Capítulo 13 - Dante

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E o peixe mordeu a isca...

Pensou enquanto via a moça esguia vindo do bar, em sua direção. Não sabia se o seu bilhete ia funcionar, mas teve sorte. Era difícil quem passasse pelo bar do Carvin sem tomar uma caneca de cerveja, pois a bebida era bastante famosa. A moça andava em passos decididos, como um leão indo de encontro a uma presa amarrada. Teria que ser cauteloso com seu plano, já havia corrido risco demais. Edgar enviou uma mensagem para avisar que aquela gangue dos mascarados estava atrás deles. Aquele caipira filho da puta tinha colocado a vida todos em risco e ainda tinha a cara de pau de dizer que não havia feito nada. Agora o rapaz estava algumas mesas à frente, tremendo feito uma vara verde, com medo da morte. Dante sabia que ele não deveria estar ali e que provavelmente colocaria sua missão em risco. Então teve uma ótima ideia que acertaria tudo.

– Resolveu aceitar uma cerveja? – perguntou à moça que se sentava na frente dele sem dizer uma palavra. Tinha grandes olhos azuis. Um rosto sério, mas delicado e bonito. Ela era mais jovem do que ele e tinha o cabelo raspado em um dos lados da cabeça.

Eu perderia algumas horas com você.

– Sabe que não é a cerveja que eu quero – respondeu ela, olhando para os lados, desconfiada. – Onde ele está?

Essa não perde tempo.

– Você sabe que eu não o traria para este lugar – respondeu categoricamente. – Por que você raspou o cabelo apenas de um lado?

– Porque me atrapalhava para matar as pessoas – ela respondeu de mau humor. – Então, onde ele está?

Mas que desespero... Como um único homem causa tanto tumulto?

– Seguro – disse Dante. Deu um gole na cerveja, limpou a boca pausadamente, e depois prosseguiu – Quero tratar os termos antes.

Percebeu que ela não gostou nada de falar em negociar, mas para ele a opinião dela simplesmente não importava.

– Para você me chamar, deve saber quem eu sou – afirmou ela, em tom de ameaça.

Uh! Que medo...

Dante deixou escapar um meio sorriso. Já ouvira alguns comentários sobre Cassino e o chamado Anjo da Morte. Só não pensava que seria uma garota magricela. Quando chegou à cidade, foi procurar pelo seu informante. Sua "profissão" exigia que fosse sempre muito bem informado. Descobriu que o "pacote" para o qual ele fora destinado a buscar era um homem que havia surgido misteriosamente no deserto. Soube que pelo menos quatro pessoas diferentes estavam procurando pelo tal homem, mesmo que a história tivesse sido abafada.

– Não é só o seu chefe que tem poder – devolveu Dante, olhando no fundo dos olhos claros. Sem mover o olhar, apontou para uma das mesas de bilhar. Quando a moça virou a cabeça para a mesa, dois dos mercenários encararam-na de volta. E assim ele foi apontando para várias mesas, chamando a atenção de vários mercenários para os dois. Percebeu que ela perdeu um pouco da arrogância, mas pareceu não dar o braço a torcer.

– Eles sabem que você vai trair o seu chefe?

– Eles sabem que vão receber – devolveu a ela.

A moça ponderou a resposta por um breve momento, pegou a caneca de cerveja, olhou para o parceiro no bar, para o líquido, deu um gole, saboreou a bebida, cruzou os braços e atirou o corpo no encosto da cadeira, dando-se por vencida.

– Tudo bem – disse ela com olhar de indiferença. – O que você quer?

– Ficar vivo, só isso – disse Dante.

A moça baixou um pouco as sobrancelhas, ainda de braços cruzados, com um ar de dúvida. Mas aguardou Dante falar.

– Reconheço o tamanho do meu envolvimento em algo que provavelmente não vai terminar bem – disse Dante tentando mostrar um ar de tristeza. – Esse cara tem um valor maior do que eu imaginava, ainda mais depois de descobrir o que ele é.

As Crônicas do Apocalipse - Livro 1 - O Senhor do Tempo (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora