Capítulo 2: Festança

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N/A: Espero que estejam curtindo Tropicana, a história é pra lá de boa. Depois do quinto capítulo vou finalizar Erotica. Amo vocês;

POV. Camila Ferreira

Cheguei em casa já anoitecendo, estava um pouco desnorteada com o acontecido lá na baia. Trabalho pra Domingos desde meus 16 anos e nunca ninguém foi capaz de brecar as investidas de Pedro comigo, pelo contrário o povo dizia fazer gosto de um casamento porque Domingos gostava muito de pai e tudo mais. Existia uma amizade entre as famílias e era sempre a mesma conversa na minha cabeça, eu tinha era abuso.

A "cidade" era pequena e a família Gonçalves fazia de tudo um pouco por ali. Não tinha pra onde correr, porque tudo se resumia a eles.

A imagem de Lauren o empurrando Pedro não saía da minha cabeça, o jeito dela parecer não ter medo dele ser homem. Pelo contrário, tava bem ali medindo forças de igual pra igual, nunca em minha vida vi uma cena dessas.

Não era comum mulher enfrentar homem por essas bandas de cá, fiquei até assombrada.

— Ei, Mila.

Mainha me trouxe de volta pra realidade.

— Minha fia não tá com fome? - Perguntou ela.

— Ô, mianha, pior que não — respondi no automático, tava tão fixada no que aconteceu que chega fiquei sem fome.

Dona Simone se espantou com minha falta de apetite. E era mesmo de se espantar, porque quando criança fui apelidada por pai de saco sem fundo, tamanha minha fome.

— Como que não? Tu tá doente é, minha fia?

— Nã... — Respondi rapidamente. - Só tô, sei lá... — Suspirei ao me sentar na cama.

— Tô é me sentindo estranha. Num sei, com a cabeça cheia de coisa... Aconteceu um troço lá na fazenda.

Mainha se sentou ao meu lado e me olhou preocupa.

— Ih, o que é que foi, hein Camila?

— Tu se lembra que pai vivia contando as histórias de Domingos lá dos Estados Unidos? Lembra que ele chegou até dizer que Domingos tinha até uma filha lá pra aquelas bandas?

Mainha assentiu com a cabeça.

— Pois num é que era verdade mesmo?! A filha dele chegou hoje na cidade, tá na fazenda e quase que sai nos tapas com Pedro.

— Ih foi? Nos tapa com homi? Pois aposto que foi por dinheiro, esse povo só pensa nisso e ela vai bem querer as terras tudo. Tu vai ver só.

Mainha falou de um jeito tão estranho, como se tudo sempre se resumisse a dinheiro.

— Nã, mainha... Foi é por minha causa.

Falei aquilo ainda atordoada por lembrar que faltou pouco pra eles não se pegarem ali mesmo.

— Arriégua, por tua causa?? Nãã! Nã Camila.

Nem me deixou concluir o pensamento, já foi atravessando as coisas e falando sem parar.

— Por um acaso ela é daquelas mulher macho é? Pois só pode. Pra querer caçar briga com homem por causa de outra mulher?!?! É invertida. - Continuou mãe.

Jogou o pano de prato no ombro e se levantou.

— Olha, Camila, tu fique bem longe dessa fulana. - Falou bem séria. - Senhor, livre minha fia de uma mulher macho.

Falava olhando pra cima, como se estivesse conversando com Deus.

Uma mulher defender outra por aqui só podia significar uma coisa: Mulher macho, invertida... Uma atitude dessas causava estranheza no povo e o preconceito corria solto.

TropicanaWhere stories live. Discover now