rondavam minha mente e eu mordia o lábio inferior toda vez que me lembrava do beijo breve que havia me dado tão repentinamente. Eu gostaria de estar normal para receber este contato com toda a euforia que guardei para um momento como esse. Eu sempre gostei de Katsuki mais do que como um amigo, mas ser correspondido quando eu me sinto um lixo não foi lá tão gratificante. Se isso tivesse acontecido antes eu estaria subindo pelas paredes e com certeza não teria ficado na cama por mais de 2 minutos depois que acordasse, mas tudo o que consigo sentir agora é tristeza. A alegria que era tudo que eu tinha de bom parece ter simplesmente me abandonado ao relento, como posso sustentar algo com Bakugou sem ter meu próprio sustento?

 Continuo a divagar sem me importar com os minutos que passam rapidamente, provavelmente já devo estar atrasado, portanto, procuro fazer um esforço para me erguer. Sento-me na cama e sinto um pouco de dor nos braços ainda sensíveis, porém já livres das bandagens. Eu realmente preciso sair desse quarto? Ninguém vai se importar se eu...

- Anda logo, cabelo de merda, é bom que você esteja pelo menos acordado, se não vou explodir sua porta – ouço a voz do loiro estressado como sempre e suspiro. Não vai ter jeito a não ser levantar. Coloco os pés descalços no chão e caminho até a porta, abrindo-a e dando de cara com Bakugou totalmente vestido com o uniforme e os braços cruzados a frente do peito. Sua expressão não é nada amigável e seus olhos percorrem todo meu corpo, principalmente meus braços e tronco desnudos.

Ele entra no quarto e eu volto a fechar a porta lentamente, vejo-o indo em direção ao guarda-roupa e vou para a cama me sentar novamente observando o que o rapaz está procurando.

- O que está fazendo? – questiono curioso sem ao menos me mover, eu deveria mostrar um pouco mais disposição, mas não acho que seja possível diante a ineficácia do meu psicológico em me manter motivado para as mais simples tarefas. Isso é revoltante e desesperador. Fico como um inválido, mesmo que fisicamente eu esteja em perfeitas condições.

- Eu to pegando a porra do seu uniforme pra irmos logo pra sala de aula – ele diz jogando a roupa sobre a cama ao meu lado em seguida. Suspiro mais uma vez e fecho os olhos por alguns instantes, esfregando o rosto com as mãos. Não deveria ser normal preferir mofar dentro desse quarto pro resto da vida. Mal comecei a tentar e já quero desistir, meu peito se aperta com a conclusão de que estando com Bakugou por perto eu só tenho a decepciona-lo – No que você ta pensando tanto, cabelo de merda?

- Nada – digo afastando as mãos do rosto e respirando fundo para conter as emoções que insistem em se aproximar de romper a barragem que as mantem presas em mim, o loiro tem esse efeito com sua presença e não sei dizer se considero algo bom ou ruim. Tiro a bermuda que estava vestindo ficando de costas para Bakugou, sem me importar com o fato de estar apenas de boxer na sua frente, sinto sua aproximação por trás do meu corpo e seguro a respiração quando suas mãos pousam sobre a minha cintura. Me arrepio com sua respiração em meu pescoço e percebo o quanto seu toque me faz esquecer dos sentimentos ruins que me assolam o tempo inteiro. É como se o mundo estivesse girando em câmera lenta quando suas digitais apertam um pouco minha pele.

Depressed || KiriBakuWhere stories live. Discover now